Derrota russa em Kharkiv coloca em xeque seu objetivo em Donetsk

12/09/2022 19:22 Atualizado: 12/09/2022 19:22

Por EFE

A libertação pelas forças ucranianas da maior parte da região de Kharkiv, e a retirada das tropas russas no que é sua maior derrota em cinco meses, dificulta enormemente o objetivo declarado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de assumir toda a província de Donetsk e garantir o controle sobre a de Lugansk.

As tropas da Ucrânia libertaram “centenas de cidades e aldeias” aos 201 dias de guerra, segundo disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta terceira fase da invasão russa, especialmente na região leste de Kharkiv e no sul.

Na primeira região, Kiev recuperou o controle de mais de 3.000 quilômetros quadrados em uma semana, enquanto na segunda foram 500 quilômetros quadrados em duas semanas.

Mais cidades liberadas

Segundo o Estado-Maior, nas últimas 24 horas a Ucrânia adicionou mais 20 cidades às 40 já libertadas em Kharkiv na última semana, com base em informações do governador, Oleg Synegubov.

Além disso, no norte da região, as tropas de Kiev já chegaram a “algumas áreas” na fronteira com a Rússia, destacaram Synegubov e o Serviço de Fronteiras do Estado nesta segunda-feira.

O avanço ucraniano em Kharkiv foi tal que atualmente existe uma faixa relativamente pequena em mãos russas no lado leste do rio Oskil, como pode ser visto no mapa de guerra do próprio Ministério da Defesa russo.

De acordo com a inteligência britânica, que afirma haver “bolsões isolados de resistência” de tropas russas nesta faixa, o território liberado pela Ucrânia “é pelo menos o dobro do tamanho da Grande Londres”, a capital britânica e seus arredores.

O chefe pró-Rússia da região de Kharkiv, Vitaly Ganchev, tentou justificar a retirada nesta segunda-feira na televisão pública, alegando que o número de soldados ucranianos “foi pelo menos oito vezes maior que o de nossas tropas”.

A Rússia, que qualificou a retirada para Donetsk como um “reagrupamento” e cuja falta de transparência e erro de cálculo foram criticadas até mesmo por pessoas leais ao Kremlin, como o líder checheno Ramzan Kadyrov, reagiu com bombardeios à maior derrota sofrida no terreno desde abril, quando teve que retirar suas forças das regiões de Kiev, Chernigov e Sumi.

Críticas e resposta russa

As forças russas atacaram três distritos da cidade de Kharkiv, a segunda maior do país, em um bombardeio que matou uma pessoa e feriu outras seis, segundo o governador.

O porta-voz militar russo, Igor Konashenkov, disse que a artilharia “continua a desferir ataques de alta precisão contra as unidades e reservas do Exército ucraniano em Kharkiv”.

A cidade, à qual mais de um milhão de cidadãos retornaram desde o início da guerra e que a Rússia nunca conseguiu tomar, ficou sem eletricidade e abastecimento de água devido aos bombardeios, relatou o prefeito da cidade, Igor Terekhov.

“Graças a Deus que o Ministério da Defesa finalmente começou a lançar ataques contra a infraestrutura (ucraniana). Esperemos que, de uma vez por todas, tudo isso tenha um caráter mais firme”, afirmou à imprensa russa o líder da península ucraniana anexada da Crimeia, Serguey Aksyonov, em outra crítica a Moscou.

Apesar do forte revés sofrido em Kharkiv, o chefe do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, assegurou hoje que a Rússia “vai alcançar os objetivos da operação militar especial na Ucrânia”, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descartou que seja a hora de sentar para negociar com Kiev.

No entanto, segundo indicou ontem a Direção Principal de Inteligência da Ucrânia (GUR), Moscou destituiu o tenente-general do grupo ocidental das Forças Armadas.

O golpe é duro, pois entre as cerca de 60 cidades libertadas da região leste está também Izium, que serviu de base para as tropas russas até recentemente e cujo controle era vital para Moscou.

De lá, as tropas russas poderiam atacar novamente ao norte, mas também ao sul, em direção a Slaviansk e Kramatorsk, as duas fortalezas ucranianas mais importantes da região de Donetsk, e em direção a Bakhmut, outro importante centro.

Estratégia russa em Donetsk em questão

“A reconquista ucraniana de Izium pôs fim à possibilidade de que a Rússia pudesse atingir seus objetivos declarados na região de Donetsk”, analisou hoje o americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).

A razão é que as forças russas, que se concentraram em ocupar pequenas aldeias durante o verão, não teriam mais apoio para um avanço do norte.

A partir de Izium, o Exército russo também controlava as cidades que levavam a Lugansk, cuja região havia sido dada como conquistada no início de julho, mas onde o Exército ucraniano está agora recuperando terreno.

“Na região de Lugansk, militares russos e suas famílias deixaram a cidade de Svatove, permaneceram apenas os soldados da chamada ‘milícia do povo’”, observou hoje o Estado-Maior.

Avanços em Lugansk e no sul

Segundo o governador da província, Serhiy Gaidai, em Pishchane a bandeira ucraniana volta a ser hasteada, assim como em Kuzemivka.

O panorama do Exército russo no sul não é melhor, onde há outra contra-ofensiva em andamento e que de fato serviu, segundo o ISW, para enganar o comando russo fazendo-o acreditar que só haveria uma grande nesta frente, mas não no leste também.

Lá, as Forças Armadas de Kiev recuperaram quase 500 quilômetros quadrados de terras ocupadas desde o final de agosto, segundo informou nesta segunda-feira a porta-voz do Comando Sul, Nataliya Gumenyuk.

Até agora, 13 cidades foram libertadas, incluindo Vysokopillya, Novovoznesenske, Bilohirka, Sukhyi Stavok e Myrolyubivka, na região de Kherson.

 

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