A Coreia do Norte afirmou nesta terça-feira (07) que o projétil que disparou ontem era um novo tipo de míssil balístico hipersônico de alcance intermediário cujo lançamento foi acompanhado pelo ditador Kim Jong-un, ressaltando que a arma busca “fazer frente às diferentes ameaças à segurança” enfrentadas pelo país.
O veículo planador hipersônico (HGV) instalado na cabeça do míssil atingiu um primeiro zênite de 99,8 quilômetros e um segundo de 42,5 quilômetros, viajando um total de 1.500 quilômetros a uma velocidade 12 vezes maior que a do som antes de atingir o alvo simulado no mar, segundo informou hoje a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
O Exército sul-coreano disse ontem que o míssil foi lançado perto de Pyongyang e voou cerca de 1.100 quilômetros antes de cair no Mar do Japão (chamado de Mar do Leste nas duas Coreias).
Os HGV têm a capacidade de planar e traçar trajetórias irregulares, o que complica muito o trabalho dos escudos de defesa antimísseis.
Seul fala em “embuste”
De qualquer forma, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) disse nesta terça-feira que “a alegação da Coreia do Norte sobre o segundo pico é provavelmente um embuste”.
“O alcance de voo analisado por Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão é de cerca de 1.100 quilômetros e (o míssil) não atingiu um segundo zênite”, explicou o porta-voz do JCS, Lee Sung-jun, em uma entrevista coletiva.
Pelas fotos publicadas pela imprensa norte-coreana, o míssil parece muito semelhante ao Hwasong-16B, um míssil balístico hipersônico de médio alcance que funciona com combustível sólido testado pelo regime em abril do ano passado, embora, de acordo com a KCNA, neste caso foi usado “um novo composto de fibra de carbono” para fabricar o corpo do motor e o projétil também usa um “novo sistema de controle de voo e orientação”.
Questionado se estas inovações incluídas no projeto podem corresponder a transferências tecnológicas por parte da Rússia em troca do envio de armas e tropas para apoiar a invasão da Ucrânia, o porta-voz do JCS considerou que esta é uma possibilidade que não deve ser descartada.
Este “novo sistema de armamento estratégico” está integrado ao “plano para o desenvolvimento de capacidades de defesa nacional com o fim de aumentar a durabilidade e a eficácia da dissuasão estratégica contra potenciais rivais, em conformidade com o volátil entorno de segurança regional”, diz o artigo da “KCNA”.
Monitoramento em sala de controle
Kim Jong-un acompanhou o teste por vários monitores em uma sala de controle com sua filha, cujo nome se acredita ser Kim Ju-ae, e ficou satisfeito com o resultado, dizendo que a arma pode “lidar com as várias ameaças à segurança que os países hostis atualmente representam para o nosso país”, referindo-se a Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão.
De acordo com o ditador norte-coreano, esse “sistema de mísseis hipersônicos deterá de forma confiável qualquer adversário na região do Pacífico que possa comprometer a segurança nacional”.
“Existem apenas alguns países no mundo que têm tais sistemas de armas”, afirmou Kim, acrescentando que seu desenvolvimento se destina “para autodefesa” e não faz parte de um plano ofensivo.
Por fim, o marechal considerou que esta arma servirá “como eixo central da dissuasão estratégica”, que será “um meio que mudará o panorama do campo de batalha” e que seu “desempenho não pode ser ignorado em nível global, pois pode penetrar efetivamente qualquer barreira sólida de defesa e desferir um sério golpe militar no oponente”.