A Coreia do Norte afirmou, nesta sexta-feira (25), que o envio de suas tropas para a Rússia “cumpriria o direito internacional” caso ocorresse, segundo consta em um comunicado do seu Ministério das Relações Exteriores que é o primeiro do regime em alusão ao destacamento norte-coreano supostamente destinado à frente de batalha na Ucrânia.
“Se acontecer algo como o que a mídia internacional está falando, acho que seria uma ação que cumpre as normas jurídicas internacionais”, disse Kim Jong-gyu, vice-ministro das Relações Exteriores responsável pela Rússia, em um comunicado distribuído pela agência de notícias estatal “KCNA”.
“Acho que certamente haverá forças que querem apresentá-la como ilegal”, acrescentou Kim em resposta a uma pergunta feita por um jornalista da agência oficial norte-coreana sobre a mobilização do Exército do país na Rússia.
“O nosso Ministério das Relações Exteriores não está diretamente envolvido no que o Ministério da Defesa faz e não sente necessidade de confirmá-lo separadamente”, destacou o vice-ministro.
A primeira declaração oficial do regime sobre o envio de tropas, na qual não confirma nem nega esta ação, é divulgada depois de o líder russo, Vladimir Putin, também ter se manifestado de forma ambígua sobre o assunto, afirmando que a forma como Moscou e Pyongyang aplicam seu acordo de assistência de defesa mútua “é assunto deles”.
A Coreia do Sul e os Estados Unidos afirmam que cerca de 3.000 soldados norte-coreanos estão atualmente em bases no Extremo Oriente russo.
O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) estimou esta semana que cerca de 10.000 soldados poderiam ser enviados para a Ucrânia para apoiar o Exército russo em combate até dezembro.
A Coreia do Norte – que forneceu remessas significativas de armas ao Exército russo desde o ano passado – e a Rússia negaram as alegações feitas por Kiev e Seul sobre a possibilidade de contingentes norte-coreanos lutarem na Ucrânia.
O NIS considera, como muitos especialistas, que o envio de tropas se baseia no pacto de associação estratégica que Pyongyang e Moscou assinaram em junho e que prevê assistência mútua no caso de um dos dois países ser atacado, um cenário que teria sido aberto após as incursões ucranianas nas regiões russas de Belgorod e Kursk.