Cuba reconstrói laços com a Rússia e o bloco comunista

"Os países comunistas estão obviamente se organizando e desenvolvendo estratégias de larga escala. É essencial que os norte-americanos estejam cientes das possíveis implicações para a segurança nacional desses relacionamentos"

09/12/2018 15:10 Atualizado: 09/12/2018 15:10

Por Trevor Loudon

O Ocidente precisa acordar para uma ameaça perigosa. O quase esquecido inimigo “comunismo internacional” está retornando rapidamente. Está se reconstruindo, reunificando e rearmando. E a maioria dos ocidentais parece quase inconsciente do que está acontecendo diante de seus olhos.

O novo presidente comunista de Cuba, Miguel Díaz-Canel, retornou a Havana em 15 de novembro depois de realizar uma visita a vários países que começou na Rússia. Ele e a delegação cubana continuaram pela Coreia do Norte, China, Vietnã e Laos — todos esses países governados abertamente por comunistas, exceto o Nepal — assim como a França e o Reino Unido.

Díaz-Canel foi acompanhado por Ricardo Cabrisas Ruiz, vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, juntamente com os ministros das Comunicações, Indústria e Energia e Minas: Jorge Luis Perdomo, Alfredo López e Raúl García, respectivamente.

Também participaram da delegação o primeiro vice-ministro dos Transportes, Eduardo Rodríguez Dávila; o vice-ministro das Relações Exteriores, Rogelio Sierra Díaz; e o diretor de Assuntos Bilaterais do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Emilio Lozada.

Significativamente, as relações de Cuba com a Rússia parecem estar voltando aos níveis de cooperação não vistos desde a era soviética.

Relações russas

Segundo o jornal People’s World, do Partido Comunista dos Estados Unidos: “A colaboração entre Cuba e a Rússia floresceu após o cancelamento da dívida cubana com a União Soviética e depois que o presidente Vladimir Putin visitou Cuba em junho de 2014. Em Moscou, Díaz-Canel se encontrou com Putin, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, líderes da Duma, o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa e o líder do Partido Comunista Gennady Zyuganov”.

“Uma comissão intergovernamental cubano-russa já havia preparado oito potenciais acordos, principalmente relacionados ao comércio e ao investimento. Assinados pelos dois líderes nacionais, eles permanecerão em vigor até 2030”.

As colaborações propostas em Cuba incluem o estabelecimento do equivalente russo do GPS (Global Positioning System), ajuda financeira russa para a renovação de três usinas de geração de energia elétrica e assistência na modernização e expansão da produção de aço.

A Rússia também ajudará a melhorar o transporte ferroviário em Cuba, fornecerá trigo e lâmpadas de LED que economizam energia e ajudará a reconstruir a complicada indústria cítrica em Cuba. A Rússia continuará a exploração dos campos petrolíferos cubanos, “estimados em 20 bilhões de barris, e construirá infraestrutura de transporte e plataformas no mar”, segundo o People’s World.

Depois de assinar acordos com seus colegas cubanos, o presidente russo Vladimir Putin disse à imprensa que “ao debater a agenda global e regional, eles descobriram que os pontos de vista sobre a maioria das questões-chave eram semelhantes”, segundo a Rádio Rebelde de Cuba.

É hora de o Ocidente reconhecer uma verdade desagradável. A Rússia moderna, embora não seja declaradamente comunista, é uma parte muito importante do bloco internacional antiocidental reaparecido liderado pelos chineses.

Relações Asiáticas

Em Pyongyang, a delegação cubana reuniu-se com o ditador norte-coreano Kim Jong-un, acompanhado da habitual pompa e esplendor típicos dos estados operários e comunistas governados pelo proletariado.

De acordo com a Radio Rebelde: “Da pista do aeroporto de Sunan até os arredores de Paekhwawon, residência oficial dos convidados ilustres visitando a República Democrática Popular da Coreia, Díaz-Canel e Kim Jong-un foram calorosamente recebidos e aplaudidos por quase um milhão de pessoas”.

