Coreia do Norte está sentindo pressão das sanções, diz Trump

03/01/2018 01:35 Atualizado: 03/01/2018 01:35

Após meses de ameaças nucleares do regime norte-coreano, as sanções posteriormente impostas estão começando a doer. O presidente estadunidense Donald Trump escreveu no Twitter em 2 de janeiro que as sanções estão tendo “um grande impacto” no regime em Pyongyang, que agora ofereceu negociar com a Coreia do Sul.

Uma nova rodada de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) foi adotada no mês passado. As sanções limitam a quantidade de petróleo que pode ser vendido para a Coreia do Norte, ampliando as limitações já impostas pelo Conselho de Segurança da ONU em setembro.

Não está claro a que “outras” pressões Trump poderia estar se referindo, mas desde que chegou ao cargo no ano passado, ele trabalhou com os aliados dos Estados Unidos na região para pressionar o regime norte-coreano a desistir de seu programa de armas nucleares.

Isso inclui a ameaça do uso de força militar, se necessário. Nos últimos meses, os Estados Unidos aumentaram sua presença militar na região, implantando jatos de combate F-35 no Japão, bem como sistemas avançados de defesa antimíssil na Coreia do Sul e no Japão.

Leia também:
• Norte-coreanos indicam que preferem ser sul-coreanos
• Soldado da Coreia do Norte que desertou é imune ao antraz
• Satélites detectam navios chineses comercializando petróleo ilegalmente com Coreia do Norte

Em sua mensagem de Twitter, Trump também disse que os soldados da Coreia do Norte estão desertando cada vez mais para a Coreia do Sul.

“Os soldados estão fugindo perigosamente para a Coreia do Sul”, escreveu Trump.

Houve vários relatórios nos últimos meses de soldados e marinheiros norte-coreanos que desertaram. Um dos mais divulgados foi o de um soldado norte-coreano que atravessou a fronteira enquanto sob uma chuva de balas disparadas pelas tropas norte-coreanas.

Também houve relatos de dentro da Coreia do Norte sobre a baixa moral e pobre estado de seus militares devido à fome e provisões insuficientes.

Trump também respondeu à aparente abertura do ditador norte-coreano Kim Jong-un sobre iniciar negociações com a Coreia do Sul.

Os comentários foram feitos por Kim Jong-un em seu discurso de Ano Novo. Sua predisposição a conversar com a Coreia do Sul vem após meses de ameaças de ataques nucleares contra os EUA, o Japão e a Coreia do Sul, transmitidas pela mídia estatal norte-coreana.

“O homem-foguete agora quer conversar com a Coreia do Sul pela primeira vez. Talvez seja uma boa notícia, talvez não; vamos ver!”, escreveu Trump.

Coreia do Norte, sanções, diálogo, programa nuclear - O lançamento de quatro mísseis balísticos pelo Exército Popular Coreano durante um exercício militar num local não revelado na Coreia do Norte; imagem publicada pela agência estatal de notícias KCNA em 7 de março de 2017 (AFP/Getty Images)
O lançamento de quatro mísseis balísticos pelo Exército Popular Coreano durante um exercício militar num local não revelado na Coreia do Norte; imagem publicada pela agência estatal de notícias KCNA em 7 de março de 2017 (AFP/Getty Images)

A abertura de Kim Jong-un poderia significar que as sanções estão tendo um impacto tão grande que ele agora está disposto a negociar. No entanto, também pode significar que Kim está tentando ganhar tempo para finalizar o desenvolvimento das armas nucleares do seu regime.

Ao longo das últimas décadas, a Coreia do Norte fez acordos com os Estados Unidos apenas para ganhar tempo e receber ajuda financeira e material crucial para o regime.

Um acordo que o presidente Bill Clinton alcançou com a Coreia do Norte em 1994 proporcionou ao regime ajuda financeira e material em troca do fim de seu programa de armas nucleares.

O regime, no entanto, quebrou o acordo e continuou o desenvolvimento das armas.

Trump deixou claro que não fará um acordo com a Coreia do Norte que não inclua a desnuclearização completa do regime.

Talvez seja por isso que Kim Jong-un esteja agora se aproximando da Coreia do Sul, cuja presidente Moon Jae-in assumiu uma posição muito mais suave em relação à Coreia do Norte, incluindo a vontade de continuar o envio de ajuda para o regime.

O auxílio enviado à Coreia do Norte tem sido usado pelo regime para prover seus militares, bem como seus altos funcionários comunistas. Um desertor do alto escalão, Ri Jong-ho, disse na Sociedade da Ásia em outubro que ele testemunhou pessoalmente que a ajuda estrangeira estava sendo carregada em caminhões militares.

Ri Jong-ho também disse que muitos oficiais de destaque estão desapontados com o governo de Kim Jong-un e que a perda de seus privilégios na forma de riqueza significaria que eles poderiam se levantar contra ele.

Leia também:
• Navios-fantasma da Coreia do Norte cheios de esqueletos à deriva no Pacífico
• “Tenho botão nuclear em minha mesa”, ameaça ditador da Coreia do Norte no Ano Novo
• Ataque preventivo, decapitar liderança e outras opções para reduzir mortalidade numa guerra com Coreia do Norte