Por Mathew Di Salvo, Epoch Times
Um massacre ocorrido na Colômbia nesta semana, atribuído a um confronto entre combatentes esquerdistas rivais, mostra que grupos armados continuam causando estragos no país, mesmo após o acordo de paz de 2016.
Em 30 de outubro, seis pessoas foram mortas em uma batalha que, segundo o exército colombiano, ocorreu entre o último grupo marxista rebelde organizado ainda existente, o Exército de Libertação Nacional (ELN) e membros dissidentes do grupo marxista desmobilizado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Embora não esteja claro se aqueles que morreram eram civis ou combatentes, o exército alegou que os enfrentamentos foram resultado de uma disputa territorial, depois que um membro das FARC foi morto a tiros em 29 de outubro. O massacre ocorreu em López de Micay, na região sul do Cauca, uma área rica em coca, ingrediente básico da cocaína. A violência em Cauca aumentou desde a assinatura do acordo de paz.
Três mulheres e três homens foram mortos, enquanto outros dois ficaram feridos. O exército informou que intensificará seus esforços para proporcionar segurança aos civis na região.
Embora o governo tenha assinado um acordo de paz com as FARC em 2016 — maior grupo rebelde envolvido na guerra civil de meio século do país — o que permitiu que eles lançassem seu próprio partido político, muitos ex-rebeldes desiludidos pegaram suas armas e retornaram para a selva.
Dizem que os rebeldes estão lutando com outros grupos, incluindo o ELN, em uma disputa de território em busca de lucrativos negócios com cocaína e mineração.
El Cauca é apenas uma das regiões da Colômbia onde o acordo de paz produziu poucas melhoras na segurança. Em 31 de outubro, o prefeito de Lopez de Micay, Wilmer Riascos, disse à imprensa local que “a grande bagunça” na região existe porque o Estado “nos deixou totalmente abandonados”.
“Esses grupos ilegais vieram para disputador o território”, acrescentou.
Os paramilitares de direita e os grupos de narcotraficantes estão presentes no sul do país, embora os rebeldes de esquerda tenham a maior presença. Mas a presença de todos os grupos armados é algo a ser temido, especialmente porque a área foi historicamente negligenciada pelo Estado.
“Em termos de números, eles [os grupos de esquerda] são os maiores grupos violentos em Cauca no momento”, disse Adam Isacson, diretor de supervisão de defesa do Escritório da América Latina em Washington, ao Epoch Times.
Em julho, sete pessoas foram encontradas mortas em um município de Cauca, enquanto no início deste mês, novamente em Cauca, a ativista social María Caicedo Muñoz foi sequestrada e depois encontrada morta.
Líderes sociais e ativistas são os mais afetados pela violência, enquanto os grupos armados ilegais se apressam em preencher o vazio que antes ocupava as FARC. Cerca de 173 deles foram assassinados em todo o país desde o início deste ano.
Mas os cidadãos também estão inseguros, já que a Colômbia continua sofrendo com um dos mais altos níveis de deslocamento interno do mundo, principalmente devido aos grupos armados. Mais de 90 mil colombianos foram forçados a fugir no ano passado devido a grupos armados ilegais que lutam pelo território.
“Se você é um cidadão comum vivendo em uma parte muito disputada do Cauca — ou em outra parte da Colômbia — provavelmente se sente inseguro porque está sendo extorquido por mais de um grupo, ou porque o grupo que está tentando exercer o controle é fraco e está na defensiva”, disse Isacson.
O último grupo rebelde em atividade na Colômbia, o ELN, foi fundado na década de 1960. Considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, o ELN travou uma guerra de cinco décadas contra o governo, participando de atentados a bomba, sequestros, extorsão e sabotagem de oleodutos.
As conversações de paz do governo com o grupo foram intermitentes durante o ano passado. O novo presidente colombiano, Iván Duque, enfatizou que não continuará conversando com o grupo rebelde até que ele pare com suas atividades criminosas.