A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, qualificou nesta terça-feira como “pelotão de fuzilamento” o tribunal no qual é acusada de irregularidades na concessão de obras públicas durante o período em que foi presidente (2007-2015).
Por videoconferência de seu gabinete no Senado, do qual é presidente, Cristina afirmou que em dezembro de 2019, quando o havia acusado de ser um “tribunal de lawfare”, foi “muito generosa”, depois de tudo o que precisou viver, em alusão à acusação e ao atentado fracassado que sofreu em 1º de setembro, pelo qual há três detidos.
A vice-presidente é acusada de ter cometido crimes de associação ilícita e administração fraudulenta de fundos públicos, pelos quais, em 22 de agosto, o Ministério Público requereu a pena de 12 anos de prisão e a inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos.
O tribunal informou que no próximo dia 6 de dezembro dará o veredito do caso que julga as supostas irregularidades na concessão de 51 obras públicas às empresas do empresário Lázaro Báez durante os governos do falecido Néstor Kirchner (2003-2007) e sua esposa Cristina (2007-2015) na província meridional de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo.
Em suas declarações finais no julgamento, Cristina comparou o tribunal, incluindo o Ministério Público, a um “pelotão de fuzilamento” que, segundo ela, começou “a partir da incrível diatribe” dos procuradores que “se dedicaram a injuriar, agravar, insultar e agir em desacordo com a lei”, como redatores dos principais jornais do país.
A vice-presidente acrescentou que “esta espécie de pelotão de fuzilamento” teve “o propósito desde o início de estigmatizar um espaço político e, fundamentalmente, quem tem o maior grau de representação desse espaço”, referindo-se a si própria.
“Esta estigmatização, sem provas e em flagrante violação da Constituição, para dar o caráter de associação ilegal a três governos democraticamente eleitos. Veremos se realmente, como penso, a história também os condenará”, declarou Cristina ao tribunal.
“Sério que eles acreditam que nosso governo cometeu fraude contra a administração pública?”, questionou, alegando que seu governo entregou uma administração sem dívidas, a de Néstor Kirchner, pagou a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as condições de vida das pessoas eram superiores às de hoje.
Por fim, comparou sua situação com a de funcionários do governo de Mauricio Macri (2015-2019), que “não têm problema” e “estão no Qatar”, apesar de terem endividado o país com o FMI.
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