Os dois líderes comunistas mantiveram conversações na Casa de Hóspedes do Estado de Paekhwawon, onde destacaram sua “história socialista compartilhada e prometeram solidariedade contínua”, segundo a mídia estatal da Coreia do Norte.

A delegação estava retribuindo a viagem a Cuba feita em julho pelo vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, Ri Su Yong, que se encontrou com Díaz-Canel e o ex-presidente Raúl Castro, entre outros.

“Ri transmitiu as saudações de Kim Jong-un, discutiu as ‘relações históricas de amizade e cooperação’ de ambos os países com os seus homólogos e assinou um ‘acordo de intercâmbio e cooperação’ com o Partido Comunista de Cuba (PCC)”, segundo o site NK News.

Na China, Díaz-Canel se reuniu com o líder comunista Xi Jinping, o primeiro-ministro Li Keqiang e Li Zhanshu, presidente do Congresso Nacional do Povo.

A iniciativa chinesa “Um Cinturão, Um Caminho” — plano para expandir maciçamente a influência global da China através do investimento em grandes projetos estrangeiros de infraestrutura — estava no topo da agenda.

“Os líderes dos dois países assinaram acordos previamente elaborados por uma comissão intergovernamental. Eles aprovaram um memorando de entendimento que incorpora Cuba na iniciativa ‘Um Cinturão, Um Caminho’ da China, a superestrutura para comércio e investimento do gigante asiático em todo o mundo subdesenvolvido. O vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas, viu a necessidade de determinar os ‘princípios e diretrizes objetivos’ para a participação de Cuba no projeto chinês”, informou People’s World.

A China também se comprometeu a estabelecer “uma linha de crédito de 124 milhões de dólares para pagar o equipamento necessário para a indústria turística cubana e outra de 40 milhões de dólares para financiar equipamentos essenciais para o desenvolvimento de fontes de energia renováveis”.

Além disso, a China “doou” 129 milhões de dólares para “pagar por projetos de cibersegurança”.

Díaz-Canel escreveu em um tuíte em Pequim: “Reunião frutífera e inesquecível com o presidente Xi Jinping. Como #Fidel o chamava, um revolucionário firme e capaz. Entre a tradição e a projeção no futuro, a #China abre portas onde outros erguem muros”.

No Vietnã, a delegação cubana se reuniu com o presidente Nguyen Phu Trong, o primeiro-ministro Nguyen Xuan Phuc e o presidente da Assembleia Nacional, Nguyen Thi Kim Ngan.

Os dois partidos comunistas assinaram um acordo comercial que “consolidará, ampliará e intensificará as relações comerciais”, segundo o People’s World.

No Laos, os delegados cubanos assinaram um memorando de entendimento e cooperação entre o Banco Central de Cuba e o Banco do Laos com o “objetivo de fortalecer a cooperação entre o setor bancário”, informou Cabrisas em entrevista à jornalista cubana Arleen Rodríguez.

Cabrisas enfatizou a natureza de camaradagem das relações de Cuba com a Rússia, o Vietnã e a China: “Com o Vietnã, assim como com a China e a Rússia, as relações poderiam ser classificadas como tradicionais. Marchamos juntos por longas estradas desde o Triunfo da Revolução”, disse Cabrisas a Rodríguez.

Passando pela Grã-Bretanha na viagem de volta, Díaz-Canel se encontrou com o ministro da Economia Philip Hammond e o líder socialista do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn.

Ele também se encontrou com ativistas britânicos e cubanos do Solidariedade e visitou o túmulo de Karl Marx no cemitério de Highgate, em Londres.

Os países comunistas estão obviamente se organizando e desenvolvendo estratégias de larga escala. É essencial que os norte-americanos estejam cientes das possíveis implicações para a segurança nacional desses relacionamentos.

Trevor Loudon é escritor, cineasta e professor na Nova Zelândia. Por mais de 30 anos, ele vem investigando os movimentos da esquerda radical, marxista e terrorista e sua influência encoberta na política dominante

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