O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, comemorou nesta sexta-feira a reincorporação do Brasil à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
“A América Latina e o Caribe podem e devem continuar consolidando sua unidade na diversidade, como condição essencial para nossa integração essencial”, escreveu o chanceler no Twitter.
Cuba enviou seu vice-líder, Salvador Valdés, à posse de Lula com a missão de “restabelecer os laços na ordem das relações bilaterais e levá-las ao mais alto nível político”, segundo ele declarou ao jornal oficial cubano “Granma”.
O governo brasileiro anunciou ontem seu retorno “pleno e imediato” ao mecanismo regional fundado em 2010 e do qual saiu em 2020 com Jair Bolsonaro como presidente.
A CELAC pela perspectiva de Ernesto Araújo
Em entrevista exclusiva cedida ao Epoch Times e à NTD, em dezembro, o ex-chanceler Ernesto Araújo, respondeu ao jornalista Marcos Schotgues sobre a CELAC. Confiram o trecho da entrevista sobre o tema, que pode ser apreciada na íntegra aqui.
Marcos: Você falou sobre países que oprimem seus povos, e salvo engano, foi por esse motivo que o Sr. afastou o Brasil da CELAC, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, uma organização multilateral que, além da Venezuela abriga Nicarágua e Cuba – agentes totalitários. Agora, outra medida pretendida, pela possível futura gestão, é trazer o Brasil de volta para a CELAC, praticamente de imediato pelo que se noticia. Então, Ernesto, por que o Brasil saiu da CELAC? O que representa essa volta e quais os riscos envolvidos?
Ernesto: É curioso, porque essa administração Lula vem no embalo de uma percepção criada pela mídia e pelas correntes políticas do sistema no Brasil, de que eles são os representantes da democracia. Muito bem! Então, qual é o caso da CELAC? Nós, quando a presidência da CELAC estava passando para o México, o México assumiu e começou a querer transformar a CELAC, que é um órgão de todos os países latino-americanos e caribenhos, em uma plataforma para legitimar os regimes antidemocráticos, para usar um eufemismo, da Venezuela, Cuba e Nicarágua principalmente. Ou seja, dar palco para esses regimes.
E, além disso, a CELAC visava a, digamos, abrir as portas da América Latina para a China comunista. Uma das principais funções da CELAC é ser uma espécie de Organização dos Estados Americanos (OEA) sem os Estados Unidos, potência democrática, e com a China, potência totalitária. A China é que, digamos, tende a ser o grande beneficiário dessa integração. A CELAC é para facilitar a entrada dos interesses chineses, que são sempre interesses que entram a favor dos projetos totalitários na América Latina.
Então nós falamos: “O Brasil não está aqui para ficar batendo palmas, na plateia, para apresentações de tiranos, de regimes que tiranizam seus próprios povos. Nós temos compromisso com democracias. Para nós, a integração latino-americana tem que ser com base na democracia, na liberdade”. Isso que nós tentamos com a criação do PROSUL, por exemplo, que imagino que o governo Lula vai abandonar.
E nós não queremos também que isso aqui seja uma claque para a China comunista. Relações com a China, bilaterais. As relações com a China, administradas de uma maneira a não cedermos nossa soberania e cuidarmos do nosso interesse econômico sem condicionar todas nossas decisões estratégicas à China. Na verdade, essa CELAC que o México, que é um país hoje muito ligado ao Foro de São Paulo, estava montando, era isso.
Então não denunciamos a nossa participação na CELAC, ou seja, não saímos definitivamente, mas suspendemos e falamos: “enquanto a CELAC for isso aqui, nós estamos fora. Nós estamos pela democracia, pela soberania”. Então, agora também, Infelizmente, não surpreende que um governo que, por cima do pano, fala que é democracia, mas por baixo do pano gosta mesmo é de Maduro, de ditadura, de regime opressor… então não surpreende que volte à CELAC , que é, infelizmente, embora tivesse uma vocação que poderia ser do bem, se tornou um mecanismo para promover as ditaduras latino-americanas e a aliança dessas ditaduras com a ditadura chinesa.
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