Comércio entre Brasil e Argentina despenca 24,8% em 2024, aponta MDIC

Ajuste fiscal do governo Milei e queda nas importações impactam relações bilaterais enquanto Brasil fortalece comércio com EUA e União Europeia.

Por Redação Epoch Times Brasil
05/12/2024 16:20 Atualizado: 05/12/2024 16:20

Enquanto ocorre a 65ª cúpula do Mercosul na quinta-feira (5), as relações comerciais do Brasil com a Argentina se mostram cada vez mais fracas. A relação entre os países está desgastada, com divergências marcantes em diversas áreas, além de uma expressiva queda no comércio bilateral.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) referentes a outubro as exportações acumuladas no ano do Brasil para a Argentina entre janeiro e outubro de 2024 registraram uma queda de 24,8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em contrapartida, as importações de produtos argentinos cresceram 9,7%, resultando em uma significativa redução do superávit comercial brasileiro, que passou de US$ 4,75 bilhões para US$ 69 milhões.

Segundo a embaixadora Gisela Padovan, responsável pelas relações com a América Latina e Caribe no Itamaraty, a diminuição no comércio está diretamente relacionada ao ajuste fiscal promovido pelo governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei. As medidas de ajuste fiscal adotadas acabaram reduzindo a capacidade da Argentina de importar produtos brasileiros, o que impactou negativamente o comércio entre as duas nações.

“Eu não estou preparada para comentar em detalhes a economia argentina, mas é a única explicação. De uma hora para outra você tem uma queda deste tamanho. O que mudou este ano? Entrou um novo governo que promoveu um ajuste bastante forte e tem implicações infelizmente negativas para nós”, afirmou Padovan.

A corrente de comércio entre Brasil e Argentina apresentou uma queda de US$ 10,8 bilhões em 2024, segundo dados do MDIC.

Embora o Brasil tenha mantido um superávit de aproximadamente US$ 6 bilhões em relação ao Mercosul em 2023, o saldo em 2024 foi drasticamente menor.

Gisela Padovan destacou que, embora um equilíbrio comercial seja positivo, ele deve ocorrer a partir do crescimento do comércio, e não da retração nas transações, como tem sido observado.

Não há barreiras comerciais novas que justifiquem essa queda; no entanto, as dificuldades no relacionamento diplomático e a falta de um diálogo constante têm atrapalhado a resolução de problemas e a busca por novas oportunidades para impulsionar o comércio bilateral.

Apesar dos dados negativos com o país latino, o Brasil mostrou fortalecimento no comércio com os Estados Unidos, que cresceram 9,5% entre janeiro e outubro de 2024, um aumento de US$ 2,9 bilhões no valor das exportações,totalizando US$ 32,92 bilhões.

Os principais produtos que impulsionaram esse crescimento foram o gás natural liquefeito, aeronaves e peças, além de motores e máquinas não elétricos.

Já no comércio com a União Europeia, as exportações aumentaram em 7,58%, principalmente puxadas por óleos combustíveis de petróleo, medicamentos e produtos farmacêuticos.

Esse aumento, que representou um acréscimo de US$ 0,9 bilhões, reflete uma aproximação econômica importante e o avanço em negociações estratégicas com o bloco europeu, que incluem o tão aguardado acordo de livre comércio.