Por Jesús de León, Epoch Times
O resgate do menino de 2 anos que está preso em um poço de 110 metros há nove dias constitui uma situação extrema e sem precedentes que conquistou os corações de todas as pessoas, incluindo de um policial civil que escreveu uma comovente carta.
A operação está mantendo o país inteiro em suspenso e enfrenta agora novos desafios devido a problemas técnicos que atrasaram o trabalho.
Em meio a tudo isso, esse poderoso testemunho foi tornado público, uma carta escrita por um policial que está fazendo o melhor que pode na área acidentada da pequena cidade de Totalán, na província de Málaga, na Espanha.
A Carta foi publicada pelo jornal Diario Sur.
Carta de um policial civil que trabalha em Totalán:
“Eu não tive escolha senão escrever algumas palavras sobre o que está acontecendo no caso do pequeno Julen. Longe das câmeras, dos políticos e das comunicações oficiais, é minha intenção dar meu testemunho do lado humano do que está acontecendo, porque isso está ultrapassando muitos limites.
Digamos que, por razões de proximidade, fui um dos que deixaram suas famílias com o almoço sobre a mesa naquele fatídico domingo 13. Lembro-me de que a ligação que fiz à minha esposa um pouco depois foi: ‘não me esperem nem para o jantar, vou demorar muito tempo’.
E foi a partir desse instante que os eventos que motivaram esse depoimento começaram a acontecer.
Como policial civil e como pessoa, reconheço que meu coração estremeceu ao lidar com os primeiros minutos de desespero dos membros da família, mas também me senti sobrecarregado ouvindo a estação e como a Central estava coordenando o aviso de mobilização para GEAS, MONTAÑA, Polícia Judiciária, SEPRONA, etc.
Faz pouco tempo que me tornei policial, mas tenho o direito de me sentir minúsculo perante tal exibição das unidades de elite da Polícia Civil.
Vê-los trabalhar, coordenados com a experiência dos bombeiros, físicos de carreira, engenheiros, etc, foi um exemplo de profissionalismo.
Foi incrível como entre todos, eles procuraram soluções e criaram “invenções” para poderem chegar a Julen nas melhores condições de segurança possíveis.
Não vou esquecer dos calafrios e das palpitações do meu coração enquanto olhava a tela da câmera em seu caminho pelo túnel onde ele caiu, tentativa após tentativa, porque embora meu desejo fosse ver Julen, eu sabia que iria cair no choro se isso acontecesse, mas por outro lado, eu não tinha certeza se queria que ele aparecesse naquelas circunstâncias e também já havia pensado na possibilidade de que ele não estava lá e que um novo caminho de esperança se abriria.
Foram momentos difíceis, de trabalho e tensão excessivos, e não havia alívio. Durante dois dias pude observar como alguns bombeiros e policiais dormiam em seus frios veículos para que a cabeça pudesse continuar funcionando.
Jamais esquecerei as palavras que um colega me falou depois de três dias de trabalho ininterrupto no poço: ‘ninguém vai parar até que o resgatemos, isso está muito claro’.
Infelizmente, todo esse esforço serviu pouco, no fim tivemos que fazer um verdadeiro trabalho de engenharia para resgatá-lo, com tudo o que isso implica, e com a preocupação de que o pequeno já estava lá há mais de 48 horas.
Eu também vi a admirável progressão das emoções dos pais, desde o desespero absoluto até uma tranquilidade sossegada que é um verdadeiro exemplo para todos.
Já estamos trabalhando duro por mais de uma semana, e não vamos negar, o corpo está exausto, mas o coração está intacto e temos vontade de sobra.
Tendo tudo isso em vista, a Espanha pode ficar tranquila, porque seus bombeiros, seu pessoal do GREA, a Defesa Civil, os voluntários, psicólogos, e claro, sua Polícia Civil NUNCA VÃO PARAR ATÉ DEVOLVER JULEN A SEUS PAIS, podem ter certeza disso.
E, claro, faço um agradecimento especial a todos que, altruisticamente, estão se tornando parte fundamental do resgate nos fornecendo refeições, bebidas e outros, que nos mantêm animados, ativos e ansiosos para continuar trabalhando.
Em Totalán sentimos o encorajamento da Espanha inteira, garanto a vocês. Sintam vocês o nosso e contem sempre com a gente.
Saudações de um policial como outro qualquer que está dando seu melhor em Totalán. Nós vamos conseguir”.