O alto comissário para a paz da Colômbia, Danilo Rueda, disse nesta sexta-feira (03) que um preso pagou 120 milhões de pesos (cerca de R$ 130 mil) para se beneficiar da “paz total”, o principal programa de governo do presidente Gustavo Petro.
“Um detento pagou 120 milhões de pesos a um advogado, supostamente para que essa pessoa pudesse ser transferida para um centro penitenciário de sua escolha”, afirmou Rueda à emissora “Caracol Radio”.
Rueda explicou que, após receber esta informação e verificar a situação, repassou a denúncia às autoridades competentes.
O alto comissário fez estas declarações depois que Petro pediu ao Ministério Público que investigasse seu irmão, Juan Fernando Petro, e seu filho mais velho Nicolás Petro, por supostos encontros em prisões onde, segundo algumas versões, se faziam passar por membros do governo para oferecer benefícios a detentos em troca de informações.
Nos últimos meses, foi divulgada a existência de um suposto “cartel de advogados” que estaria entrando nas prisões para oferecer benefícios a traficantes de drogas e até mesmo pedir-lhes dinheiro em troca de serem incluídos na “paz total” do governo.
O comissário Rueda explicou à emissora de rádio que todas as reuniões para os esforços de “paz total” têm protocolos para deixar rastreabilidade e validar as abordagens para se aderir à iniciativa governamental.
Petro tem defendido uma política de “paz total” com a qual pretende englobar vários grupos armados que operam no país para iniciar negociações de paz, embora neste momento o Exército de Libertação Nacional (ELN) seja o único com quem iniciou um diálogo formal.
Por outro lado, a “Caracol Radio” também informou hoje que o irmão de Petro, Juan Fernando, teria se encontrado com várias pessoas armadas em um restaurante em Medellín antes do segundo turno das eleições do ano passado.
Essa reunião contou com a presença de pelo menos 18 pessoas que chegaram ao restaurante armadas, usando óculos e perucas para esconder sua identidade.
Além disso, as câmeras de segurança teriam sido desligadas antes da chegada desse grupo ao local e o que foi consumido foi pago em dinheiro.
Nesse sentido, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) abriu na terça-feira um inquérito preliminar contra a campanha presidencial de Petro por supostas irregularidades em seu financiamento.
O CNE disse que tomou essa decisão “com base em denúncia anônima apresentada por supostas irregularidades no financiamento e prestação de contas de receitas e despesas da campanha eleitoral do primeiro e segundo turnos presidenciais” do Pacto Histórico, a coalizão de esquerda com a qual Petro chegou à presidência.
Em junho do ano passado, Petro venceu o segundo turno das eleições presidenciais contra Rodolfo Hernández e assim se tornou o primeiro presidente de esquerda do país.
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