Os advogados do jornalista americano Evan Gershkovich, detido na última quarta-feira na Rússia sob a acusação de espionagem, apresentaram um recurso nesta segunda-feira contra (03) sua detenção.
O Tribunal de Lefortovo, que ditou a pena de prisão preventiva por dois meses contra o repórter, recebeu hoje o recurso contra a medida cautelar deferida contra o americano, segundo informou a corte à agência de notícias “Interfax”.
O tribunal determinou a detenção de Gershkovich até 29 de maio, contra quem a Justiça russa abriu um processo por espionagem nos termos do artigo 276 do Código Penal, uma acusação pela qual pode ser condenado a até 20 anos de prisão.
O jornalista de 30 anos foi preso em Ecaterimburgo, capital dos Urais, pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB).
Gershkovich, correspondente do “The Wall Street Journal”, para o qual cobria a Rússia, a Ucrânia e as ex-repúblicas soviéticas desde janeiro de 2022, alega inocência.
O caso foi classificado como altamente secreto, de modo que a informação tratada pelo FSB para acusar o jornalista de espionagem é desconhecida, exceto que o acusam de ter “compilado informações secretas sobre as atividades de uma das empresas do complexo militar industrial russo por encomenda dos EUA”.
Assim como o próprio repórter, o jornal também negou as acusações do governo russo contra seu correspondente e exigiu sua libertação imediata.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, pediu no domingo em uma conversa por telefone com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que se respeite as decisões das autoridades russas, “tomadas de acordo com a lei e as obrigações internacionais da Federação Russa”.
Na conversa, Lavrov ressaltou que Gershkovich “foi pego em flagrante ao tentar obter informações secretas, coletando dados que constituem segredo de Estado” e o fez “sob o disfarce de trabalho jornalístico”.
O último jornalista americano acusado de espionagem na Rússia havia sido Nicholas Daniloff em 1986, em plena Perestroika, embora tenha sido trocado três semanas depois por um cidadão soviético preso nos EUA.
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