Cubanos enfrentam agravamento da escassez que já é comum no país há anos (Vídeo)

Muitos cubanos dizem que estão acostumados à escassez, embora alguns temam que possa piorar

05/04/2019 21:48 Atualizado: 05/04/2019 21:48

Por Jesús de León, Epoch Times

A escassez habitual em Cuba está piorando, segundo relatos dos últimos meses, com escassez generalizada de alguns bens básicos, como pão, ovos e carne.

Há muito que os cubanos enfrentam uma escassez regular de certos itens devido à sua ineficiente economia socialista, aos choques externos da economia estatal e ao planejamento central, mas essa escassez aumentou nos últimos meses.

A escassez fez subir os preços de alguns produtos no mercado negro que nem todos os cubanos podem pagar, já que o salário médio mensal é muito baixo.

O governo reconhece que algumas carências, como a de medicamentos, se devem à falta de importações de bens necessários à produção.

Os cidadãos em todo o país são afetados pela “crise farmacêutica”, disse a mídia CiberCuba. Muitas pessoas recebem os medicamentos de que precisam de seus parentes no exterior ou aproveitam qualquer saída de Cuba para obter suprimentos.

Até fevereiro, havia 87 tipos de drogas em falta.

Quanto à farinha, desde dezembro de 2018 os alarmes dispararam. Naquele mês, a mídia Cubanet informou que durante vários meses houve um declínio na produção de pão e outros produtos de farinha de trigo que, de acordo com as vozes oficiais, foi devido à “falta de peças de reposição para as fábricas, falhas internas e violações das regras operacionais”.

Isso aumentou as filas nas padarias e o descontentamento dos cidadãos que esperam muito tempo para que a irregular produção desapareça nas mãos de pequenas empresas privadas chamadas “cuentapropistas”.

“A ausência de um mercado atacadista faz com que o setor privado procure se abastecer nos mesmos pontos de venda que a população, oferecendo-se para pagar as mercadorias por um preço maior.”

A situação pode piorar à medida que certas empresas estão anunciando oficialmente a interrupção da venda de pão até que o suprimento de farinha seja normalizado.

(ADALBERTO ROQUE/AFP/Getty Images)
(ADALBERTO ROQUE/AFP/Getty Images)

“A realidade é que não há pão para todos. Em vários pontos as pessoas não chegam a comprá-lo quando saem do trabalho porque o lote liberado foi vendido pela manhã, e o da cota (que o regime libera através de uma caderneta de racionamento) mantém a péssima qualidade que o tornou famoso”, informou Cubanet.

Cuba anunciou medidas de austeridade há três anos devido à queda nas exportações e problemas de liquidez, enquanto a ajuda de um importante aliado, a Venezuela, foi reduzida em meio à sua própria crise econômica.

Mulher se detém na porta de uma casa com uma placa anunciando uma cafeteria do chamado setor privado ou cuentapropista em Havana, em 10 de junho de 2018 (YAMIL LAGE / AFP / Getty Images)
Mulher se detém na porta de uma casa com uma placa anunciando uma cafeteria do chamado setor privado ou cuentapropista em Havana, em 10 de junho de 2018 (YAMIL LAGE / AFP / Getty Images)

Desde então, o regime cubano também teve que lidar com o endurecimento do embargo comercial dos Estados Unidos.

Em 1º de novembro, os Estados Unidos lançaram uma nova e dura política contra os regimes socialistas e comunistas na América do Sul, enquanto impunham novas sanções à Venezuela e Cuba e prometiam punir a Nicarágua.

Os Estados Unidos anunciaram em março que os cubano-americanos poderão processar mais de 200 entidades cubanas por se beneficiarem de propriedades desapropriadas após a Revolução Cubana.

As medidas visam entidades “sob o controle” da inteligência cubana, das Forças Armadas ou das forças de segurança, além de pessoal com “transações financeiras diretas” que podem prejudicar o povo cubano, informou o Departamento de Estado.

Cidadãos dos Estados Unidos serão proibidos de fazer transações com essas empresas. O objetivo é cortar o fluxo de dinheiro para o exército e a inteligência de Cuba.

Por outro lado, o regime foi privado da receita das exportações de serviços médicos para o Brasil após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente.

No programa cubano de saúde, o regime paga a seus médicos em missão apenas 30% do que o Brasil desembolsa por seu trabalho.

“Durante meses exigimos que a ditadura cubana revisasse as regras impostas aos profissionais cubanos que participaram do Mais Médicos, que recebiam apenas uma pequena parte de seus salários e não estavam livres para ver suas famílias”, disse Bolsonaro em janeiro de 2019.

Mas o regime cubano, em vez de rever os acordos com os médicos, suspendeu a presença médica no país e os médicos retornaram a Cuba.

Os serviços profissionais no exterior, principalmente médicos, constituem a fonte mais importante de captação financeira da economia cubana, com cerca de 10 bilhões de dólares por ano.

Além disso, o regime enfrenta outra ameaça às suas exportações de médicos e enfermeiros após protestos sociais em sua velha amiga Argélia.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse à Assembleia Nacional em dezembro que o governo aumentaria a austeridade neste ano de 2019.

O ministro da Economia, Alejandro Gil Fernández, disse no mês passado que a produção de ovos foi recentemente afetada por problemas com a importação de alimentos para aves e que Cuba vai importar mais de alguns produtos básicos nos próximos meses.

Muitos cubanos dizem que estão acostumados à escassez, embora alguns temam que possa piorar.

O governo também disse recentemente que estava cortando pela metade o tamanho da edição de alguns jornais semanais, bem como o jornal oficial do país, que é o meio oficial do partido comunista, o “Granma”, devido à falta de papel de jornal que o país importa. Também não publicará o jornal da União dos Jovens Comunistas, Juventude Rebelde, aos sábados.