Após meses de ameaças nucleares do regime norte-coreano, as sanções posteriormente impostas estão começando a doer. O presidente estadunidense Donald Trump escreveu no Twitter em 2 de janeiro que as sanções estão tendo “um grande impacto” no regime em Pyongyang, que agora ofereceu negociar com a Coreia do Sul.
Uma nova rodada de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) foi adotada no mês passado. As sanções limitam a quantidade de petróleo que pode ser vendido para a Coreia do Norte, ampliando as limitações já impostas pelo Conselho de Segurança da ONU em setembro.
Não está claro a que “outras” pressões Trump poderia estar se referindo, mas desde que chegou ao cargo no ano passado, ele trabalhou com os aliados dos Estados Unidos na região para pressionar o regime norte-coreano a desistir de seu programa de armas nucleares.
Isso inclui a ameaça do uso de força militar, se necessário. Nos últimos meses, os Estados Unidos aumentaram sua presença militar na região, implantando jatos de combate F-35 no Japão, bem como sistemas avançados de defesa antimíssil na Coreia do Sul e no Japão.
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Em sua mensagem de Twitter, Trump também disse que os soldados da Coreia do Norte estão desertando cada vez mais para a Coreia do Sul.
“Os soldados estão fugindo perigosamente para a Coreia do Sul”, escreveu Trump.
Houve vários relatórios nos últimos meses de soldados e marinheiros norte-coreanos que desertaram. Um dos mais divulgados foi o de um soldado norte-coreano que atravessou a fronteira enquanto sob uma chuva de balas disparadas pelas tropas norte-coreanas.
Também houve relatos de dentro da Coreia do Norte sobre a baixa moral e pobre estado de seus militares devido à fome e provisões insuficientes.
Trump também respondeu à aparente abertura do ditador norte-coreano Kim Jong-un sobre iniciar negociações com a Coreia do Sul.
Os comentários foram feitos por Kim Jong-un em seu discurso de Ano Novo. Sua predisposição a conversar com a Coreia do Sul vem após meses de ameaças de ataques nucleares contra os EUA, o Japão e a Coreia do Sul, transmitidas pela mídia estatal norte-coreana.
“O homem-foguete agora quer conversar com a Coreia do Sul pela primeira vez. Talvez seja uma boa notícia, talvez não; vamos ver!”, escreveu Trump.
A abertura de Kim Jong-un poderia significar que as sanções estão tendo um impacto tão grande que ele agora está disposto a negociar. No entanto, também pode significar que Kim está tentando ganhar tempo para finalizar o desenvolvimento das armas nucleares do seu regime.
Ao longo das últimas décadas, a Coreia do Norte fez acordos com os Estados Unidos apenas para ganhar tempo e receber ajuda financeira e material crucial para o regime.
Um acordo que o presidente Bill Clinton alcançou com a Coreia do Norte em 1994 proporcionou ao regime ajuda financeira e material em troca do fim de seu programa de armas nucleares.
O regime, no entanto, quebrou o acordo e continuou o desenvolvimento das armas.
Trump deixou claro que não fará um acordo com a Coreia do Norte que não inclua a desnuclearização completa do regime.
Talvez seja por isso que Kim Jong-un esteja agora se aproximando da Coreia do Sul, cuja presidente Moon Jae-in assumiu uma posição muito mais suave em relação à Coreia do Norte, incluindo a vontade de continuar o envio de ajuda para o regime.
O auxílio enviado à Coreia do Norte tem sido usado pelo regime para prover seus militares, bem como seus altos funcionários comunistas. Um desertor do alto escalão, Ri Jong-ho, disse na Sociedade da Ásia em outubro que ele testemunhou pessoalmente que a ajuda estrangeira estava sendo carregada em caminhões militares.
Ri Jong-ho também disse que muitos oficiais de destaque estão desapontados com o governo de Kim Jong-un e que a perda de seus privilégios na forma de riqueza significaria que eles poderiam se levantar contra ele.
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