A Rússia segue cometendo crimes de guerra na Ucrânia, com ataques contra civis, tortura, violência sexual e de gênero, e ataques contra infraestruturas energéticas, segundo disse nesta segunda-feira uma comissão da ONU que investiga este tipo de crimes desde o início da invasão e que continua recolhendo provas.
Em uma apresentação ao Conselho de Direitos Humanos, a comissão informou que documentou ataques com armas explosivas contra edifícios residenciais, um centro médico em funcionamento, uma estação ferroviária, um restaurante, lojas e armazéns comerciais.
Em todos os casos houve vítimas civis, e instalações de serviços básicos foram danificadas ou completamente destruídas, disse o presidente do grupo de investigação, Erik Mose.
De acordo com as investigações dos comissários, que visitaram a Ucrânia dez vezes para recolher informações em primeira mão, ir aos locais atacados e entrevistar vítimas, a Rússia continua atacando civis e locais que gozam de proteção ao abrigo do direito humanitário internacional.
A comissão reconheceu perante o Conselho de Direitos Humanos que não tem nenhuma certeza sobre as causas da explosão da barragem de Nova Kakhovka, em junho, que causou uma catástrofe ecológica e humana ao provocar milhares de deslocamentos forçados e deixar dezenas de pessoas desaparecidas.
Outra questão sobre a qual não conseguiu chegar a uma conclusão é a extensão da transferência para a Rússia de crianças ucranianas não acompanhadas, organizada pelas autoridades deste país.
Disse que há falta de clareza e transparência em relação ao número de pessoas afetadas, às circunstâncias e à categoria das crianças transferidas, o que pode ameaçar o retorno às suas famílias.
Por outro lado, as investigações da comissão em Kherson e Zaporizhzhya revelaram “o uso generalizado e sistemático da tortura por parte das forças armadas russas”, em particular contra pessoas acusadas de serem informantes das forças armadas ucranianas.
A brutalidade documentada é extrema a ponto de por vezes causar a morte das pessoas torturadas. Além disso, os investigadores conseguiram estabelecer que a violência sexual foi perpetrada em Kherson contra mulheres com idades entre 19 e 83 anos.
Esta comissão, que foi criada logo após o início da guerra pela Rússia, no final de fevereiro de 2022, não recebeu resposta a nenhuma das comunicações que enviou ao governo de Moscou.
Seu segundo mandato anual terminará em março de 2024, quando apresentará um relatório atualizado ao Conselho de Direitos Humanos, que poderá decidir prorrogar sua missão por mais um ano.
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