As relações entre Brasil e Venezuela enfrentaram um novo revés nesta quarta-feira (30), após Caracas convocar seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para consultas.
O movimento foi formalizado em um comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em resposta a declarações de Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou o regime de Nicolás Maduro.
A tensão diplomática entre os países vinha crescendo desde a última reunião do Brics, quando o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
De acordo com o regime venezuelano, a posição do Brasil “atenta contra os princípios fundamentais da integração regional, expressados na Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), assim como na longa história de unidade da nossa região.”
Essa decisão foi vista como uma sanção indireta que afeta a população venezuelana, agravando o desgaste diplomático.
O comunicado venezuelano classifica as declarações de Amorim como “grosserias” e as associa a uma postura alinhada ao “imperialismo norte-americano”. Além disso, acusa o assessor brasileiro de “agir mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano” e reforça a crítica:
“[Ele] tem se dedicado de maneira impertinente a emitir juízos de valor sobre processos que só dizem respeito a venezuelanos, venezuelanas e suas instituições democráticas, o que constitui uma agressão constante, que prejudica as relações políticas e democráticas entre os estados, ameaçando os laços que unem os dois países.”
Amorim comentou o caso durante uma participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira (30), afirmando que o país vizinho não cumpre os requisitos para integrar o bloco.
“O Brasil não quer uma expansão indefinida, o Brasil acha que tem que ser países com influência e que possam ajudar a representar a região. E a Venezuela de hoje não preenche essas condições na nossa opinião”, disse.