Um desertor da Coreia do Norte descreveu as torturas e a perseguição praticadas contra os cristãos, que rezam com os olhos abertos e em voz baixa, murmurando cânticos por medo de serem descobertos.
Choi Kwanghyuk, de 55 anos, vive nos Estados Unidos desde 2013, quando fugiu do regime comunista temendo por sua vida, e ele descreve sua nova vida no Ocidente como “estar no céu”.
As autoridades da Coreia do Norte mantêm um controle rigoroso sobre a informação que entra e sai do país asiático, mas os testemunhos dos desertores oferecem um vislumbre do regime hermético comandado por Kim Jong-un.
Choi descreveu em entrevistas recentes como é a perseguição religiosa, explicando como foi “interrogado” sobre sua fé pelos serviços de segurança em 2008, quando as autoridades o prenderam por manter uma igreja cristã clandestina.
55-yr-old North Korean defector Choi Kwanghyuk describes 'life of hell' for Christians https://t.co/xguopQetwp #NorthKorea
— Alexandra Lee (@Christseekerk) October 25, 2017
Ele afirmou que as autoridades tentaram forçá-lo a renunciar ao Cristianismo.
“Eles me torturaram”, contou ele à Fox News. “Eu continuei me negando a isso”.
As lesões sofridas como resultado da tortura e do encarceramento o impediram de trabalhar.
Choi nunca tinha ouvido falar do termo “igreja subterrânea”, usado para descrever o tipo de grupos religiosos secretos como aquele que ele liderava.
A igreja subterrânea de Choi estava literalmente debaixo da terra, em um buraco usado para armazenamento no inverno, disse ele.
“Na Coreia do Norte, cavamos buracos no chão para armazenar kimchee (comida típica coreana) e batatas durante o inverno. Lá faz muito frio e se não enterramos a comida no subsolo, ela congela. Não temos aquecimento”, disse para o jornal Christian Post no dia 6 de outubro.
“Nos reunimos em um buraco retangular e usamos uma lanterna para estudar a Bíblia. Como não podemos cantar em voz alta, fazemos os louvores murmurando os cânticos”, disse ele.
“Eu decidi fugir porque pensei que, uma vez que fosse enviado para outro campo, eles poderiam me mandar para um campo de concentração ou então me matar”, disse Choi à Fox News. “Eu viajei de um lugar para outro entre a China e a Coreia do Norte, mas eles me procuravam e eu sabia que isso colocaria meus amigos em perigo, então eu fui embora”.
Ele disse que os cristãos no campo de prisioneiros não aceitam acordos de liberdade se isso significar desistir de suas crenças.
A Coreia do Norte é o lugar mais opressivo do mundo para os cristãos, de acordo com a Open Doors, organização que monitora a opressão contra os cristãos em todo o mundo.
“Os cristãos se vêm obrigados a esconder sua fé diante das autoridades governamentais, vizinhos e, muitas vezes, mesmo diante de seus próprios cônjuges e filhos”, afirma a Open Doors em seu site.
Por causa da vigilância sempre presente, muitos rezam com os olhos abertos e é praticamente impossível reunir-se para louvar ou demonstrar fraternidade.
“A adoração da família Kim é obrigatória para todos os cidadãos, e aqueles que não cumprem (incluindo os cristãos) são detidos, presos, torturados ou mortos. Famílias inteiras de cristãos são presas em campos de trabalho forçado, onde um número desconhecido morre todos os anos devido a tortura, espancamento, trabalho exaustivo e fome “, afirma a Open Doors.
Calcula-se que existam 300 mil cristãos na Coreia do Norte, com 50 mil a 70 mil mantidos em campos de prisioneiros.
“Em uma nação onde o regime dominante exige controle total sobre o público em geral, tudo o que desafia o poder do governo é visto como uma ameaça, incluindo a religião”, disse Jeff King, presidente da International Christian Concern. “Como resultado, o regime norte-coreano faz tudo o que está ao seu alcance para esmagar a expansão do cristianismo”.
“Há uma enorme diferença entre a minha vida na Coreia do Norte e a minha vida nos Estados Unidos”, afirmou Choi à Fox.
“A vida na Coreia do Norte é um inferno… a vida na América é como o céu”.
Outro desertor descreveu recentemente como até mesmo os comandantes militares de alto escalão vivem na Coreia do Norte em temor constante, descreveu as execuções realizadas com armas antiaéreas, e como os militares complementam os magros salários (40 centavos por mês) com enormes subornos.
As execuções públicas, junto com a tortura, os trabalhos forçados e a prisão arbitrária são utilizadas para manter um clima de medo e controle, de acordo com um relatório da Human Rights Watch publicado em 2017.
“O governo pratica o castigo coletivo por supostos crimes anti-estatais, escravizando centenas de milhares de cidadãos, inclusive crianças, em campos de prisioneiros e outros centros de detenção”, menciona o relatório.
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