A comissão da ONU que investiga crimes na Ucrânia desde o início da guerra lançada pela Rússia disse, nesta segunda-feira, que está atualizando com regularidade uma lista com a identidade dos autores de violações dos direitos humanos que serão entregues no futuro ao órgão competente das Nações Unidas.
Essa lista inclui não apenas nomes de indivíduos, mas também de entidades responsáveis pela prática de crimes, de acordo com as conclusões da comissão, disse hoje o seu presidente, Erik Mose, em uma apresentação perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Além disso, esta lista contém nomes que vão do topo até a base da hierarquia com responsabilidade pelas violações e será entregue no momento apropriado ao alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
O órgão chefiado por Turk guarda várias listas deste tipo, como as que contêm a identidade dos responsáveis pelo genocídio da minoria Rohingya em Mianmar ou pelos crimes durante a guerra civil que eclodiu na Síria em 2011.
O conteúdo destas listas é mantido em sigilo e tem como objetivo servir de base para uma acusação criminal quando essas situações forem julgadas por órgãos de Justiça nacionais ou internacionais.
A Comissão para a Ucrânia apresentou hoje seu último relatório ao Conselho dos Direitos Humanos, que destaca que continuam sendo recolhidas provas de que a Rússia está cometendo crimes de guerra, incluindo bombardeios ilegais, ataques contra civis, tortura, violência sexual e de gênero, e ataques contra infraestruturas energéticas.
Da mesma forma, foi documentado o “uso generalizado e sistemático de tortura pelas forças armadas russas” em áreas que caíram sob controle militar russo, especialmente contra pessoas acusadas de serem informantes das forças armadas ucranianas.
A este respeito, o colombiano Pablo de Greiff, membro da comissão, disse que é impossível determinar o número de pessoas torturadas e mortas por esta prática dado que não há acesso aos centros de detenção onde isto acontece e que são controlados pela Rússia.
“Penso que o que é importante neste momento é enfatizar a natureza generalizada destas práticas e que são suficientemente graves para causar a morte de alguém”, afirmou.
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