Os promotores do Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos requisitaram informações aos agentes do Departamento Federal de Investigação (FBI) sobre uma investigação que realizaram no negócio chamado “Uranium One“, informou a NBC News na quinta-feira, 21 de dezembro.
Os promotores do DOJ estão atualmente determinando se um conselho especial será necessário para examinar o controverso acordo que deu controle à Rússia sobre a empresa de mineração canadense Uranium One, que na época controlava 20% do suprimento de urânio nos Estados Unidos com licença para mineração.
Ao conferir o controle à Rússia de uma quantidade significativa de suprimento de urânio dos EUA, isso criou um potencial risco de segurança nacional. Apesar das garantias da Comissão Regulatória Nuclear (NRM) ao Congresso de que o urânio extraído pela Uranium One não deixaria os Estados Unidos, o urânio de fato deixou o país.
Os memorandos da NRM analisados pela mídia The Hill mostram que as transferências de urânio foram aprovadas pela gestão Obama para o Canadá e a Europa. De qualquer um desses locais, o urânio poderia passar a outros países, incluindo potenciais adversários dos Estados Unidos que buscam armas nucleares.
Chuck Grassley (R-Iowa), o presidente do Comitê Judiciário do Senado, urgiu ao DOJ que nomeasse um conselho especial para analisar o acordo.
A agência russa de energia nuclear Rosatom adquiriu participação de controle na Uranium One em 2010.
Porque o urânio, quando enriquecido, é um componente-chave para as armas nucleares, o acordo exigia uma revisão de segurança nacional pelo Comitê de Investimentos Estrangeiros (CFIUS) dos Estados Unidos.
O Departamento de Estado é parte do CFIUS e teve que aprovar o acordo. No momento da revisão e da aprovação pelo Departamento de Estado, Hillary Clinton atuava como secretária de Estado.
Ao mesmo tempo em que o acordo estava em análise, pagamentos foram feitos pela Uranium One e por funcionários russos para os Clinton.
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Os pagamentos foram detalhados pelo New York Times num artigo expositor em 2015, revelando que pagamentos foram feitos à Fundação Clinton, bem como ao ex-presidente Bill Clinton.
O presidente da Uranium One utilizou sua fundação familiar para fazer quatro doações totalizando US$ 2,35 milhões para a Fundação Clinton.
De acordo com o New York Times, essas doações não foram divulgadas pelos Clinton apesar de um acordo para revelar todos os doadores que Hillary Clinton alcançou com a gestão Obama antes de ser nomeada secretária de Estado.
Ao mesmo tempo em que a revisão de segurança estava sendo conduzida, Bill Clinton recebeu o pagamento de uma taxa de palestrante de US$ 500 mil de um banco de investimento vinculado ao Kremlin.
Em 2005, a Fundação Clinton já havia recebido uma doação de US$ 31,3 milhões do bilionário canadense Frank Giustra, proprietário da empresa de mineração UrAsia, que se fundiu com outra empresa de mineração em 2007 para se tornar a Uranium One, informou o New York Times.
Giustra ainda serve no conselho de diretores da Fundação Clinton.
Na época, o FBI também descobriu evidências de um sofisticado plano de suborno russo para conseguir a aprovação do controverso acordo.
Citando o FBI e documentos judiciais, The Hill informou em 17 de outubro que as autoridades russas estavam envolvidas em “subornos, propinas, extorsões e lavagem de dinheiro destinados a expandir o negócio de energia atômica de Vladimir Putin nos Estados Unidos”.
O FBI também tinha uma testemunha que possuía documentos que mostravam que autoridades nucleares russas canalizaram milhões de dólares para os Estados Unidos para beneficiar a Fundação Clinton, disseram fontes ao The Hill.
Um informante do FBI no caso chamado “William Campbell” reuniu provas sobre “milhões de dólares em subornos e propinas, além de extorsão e lavagem de dinheiro”, informou The Hill com base numa revisão dos documentos fornecidos por Campbell.
Campell foi prevenido pela procuradora-geral Loretta Lynch de testemunhar ao Congresso sobre suas descobertas. Em outubro, o DOJ desfez a ordem de silêncio ao informante, permitindo que ele falasse com os painéis do Congresso.
O diretor do FBI na época era Robert Mueller, que agora é o conselheiro especial investigando as alegações de intromissão russa nas eleições de 2016.
Um cabo diplomático vazado obtido pelo WikiLeaks revela que Mueller voou pessoalmente para Moscou no início de 2009 para entregar uma amostra de 10 gramas de urânio altamente enriquecido. A transferência da amostra do diretor do FBI para os funcionários russos ocorreu na pista de voo, de acordo com o cabo. O cabo foi enviado pela secretária de Estado Hillary Clinton.
A amostra foi solicitada pela Rússia após a apreensão de urânio altamente enriquecido na Geórgia em 2006, e depois foi transferida para a custódia dos EUA.
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