Por determinação do Governo Federal, a delegação brasileira se retirou do auditório da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, e ignorou o discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante a Assembleia Geral nesta sexta-feira (27).
A atitude foi seguida pelas delegações do Irã, Arábia Saudita, Palestina, Cuba e Trinidad e Tobago.
Na noite desta quinta-feira (26), o Itamaraty orientou que a Missão do Brasil não acompanhasse a fala do premiê israelense como forma de protesto. Durante o dia, a delegação brasileira prestigiou o discurso do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
A Palestina é reconhecida como um Estado pela ONU e por 142 países membros, incluindo o Brasil.
Israel está em guerra há quase um ano contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu e atacou o país, deixando mais de 1.200 mortos, incluindo bebês.
Esta semana, as Forças de Defesa de Israel (FDI) começaram a bombardear o Líbano para também combater o grupo terrorista Hezbollah, financiado pelo Irã e que apoia o Hamas.
Em seu discurso, Netanyahu afirmou que seu país busca a paz e está vencendo a guerra. O premiê ressaltou que seguirá o objetivo até o fim e enfrentará os inimigos.
“Não há nenhum lugar no Irã que Israel não possa alcançar”, disse. “Desejo a bênção de uma reconciliação histórica entre árabes e judeus. Mas enquanto o Hezbollah escolher o caminho da guerra, Israel não terá outra opção.”
A escalada do conflito no Oriente Médio já deixou 700 mortos, entre eles dois adolescentes brasileiros atingidos em bombardeio nesta segunda-feira (23): Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e Ali Kamal Abdallah, de 15 anos.
Esse incidente, associado à crise humanitária na Faixa de Gaza, foi apontado pelo Itamaraty como um dos motivos do protesto silencioso da delegação brasileira.
Em seu discurso, Netanyahu afirmou que a luta de seu país é também pela proteção global.
“Não estamos só nos defendendo”, disse. “Também estamos defendendo vocês contra um inimigo comum que ameaça nosso modelo de vida. Israel vem tolerando essa situação intolerável por quase um ano. Bem, eu vim aqui hoje para dizer que já chega.”
Na Assembleia Geral da ONU, líderes dos 193 países membros fazem discursos. A fala de Netanyahu era uma das mais esperadas. Ao ter seu nome anunciado, houve aplausos e vaias, fazendo com que o presidente da sessão tivesse que pedir silêncio aos presentes.
O premiê classificou a ação dos terroristas do Hamas e do Hezbollah como “selvageria” e disse que só resolveu participar da Assembleia da ONU para mostrar ao mundo “verdades sobre Israel”.