Cortar abastecimento de petróleo para Coreia do Norte seria visto como ato de guerra, diz Rússia

01/02/2018 20:46 Atualizado: 03/02/2018 17:35

A entrega de petróleo e produtos petrolíferos para a Coreia do Norte não deve ser reduzida, teria dito o embaixador de Moscou em Pyongyang conforme citado pela agência de notícias RIA na quarta-feira, 31 de janeiro, acrescentando que um fim total das entregas seria interpretado pela Coreia do Norte como um ato de guerra.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos introduziram uma série de sanções destinadas a reduzir o desenvolvimento de armas nucleares pela Coreia do Norte, inclusive procurando reduzir seu acesso ao petróleo bruto e produtos petrolíferos refinados.

“Não podemos reduzir mais as entregas”, disse o enviado da Rússia em Pyongyang, Alexander Matzegora, em entrevista citada pela RIA.

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As quotas estabelecidas pela ONU permitem que cerca de 540 mil toneladas de petróleo bruto por ano sejam entregues à Coreia do Norte a partir da China e mais 60 mil toneladas de produtos petrolíferos da Rússia, China e outros países, teria dito Matzegora, segundo a RIA.

“[Isto] é uma gota no oceano para um país de 25 milhões de pessoas”, disse Matzegora.

A escassez causaria sérios problemas humanitários, disse ele, acrescentando: “Representantes oficiais de Pyongyang deixaram claro que um bloqueio seria interpretado pela Coreia do Norte como uma declaração de guerra, com todas as consequências subsequentes.”

Na semana passada, os Estados Unidos impuseram novas sanções à Coreia do Norte, inclusive em seu ministério do petróleo bruto.

Em seu primeiro discurso anual do Estado da União para o Congresso dos Estados Unidos na terça-feira, 30 de janeiro, o presidente Donald Trump prometeu manter a pressão sobre a Coreia do Norte para prevenir seu desenvolvimento de mísseis balísticos e programa nuclear que possam ameaçar os Estados Unidos.

Coreia do Norte, petróleo, sanções, Rússia, Kim Jong-un, carvão - O petroleiro "Rye Song Gang 1" com bandeira norte-coreana é fotografado no Mar do Leste da China em 20 de janeiro de 2018 (Ministério da Defesa do Japão via Reuters)
O petroleiro “Rye Song Gang 1” com bandeira norte-coreana é fotografado no Mar do Leste da China em 20 de janeiro de 2018 (Ministério da Defesa do Japão via Reuters)

A Coreia do Norte condenou no sábado as sanções mais recentes dos EUA, e o vice-ministro das relações exteriores da Rússia, Igor Morgulov, disse que a Rússia não tinha a obrigação de cumprir as sanções produzidas pelos EUA.

O embaixador também negou as acusações de Washington de que Moscou, em violação às sanções da ONU, permitia que Pyongyang usasse os portos russos para transportar carvão.

“Nós verificamos duas vezes a evidência [dos EUA]. Descobrimos que os navios mencionados não entraram nos nossos portos, ou se eles o fizeram, eles estavam transportando carga que não tinha nada a ver com a Coreia do Norte”, disse ele.

A Reuters informou anteriormente que a Coreia do Norte enviou carvão para a Rússia no ano passado, que foi repassado à Coreia do Sul e ao Japão numa possível violação das sanções da ONU.

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