A Comissão de Investigação e Acusação da Câmara dos Deputados da Colômbia, que é a única que pode iniciar um processo de destituição de um presidente, já abriu uma investigação contra o mandatário colombiano, Gustavo Petro, pelos fatos revelados pelo Ministério Público no caso do seu filho, Nicolás Petro.
“Está em curso um processo contra o presidente da República pelos fatos relacionados com as declarações feitas pela cidadã Daysuris Vásquez Castro meses atrás, isto está na fase de investigação preliminar”, disse o presidente da Comissão de Investigação e Acusação, Wadith Manzur, do partido Conservador.
A Comissão de Investigação e Acusação é a única com legitimidade para estudar casos contra um presidente eleito e pode, após a investigação do caso, remeter a sua destituição à Câmara dos Deputados para que possa ser apresentada ao Senado.
Esta investigação foi aberta antes de Vásquez e o seu ex-marido, Nicolás Petro, terem sido detidos no sábado (29) e acusados pelo Ministério Público, que revelou ontem que o filho de Petro confessou que parte do dinheiro que recebeu ilicitamente do tráfico de drogas entrou na campanha do pai.
De acordo com o comunicado assinado nesta sexta-feira por Manzur, os três representantes que investigam o caso na Câmara de Acusações determinarão a incorporação de novos meios, fatos ou denúncias.
“A comissão atuará em conformidade com a Constituição e a lei, com todas as garantias estabelecidas pelo sistema jurídico”, promete o comunicado.
As revelações
O procurador, Mario Burgos, disse em audiência na quinta-feira que Petro Burgos revelou que parte do dinheiro recebido ilegalmente de um narcotraficante e de empresários foi utilizado em seu próprio benefício e outra parte foi para a campanha presidencial de Petro em 2022.
“Na realidade, parte do dinheiro foi para os cofres dele (Nicolás Petro) e outra parte para a campanha presidencial de 2022, na qual o nosso atual presidente, Gustavo Petro Urrego, foi eleito”, disse o procurador.
Burgos também revelou uma rede de tráfico de influências, propinas e outras atividades ilícitas no departamento de Atlântico, onde Nicolás Petro é membro da Assembleia regional, posição que supostamente aproveitou para cometer os crimes de branqueamento de capitais e enriquecimento ilícito pelos quais foi acusado pelo Ministério Público.
Na audiência de quinta-feira, que foi retomada hoje, Nicolás Petro Burgos rejeitou as versões dos que afirmam que confessou os tais crimes envolvendo a campanha presidencial do seu pai por ter sido pressionado pelo Ministério Público.
“Senhor juiz, isto é para que fique registrado que a minha colaboração com a justiça foi uma decisão totalmente livre e isenta de qualquer tipo de pressão”, disse quando pediu a palavra.
Juntamente com Petro Burgos, o Ministério Público também acusou a sua ex-mulher Daysuris Vásquez de lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais, uma vez que foi ela quem fez denúncias à imprensa em março que levaram o Ministério Público a abrir uma investigação.
O presidente colombiano, por sua vez, deu encarregou um advogado para representá-lo neste caso, o juiz da Câmara de Cassação Penal da Suprema Corte de Justiça, Mauricio Pava Lugo, e disse que “serão os juízes em suas diferentes competências que definirão legalmente o que corresponda”.
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