Paradas militares na Coreia do Norte inspiraram muitas risadas no passado entre os especialistas em armas. Havia soldados que levavam armas da Segunda Guerra Mundial, tropas das forças especiais com óculos de sol impróprios para o combate e mísseis móveis com suas ogivas deformadas.
No entanto, os programas de armas do regime comunista não estão tão atrasados atualmente como alguns podem imaginar, e isso se deve principalmente às armas e tecnologias que obtiveram de outras nações, o que ajudou a impulsionar seu programa nuclear.
Quando a Coreia do Norte lançou recentemente mísseis balísticos sobre o Japão, publicou imagens mostrando um Transporter Erector Launcher (TEL) fornecido pelo regime chinês. A agência de notícias Reuters informou que o primeiro lançamento foi feito provavelmente através de um TEL. Esses lançadores não são de forma alguma motivo para zombaria, pois são tecnologias que os Estados Unidos ainda estão desenvolvendo para seus mísseis balísticos intercontinentais.
Eles dão ao regime rebelde a capacidade de manter suas armas nucleares em movimento e a capacidade de lançar ogivas nucleares sem aviso prévio.
“Estes TEL são de grande importância. Sem eles, os norte-coreanos não poderiam lançar ataques nucleares de surpresa contra os Estados Unidos ou nossos aliados”, disse Rick Fisher, pesquisador do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia.
Ao fornecer os lançadores à Coreia do Norte, disse Fisher, o Partido Comunista Chinês “ajudou diretamente a Coreia do Norte a se tornar capaz de lançar ataques nucleares surpresa” e observou que quando a China enviou os TEL à Coreia do Norte por volta de 2011, a troca foi monitorada por satélites japoneses, sul-coreanos e norte-americanos.
Fisher observou que, embora os Estados Unidos tenham TEL para armas como foguetes de artilharia e mísseis balísticos de curto alcance, não possui veículos de transporte de mísseis balísticos de médio ou longo alcance.
“Nós não temos o TEL de 16 rodas que a Rússia, a China, a Coreia do Norte ou o Paquistão têm para seus mísseis”, disse ele.
Segundo Fisher, embora a Coreia do Norte ainda não consiga colocar um míssil balístico intercontinental (ICBM) em um TEL, exibiu um TEL capaz disso durante um desfile recente, com um tubo de lançamento a frio acoplado no topo.
“O ICBM de três estágios de combustível sólido da Coreia do Norte não está pronto, mas ao colocar o tubo em cima do TEL, os norte-coreanos nos dizem que estão a caminho”, disse ele.
Próximos objetivos da Coreia do Norte
A Coreia do Norte não está realizando testes de armas nucleares e mísseis balísticos de forma fortuita. Em vez disso, seus testes seguiram um rumo bem determinado.
De acordo com Willliam Triplett, veterano da Casa Branca no governo Reagan e da comunidade de inteligência dos EUA, o regime norte-coreano lançou uma imagem crítica após o lançamento de um míssil TEL que sobrevoou o Japão, mostrando sua equipe de mísseis junto ao TEL depois que a arma tinha sido disparada. Isso sugere, ele disse, que o TEL conseguiu sobreviver ao lançamento.
Triplett disse: “Se de fato eles têm a capacidade de transportar essas coisas nas estradas e parar e atirar naquele momento, isso torna muito mais difícil eliminá-las”.
Ele observa que o último lançamento faz parte de uma série de desenvolvimentos que a Coreia do Norte parece ter feito, e esse padrão também mostra quais são os próximos planos.
Observando os acontecimentos na Coreia do Norte, ele disse que o próximo passo lógico seria testar uma bomba de hidrogênio no oceano e depois lançar um míssil de um submarino.
O ditador norte-coreano Kim Jong-un já disse que planeja testar uma bomba de hidrogênio no Oceano Pacífico, embora Triplett tenha dito que as novas sanções contra a Coreia do Norte que o presidente Donald Trump lançou poderiam prejudicar seus planos.
Se a Coreia do Norte conseguir avançar com o teste, no entanto, Triplett disse: “Então, o próximo passo é um lançamento submarino”.
A Coreia do Norte já possui vários submarinos da era soviética, incluindo modelos capazes de disparar mísseis balísticos. Ela está atualmente desenvolvendo suas próprias versões desses submarinos.
Ela adquiriu esses submarinos soviéticos enferrujados na década de 1990, e incluiu submarinos da classe Golf. Fisher disse que este modelo era capaz de lançar até três mísseis balísticos e que pelo menos um deles ainda estava carregado com seus mísseis.
“A Coreia do Norte também pode ter trabalhado muito para copiar ou fazer engenharia reversa do submarino russo de lançamento de mísseis balísticos, mas, além disso, a China teve o último submarino de classe Golf em serviço até 2012 e tem 30 anos de experiência em manutenção e desenvolvimento desse submarino “, disse ele.
Fisher assinalou que a história do apoio chinês à Coreia do Norte pode significar que o Partido Comunista Chinês ajudou a Coreia do Norte a desenvolver ou restaurar seus submarinos.
A Coreia do Norte, disse ele, está prestes a lançar dois submarinos balísticos de classe maior, possivelmente submarinos de 3.000 toneladas, que poderiam ser do mesmo tamanho que os da classe Golf soviética.
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