Conselho de Segurança da ONU aprova trégua de 30 dias na Síria e supera resistência da Rússia

"O comportamento e o papel da Rússia e do Irã na Síria são 'uma vergonha'", disse Trump.

26/02/2018 22:25 Atualizado: 26/02/2018 23:19

Por Jesús de León, Epoch Times

O Conselho de Segurança da ONU aprovou no sábado (24) uma resolução que pede cessar-fogo de 30 dias em toda a Síria, a fim de facilitar a chegada de ajuda humanitária e a evacuação dos feridos.

A resolução foi aprovada após uma séria escalada de violência em Guta Oriental, reduto rebelde nos arredores de Damasco.

Nessa área, cerca de 400 mil pessoas estão presas e, desde domingo da semana passada, os ataques do regime de Bashar al-Assad na periferia de Damasco já causaram a morte de mais de 510 civis, incluindo 200 mulheres e crianças, de acordo com a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos.

As negociações da resolução sofreram paralisação e atraso devido à relutância russa em aprová-la enquanto a área vivia uma semana sangrenta.

“A cada minuto em que o Conselho ficou esperando pela Rússia, o sofrimento humano aumentava”, criticou a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley. “Nos três dias que levamos para conseguir um acordo sobre esta resolução, quantas mães perderam seus filhos nos bombardeios?”, ela perguntou.

Ela também afirmou que o povo sírio não deveria ter que morrer esperando que a Rússia organize instruções de Moscou ou as discuta com os sírios.

Finalmente, a Rússia apoiou um texto de compromisso, que teve prosseguimento com o apoio unânime dos quinze Estados membros.

O texto da resolução foi produzido pelo Kuwait e pela Suécia, e após vários atrasos decidiu-se votá-lo no sábado. Para evitar o veto russo, as referências a que o cessar-fogo começaria no prazo de 72 horas foram retiradas do texto e substituídas pela expressão “sem demora”, de acordo com a AFP, conforme publicado por El País.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta-feira (23) que o comportamento e o papel da Rússia e do Irã na Síria são “uma vergonha” e que o único interesse de Washington nesse conflito é eliminar o grupo radical ISIS.

Presidente dos EUA, Donald Trump (dir.) e o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull (esq.) participam de uma conferência de imprensa conjunta no Salão Leste da Casa Branca em 23 de fevereiro de 2018, em Washington, DC (Alex Wong/Getty Images)
Presidente dos EUA, Donald Trump (dir.) e o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull (esq.) participam de uma conferência de imprensa conjunta no Salão Leste da Casa Branca em 23 de fevereiro de 2018, em Washington, DC (Alex Wong/Getty Images)

“Digo a vocês que o que a Rússia, o Irã e a Síria fizeram recentemente é uma vergonha humanitária. Estamos lá por uma razão, eliminarmos o ISIS, e depois vamos para casa (…). Mas o que esses países estão fazendo é uma vergonha”, disse Trump em uma conferência de imprensa na Casa Branca juntamente com o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, segundo a Fox News.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, avaliou que a resolução aprovada neste sábado marca um momento de unidade do Conselho que deve ser aproveitado para manter o acordo além do prazo de 30 dias.

“Esperamos que esta resolução seja um momento de virada em que a Rússia se juntará a nós para acelerar a solução política para este conflito”, acrescentou.