Poucas semanas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas haver imposto novas sanções à Coreia do Norte por seu programa de armas nucleares, o regime admitiu que as restrições estavam exercendo um impacto.
As novas sanções foram aprovadas em 11 de setembro em resposta ao sexto teste nuclear subterrâneo pela Coreia do Norte. Elas proibiram todas as vendas de gás natural para o Norte, limitam a quantidade de petróleo que podem ser vendidas ao país e baniram suas exportações de produtos têxteis.
O presidente Donald Trump, que pressionou pelas sanções, originalmente queria uma suspensão completa da venda de petróleo, mas recebeu uma intervenção da Rússia e da China.
A mídia estatal da Coreia do Norte declarou em 29 de setembro que as sanções estão causando uma “quantidade colossal de danos”. A mídia também ameaçou os Estados Unidos de extinção.
É uma admissão rara pelo regime norte-coreano ─ que frequentemente se orgulha, em sua propaganda, de ser uma nação socialista modelo que é indispensável para o mundo ─ dos efeitos das sanções.
Ao visitar a China, o secretário de Estado, Rex Tillerson, disse que as novas sanções impostas à Coreia do Norte estão começando a ter efeito.
“Os chineses também estão nos dizendo que está tendo um efeito, e eles têm uma visão bastante próxima”, disse Tillerson durante uma coletiva de imprensa com o embaixador dos EUA, Terry Branstad, em 30 de setembro.
O ditador Kim Jong Un perseguiu incansavelmente o desenvolvimento de armas nucleares. O programa foi iniciado por seu avô, Kim Il Sung, e estabelecido por seu pai, Kim Jong Il.
A mídia estatal norte-coreana informou no mês passado que o programa nuclear estatal está quase concluído.
O regime tem um histórico de continuar seu caro programa nuclear, apesar do grande sofrimento de sua população. Pelo menos 1 milhão de pessoas morreram de fome e doença na Coreia do Norte nos últimos dez anos, de acordo com a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional.
Um ex-guarda de um dos campos de prisão da Coreia do Norte disse em depoimento como testemunha publicado pelo Departamento de Estado dos EUA em 25 de agosto que muitos dos presos são como “esqueletos ambulantes”, “anões” e “aleijados em trapos”.
O regime compromete até 24% de seu Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares, de acordo com os números mais recentes do Departamento de Estado.
Em comparação, os membros da OTAN têm a meta de gastar 2% do PIB em defesa a cada ano, e a maioria de seus membros não chega a isto. Os Estados Unidos gastaram 3,6% de seu PIB no ano passado em defesa.
Durante sua visita à China em 30 de setembro, Rex Tillerson disse que os Estados Unidos mantêm até três linhas diretas de comunicação com a Coreia do Norte no momento. “Nós podemos conversar com eles. Nós conversamos com eles”, disse Tillerson.
Em resposta aos comentários de Tillerson, Trump disse no Twitter em 1º de outubro que havia lhe dito que “ele está desperdiçando seu tempo tentando negociar com o pequeno homem foguete”, referindo-se a Kim Jong Un. “Poupe sua energia, Rex, faremos o que tem que ser feito!”, escreveu Trump.
O senador Bob Corker (Republicano) também descartou a ideia de que conversar com a Coreia do Norte resulte no fim de seu programa nuclear.
“[Tillerson] trabalhando contra a visão unificada de nossas agências de inteligência, que dizem que não há nenhuma pressão que pode ser colocada sobre eles para parar”, disse Corker.
Kim vê mísseis balísticos intercontinentais de ponta nuclear como “seu ingresso para a sobrevivência”, disse Corker.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, mês passado, Trump disse que, enquanto os Estados Unidos possuem “grande força e paciência”, “não teria outra escolha senão destruir totalmente a Coreia do Norte” se for forçado a se defender ou a seus aliados.
O chefe militar de alto escalão americano e presidente do Estado-Maior, o general Joseph Dunford Jr., disse que se deve assumir que a Coreia do Norte têm a capacidade de atacar os Estados Unidos com um míssil nuclear.
“Francamente, acho que devemos assumir hoje que a Coreia do Norte tem essa capacidade e tem a vontade de usar essa capacidade”, disse Dunford antes da reunião da Comissão de Serviços Armados do Senado em 26 de setembro.
China
Sob pressão de Trump, a China concordou em impor sanções mais rigorosas à Coreia do Norte. Em 28 de setembro, a China deu às empresas norte-coreanas no país 120 dias para fecharem.
O Banco Central da China também instruiu outros bancos chineses a não fornecer mais financiamento para a Coreia do Norte.
Os movimentos recentes da China foram elogiados por Trump, que descreveu o líder chinês Xi Jinping como amigo.
A China comunista é uma conexão vital para a Coreia do Norte, que depende do comércio e de seu financiamento. A China tem sido fundamental para o desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte.
No entanto, sob o governo de Xi, as coisas estão mudando. As relações estreitas com o Norte foram cultivadas principalmente pelo ex-ditador comunista chinês Jiang Zemin. Enquanto Xi está oficialmente no poder, Jiang ainda controla partes do regime através de seus leais, limitando a capacidade de Xi para implementar a reforma.
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