Coreia do Norte sente impacto das sanções enquanto aliados dos EUA planejam bloqueio naval

15/01/2018 20:57 Atualizado: 15/01/2018 20:57

Com as sanções agora fincando seus dentes na Coreia do Norte, os Estados Unidos e seus aliados discutirão um bloqueio naval que poderia acabar com o contrabando norte-coreano, impondo ainda mais pressão para uma solução na Península Coreana.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou uma nova rodada de sanções mais duras antes do Natal, restringindo o comércio norte-coreano permitido enquanto reportagens surgiram dizendo que o regime não consegue alimentar seus soldados.

E com relatos de que o regime chinês estaria cumprindo esse novo nível de sanções suficientemente para ter significância, a gestão Trump está mostrando crescente confiança em seu impulso para uma opção diplomática.

A Casa Branca emitiu uma declaração em 12 de janeiro dizendo que a gestão Trump ficou “satisfeita pelo fato de a China reduzir acentuadamente seu comércio com a Coreia do Norte”.

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“Esta ação apoia o esforço global liderado pelos Estados Unidos para aplicar a máxima pressão até que o regime norte-coreano termine seus programas ilícitos, mude seu comportamento e se mova em direção à desnuclearização da Península Coreana.”

O Departamento de Estado dos EUA espera consolidar esses ganhos com outras medidas numa próxima reunião em Vancouver, Canadá, de acordo com Brian Hook, o diretor de planejamento de políticas sob o secretário de Estado, Rex Tillerson.

Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e vários países que lutaram contra a Coreia do Norte na Guerra da Coreia se reunirão em Vancouver no dia 16 de janeiro.

De acordo com Hook, a reunião pretende aplicar mais pressão à Coreia do Norte, mantendo as opções diplomáticas “abertas e viáveis”.

“Eles estão sentindo a tensão. E acreditamos que esta campanha de pressão continua a ser o melhor caminho para forçar a mudança no comportamento de Kim Jong-un e levá-lo à mesa de negociações para discussões significativas”, disse Hook durante uma entrevista coletiva em 11 de janeiro.

Coreia do Norte, Kim Jong-un, sanções, bloqueio naval - Um navio norte-coreano passa pela cidade fronteiriça chinesa de Dandong (no fundo), na província de Liaoning, no Norte de China, em 4 de setembro de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)
Um navio norte-coreano passa pela cidade fronteiriça chinesa de Dandong (no fundo), na província de Liaoning, no Norte de China, em 4 de setembro de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)

Com sanções mais duras agora em vigor, o Departamento de Estado dos EUA está procurando maneiras de garantir que a Coreia do Norte não contorne os limites punitivos nas importações e 90% das exportações divulgadas publicamente.

Um bloqueio naval marcaria um momento decisivo. As considerações sobre um bloqueio naval surgem quando os Estados Unidos consideram seriamente o chamado “ataque de sangrar o nariz”, uma intervenção limitada na Coreia do Norte visando puni-la por qualquer provocação adicional sem resultar numa guerra completa.

“Nós certamente colocamos a ameaça militar credível na mesa, mas nossa preferência definitiva é por uma solução negociada”, disse Hook.

Isso significa reprimir qualquer pessoa que não cumpra as sanções vigentes.

“Precisamos fazer mais para lidar com as embarcações que estão envolvidas em atividades proibidas segundo as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, disse Hook.

Uma maneira de fazer isso é punir os navios individuais envolvidos no contrabando, proibindo-os de entrar em outros portos e colocando-os fora dos negócios.

“Precisamos intensificar as consequências para os navios envolvidos nesse tipo de atividade”, afirmou.

Mas a discussão de um bloqueio naval pode ser parte do que está perturbando o regime chinês, que se opõe às negociações em Vancouver.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse aos repórteres em Pequim que a reunião em Vancouver prejudicaria os esforços de paz.

“Isso só criará divisões dentro da comunidade internacional e prejudicará os esforços conjuntos para resolver adequadamente a questão nuclear da Península Coreana”, disse o porta-voz Lu Kang aos repórteres em Pequim na quarta-feira, de acordo com a CBC.

Coreia do Norte, Kim Jong-un, sanções, bloqueio naval - Um soldado norte-coreano caminha na margem do Rio Yalu na cidade de Sinuiju, na Coreia do Norte, do lado oposto da cidade de Dandong, na província de Liaoning, no Nordeste da China, em 10 de abril de 2013 (Wang Zhao/AFP/Getty Images)
Um soldado norte-coreano caminha na margem do Rio Yalu na cidade de Sinuiju, na Coreia do Norte, do lado oposto da cidade de Dandong, na província de Liaoning, no Nordeste da China, em 10 de abril de 2013 (Wang Zhao/AFP/Getty Images)

A China e a Rússia não foram convidadas para a reunião. Apesar de serem elementos importantes para qualquer bloqueio bem sucedido, dado que os dois países compartilham fronteiras com a Coreia do Norte. Mas eles também são os únicos apoiadores ideológicos do regime norte-coreano, defendendo o regime em princípio, apesar de suas ameaças nucleares. Eles também foram responsáveis pela criação da Coreia do Norte e por dar-lhe o apoio necessário para iniciarem a Guerra da Coreia.

A China e a Rússia deram à Coreia do Norte uma linha vital, dois aliados no Conselho de Segurança da ONU prontos para restringir as sanções a um nível tolerável. Mas as novas sanções de dezembro, e limites mais duros sobre as importações de petróleo, coincidiram com o interesse da Coreia do Norte em renovar as opções diplomáticas.

Começando com o discurso de ano novo de Kim Jong-un, o regime desviou-se das provocações beligerantes para a diplomacia, pedindo uma solução bilateral para a crise atual procurando trabalhar com a Coreia do Sul.

Para esse efeito, a Coreia do Norte iniciou negociações para viabilizar sua entrada nos próximos Jogos Olímpicos na Coreia do Sul.

Mas enquanto os Estados Unidos e outras nações se congratularam com essas negociações, a Coreia do Norte continua a proclamar seu firme compromisso com seu programa de armas nucleares.

Sem mudança neste ponto-chave, o Departamento de Estado dos EUA está pedindo mais controles financeiros para cortar qualquer dinheiro ilícito que flua do e para o regime da Coreia do Norte, disse Hook.

“Vamos impor sanções secundárias quando precisarmos, e isso é algo que os chineses entendem muito claramente de nossas conversas”, disse Hook.

Essas sanções poderiam visar bancos e empresas chinesas adicionais, principais parceiros do regime norte-coreano.

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