Cúpula do G7 termina com posição firme sobre a China, enquanto questão do aborto gera tensão

Por Emel Akan
15/06/2024 21:36 Atualizado: 15/06/2024 21:36
Matéria traduzida e adaptada do inglês, originalmente publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Análise de notícias

A cúpula do G7, as sete democracias mais ricas do mundo, foi concluída em 15 de junho, apresentando decisões e ações unificadas que ressaltaram sua posição firme contra a China e a Rússia.

Enquanto enfrentavam vários desafios globais, os líderes tiveram muito atrito em relação a uma questão controversa: como abordar o aborto em seu comunicado, que serve como a declaração final da cúpula.

Os líderes do G7 se reuniram em 13 de junho no resort costeiro de Borgo Egnazia, no sul da Itália, para sua 50ª cúpula.

O comunicado divulgado este ano marcou uma mudança notável em relação às declarações dos anos anteriores, refletindo uma postura mais assertiva em relação à China.

Os líderes do G7 expressaram “profunda preocupação” com o apoio de Pequim à base industrial militar da Rússia, pedindo que a China pare de transferir bens de uso duplo, como componentes e equipamentos de armas, que são usados pela indústria russa.

Os líderes do G7 se comprometeram a continuar “tomando medidas contra os atores na China” que ajudam significativamente a máquina de guerra da Rússia, incluindo bancos e outras entidades.

O comunicado demonstrou que os países europeus estão finalmente dispostos a se alinhar com a posição de longa data dos EUA em relação à China, apesar de sua alta dependência econômica do país comunista. Isso inclui uma promessa de resolver o problema de excesso de capacidade industrial da China, que sufoca a inovação nos países ocidentais.

“Continuaremos a tomar medidas, conforme necessário e apropriado, para proteger nossos trabalhadores e empresas de práticas injustas”, disseram os líderes.

Quando perguntado sobre o motivo dessa mudança na política da China, um funcionário sênior do governo disse aos repórteres que os líderes do G7 agora têm uma melhor compreensão da ambição do líder chinês Xi Jinping de “restaurar o domínio da China”, principalmente na região do Indo-Pacífico e, potencialmente, além dela.

A vitória de Biden

Quando os líderes do G7 se reuniram pela primeira vez, seu foco principal era chegar a um acordo sobre um plano para usar os ativos russos congelados para conceder empréstimos à Ucrânia, um tópico que atraiu muita atenção da mídia. Antes da cúpula, as autoridades dos EUA tentaram reduzir as expectativas para evitar possíveis decepções.

No primeiro dia da cúpula, o assessor de segurança nacional Jake Sullivan disse aos repórteres que os Estados Unidos haviam “investido muita energia e esforço” no plano.

Depois que os líderes declararam que finalmente haviam chegado a um acordo sobre os ativos russos congelados, o presidente Biden aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem ao presidente russo Vladimir Putin, declarando: “Ele não pode nos esperar; ele não pode nos dividir”.

Seus comentários foram feitos durante uma coletiva de imprensa conjunta em 13 de junho com seu colega ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Com esse acordo, cujas especificações técnicas ainda estão sendo elaboradas, o presidente Biden também teve a oportunidade de enviar uma mensagem aos contribuintes americanos que estão cansados de enviar bilhões de dólares para a Ucrânia. De acordo com autoridades dos EUA, o G7 está “fazendo a Rússia pagar” pela guerra na Ucrânia, e não os contribuintes.

No entanto, o presidente Biden chegou à cúpula de mãos vazias, sem oferecer nenhuma notícia positiva sobre o plano de paz para Gaza. Ele informou os líderes do G7 sobre as negociações em andamento durante a cúpula. Enquanto isso, ele ficou sabendo que o Hamas havia rejeitado uma proposta apoiada pelos Estados Unidos.

Em 13 de junho, quando os repórteres perguntaram se um acordo de paz em Gaza seria fechado em breve, o presidente Biden disse: “Não”, acrescentando: “Não perdi a esperança”.

Durante a cúpula, a mídia testemunhou a mudança de humor do presidente Biden quando ele criticou um repórter por fazer uma pergunta sobre Gaza durante a coletiva de imprensa com o presidente ucraniano.

“Gostaria que vocês seguissem um pouco as regras. Estou aqui para falar sobre uma situação crítica na Ucrânia”, disse ele aos repórteres, pedindo-lhes que deixassem as perguntas relacionadas à Gaza para depois.

Na declaração final da cúpula, os líderes expressaram unidade em seu apoio a um cessar-fogo imediato em Gaza, à libertação de todos os reféns e a um caminho para uma solução de dois Estados.

Contenção do aborto

Apesar da demonstração de unidade na abordagem de várias crises globais na cúpula, uma questão rompeu essa unidade: o aborto.

Fontes diplomáticas vazaram para a mídia que a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, anfitriã da cúpula, estava tentando remover qualquer menção ao aborto da declaração final da cúpula.

O presidente Biden teria se oposto às tentativas da Sra. Meloni, exigindo uma referência clara aos “direitos reprodutivos”, pelo menos consistente com o comunicado do ano passado.

A tensão se tornou pública durante uma coletiva de imprensa em 13 de junho, quando o presidente francês Emmanuel Macron, que sofreu uma grande derrota nas recentes eleições da UE, criticou o governo italiano por não proteger o direito das mulheres ao aborto.

Em resposta, a Sra. Meloni acusou o presidente francês de usar o fórum do G7 como uma campanha eleitoral para marcar pontos políticos, sem citar seu nome.

As relações tensas entre os líderes francês e italiano ficaram evidentes durante seus apertos de mão na cúpula, com um vídeo de um encontro que rapidamente se tornou viral.

A líder da Itália conseguiu excluir a menção de “acesso ao aborto seguro e legal” da declaração final, demonstrando sua forte influência como anfitriã.

Quando perguntado se o presidente Biden estava satisfeito com a linguagem que foi incluída na declaração final, o funcionário disse que o presidente “apoia totalmente a linguagem”.