Desinformação russa nas eleições tem como alvo França, Alemanha e Polônia, diz Bruxelas

Por Agência de Notícias
04/06/2024 23:56 Atualizado: 04/06/2024 23:56

A vice-presidente da Comissão Europeia para Valores e Transparência, Vera Jourová, disse nesta terça-feira que Alemanha, França e Polônia estão “sob um ataque permanente” de desinformação russa antes das eleições europeias, enquanto que Eslováquia, Bulgária e os países bálticos estão mais expostos a notícias falsas via Telegram.

Em um encontro com jornalistas, no qual participou a Agência EFE, Jourová explicou que se trata de dados que lhe são fornecidos pelo Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO, na sigla em inglês) e que as campanhas contra estes países já estão ativas há algum tempo dois ou três meses antes das eleições, personalizadas para o público de cada país.

“Na França vemos muita desinformação em torno dos Jogos Olímpicos e (dos protestos em) Nova Caledônia, enquanto na Alemanha há muito tempo que se trata de migração e segurança. E a Polônia tem estado imune a esta questão há já algum tempo, mas cada vez mais há mais pressão sobre a narrativa de que os refugiados ucranianos estão se tornando um fardo excessivo para a sociedade”, disse a vice-presidente tcheca da Comissão Europeia.

Também em Varsóvia, circulou na última sexta uma mensagem atribuída ao primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, anunciando uma suposta mobilização de 200 mil homens para o exército do país e replicada pela principal agência noticiosa da Polônia, que mais tarde explicou ter sido vítima de um “hack” atribuído a Moscou.

Jourová considerou “previsível” que estes sejam o tipo de temas sobre os quais os malfeitores procuram espalhar a desinformação e observou que isso também foi visto na Hungria. “É uma mensagem que aumenta a adrenalina e pode até levar as pessoas às urnas porque elas realmente odeiam a ideia de ter que ir para a guerra”, observou.

Por esta razão, apelou às plataformas para que forneçam recursos adequados para combater as “deep fakes” ou conteúdos gerados por inteligência artificial e destacou que, quando o alvo do Kremlin são países grandes como os três mencionados, “é necessária mais capacidade de ação do que para um país de oito milhões de pessoas”.

Jourová, que concluirá este ano seu último mandato no Executivo Comunitário após uma década como comissária, acaba de concluir uma viagem aos Estados Unidos durante a qual se encontrou, entre outros, com os CEOs de Google, YouTube, X, TikTok e Meta, que lhes pediu que tivessem consciência do impacto que têm na sociedade.

“Reconheço o trabalho que estão fazendo nas suas plataformas promovendo informação sobre as eleições, quando, como e onde votar, mas definitivamente não sobre em quem votar”, brincou a comissária, valorizando que seus interlocutores nas grandes plataformas “compreendem” as novas normas digitais europeias, mesmo que exijam trabalhos de adaptação.

Vera Jourová previu ainda que a proteção dos menores na Internet será uma das grandes questões do próximo mandato da Comissão Europeia, entre 2024 e 2029, e referiu que este foi um dos seus pedidos ao CEO do TikTok: que tenha em conta que para muitos jovens são “a única fonte de informação que consultam” e muitos menores de idade passam horas na sua plataforma.

“Quando vir o meu neto no TikTok, vou considerar isso uma derrota pessoal”, reconheceu a política tcheca, destacando que o TikTok está aberto a estabelecer regras específicas para menores de 18 anos, como limites de tempo de utilização impostos pela própria plataforma.