Crise migratória do Chile se intensifica devido a confrontos violentos e onda de crimes

Quase 500.000 imigrantes venezuelanos vivem no Chile, um aumento impressionante em relação aos 5.000 há oito anos

22/02/2022 14:31 Atualizado: 22/02/2022 14:31

Por Autumn Spredemann 

SANTA CRUZ, Bolívia – Desde setembro passado, os confrontos violentos entre imigrantes venezuelanos, moradores locais e a polícia no Chile continuaram a aumentar, levando o presidente cessante, Sebastián Piñera, a declarar estado de emergência no dia 16 de fevereiro.

“O estado de exceção permitirá a colaboração entre as forças armadas e a polícia com dois focos: o combate ao narcotráfico e o contrabando de imigrantes”, explicou o ministro do Interior, Rodrigo Delgado.

Além disso, o procurador regional, Raúl Arancibia, divulgou os resultados de um estudo sobre tendências da criminalidade realizado pelo Ministério Público na região de Tarapacá, que mostrou um aumento de 183% nos homicídios entre 2020-2021. O aumento da criminalidade coincide com um aumento significativo da imigração ilegal na área.

“A situação está piorando”, afirmou Arancibia.

A região de Tarapacá, no norte do Chile, é o epicentro da crise migratória, facilitando a travessia de ilegais na fronteira Chile-Bolívia devido à extrema distância e falta de patrulhas.

A declaração do presidente Piñera veio após o assassinato de um caminhoneiro chileno de 25 anos chamado Byron Castillo Herrera, que foi jogado de um viaduto por imigrantes venezuelanos após uma briga no dia 10 de fevereiro. De acordo com o relatório do promotor, o incidente ocorreu quando pelo menos dois migrantes, que caminhavam na beira da estrada, atiraram pedras no caminhão de Herrera e o motorista parou para confrontá-los.

A morte de Herrera desencadeou três dias de bloqueios nas estradas e protestos de colegas caminhoneiros e simpatizantes em todo o país, exigindo soluções para a crescente crise migratória do país.

Quase 500.000 imigrantes venezuelanos vivem no Chile, um aumento impressionante em relação aos 5.000 há oito anos. A maioria dos imigrantes está concentrada na região metropolitana de Santiago, mas muitos entraram pela região cada vez mais perigosa de Tarapacá.

Três imigrantes venezuelanos em Pisiga, na Bolívia, esperam para cruzar a fronteira com o Chile na noite do dia 25 de outubro de 2021 (Cesar Calani Cosso/ Epoch Times)
Três imigrantes venezuelanos em Pisiga, na Bolívia, esperam para cruzar a fronteira com o Chile na noite do dia 25 de outubro de 2021 (Cesar Calani Cosso/ Epoch Times)

Outro confronto violento ocorreu no início deste ano, no dia 26 de janeiro, quando quatro imigrantes venezuelanos atacaram e golpearam um policial no rosto após ele pedir que mostrassem a identificação na cidade portuária de Iquique.

O presidente eleito, Gabriel Boric, condenou o incidente contra a polícia, chamando-o de “inaceitável” e afirmou que a questão dos imigrantes deve ser uma “prioridade de segurança” no país.

Em resposta à morte de Herrera, o governo Piñera também anunciou a militarização de quatro províncias nas regiões de Antofagasta e Arica no dia 12 de fevereiro para ajudar a lidar com o aumento da imigração ilegal.

Conflitos entre imigrantes e residentes desde setembro de 2021 alimentaram um aumento do sentimento anti-imigração em todo o país, que se tornou um grito de guerra nas cidades do norte.

Durante um protesto em Iquique no dia 30 de janeiro, mais de 4.000 manifestantes marcharam pela cidade carregando faixas com slogans que diziam “Feche as fronteiras agora” e “Pare de vitimizar criminosos”.

“O crime em nossa cidade agora é ultrajante. Há barracas por toda parte”, afirmou Agustín Soto, morador de Iquique, ao Epoch Times.

Soto diz que as belas praias da cidade estão se tornando campos de imigrantes e que há partes da cidade para onde ele não deixa sua esposa ou filhas percorrerem sozinhas, como os arredores da Plaza Brasil, devido ao excesso de imigrantes que são conhecidos por assediar os locais de vez em quando.

No dia 2 de fevereiro, o ministro Delgado acusou diretamente as autoridades bolivianas de falta de colaboração na segurança das fronteiras, dizendo: “As autoridades bolivianas não parecem estar interessadas [em colaborar], há muita apatia sobre isso”.

Além disso, Delgado afirma acreditar que a polícia do lado boliviano estava ajudando coiotes, um termo comum usado para descrever traficantes de pessoas, em suas atividades de contrabando de migrantes através da fronteira para o Chile.

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