Michael Wolff, um colunista da USA Today, The Hollywood Reporter e da revista GQ, publicou um livro na sexta-feira, 5 de janeiro, sobre a presidência de Donald Trump.
Com base em revisões, resumos e uma longa adaptação, o livro tenta retratar Trump como intelectual-retardado. Ao fazê-lo, o retrato do livro está intimamente alinhado com a estratégia anti-Trump adotada pelo Partido Democrata logo após sua inauguração no cargo.
Wolff afirmou que seu livro baseia-se em “conversas que ocorreram durante um período de dezoito meses com o presidente, com a maioria dos membros seniores de sua equipe – alguns dos quais falaram comigo dezenas de vezes – e com muitas pessoas com quem eles falaram”.
O problema é que Wolff não é conhecido por jornalismo preciso ou ético.
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As colunas de Wolff ganharam popularidade no final dos anos 90 por suas críticas severas aos magnatas da mídia de Nova York.
Ao invés de investigações aprofundadas, Wolff concentra-se em detalhes e especulações pessoais embaraçosos, conforme descrito num extenso perfil de 2004 sobre ele pela publicação New Republic.
“Seu grande dom é aparentar ter acesso íntimo”, disse um editor que trabalhou com Wolff na publicação. “Ele é hábil em fazer o leitor pensar que passou horas e dias com a pessoa que ele retrata, quando de fato ele não passou tempo algum.”
No que o perfil chamou de “truque psicanalítico”, Wolff faz o leitor acreditar que penetrou o íntimo da alma dos indivíduos que ele retratada. Mas ele tem sido repetidamente acusado de distorcer a verdade.
Como o perfil afirmou, Wolff “evita deliberadamente o jornalismo tradicional” e “as cenas em suas colunas não são recriadas tanto quanto criadas, provenientes da imaginação de Wolff, e não do conhecimento real de eventos”.
Depois de lançar seu segundo livro, “Burn Rate” em 1998, 13 pessoas familiarizadas com o assunto, incluindo sete dos personagens principais do livro, disseram: “Wolff inventou ou alterou citações”, informou Brill’s Content.
Com suas inclinações políticas descritas como liberais “de um modo inovador e inspirado de novo-democrata clintoniano”, o novo livro de Wolff, “Fire and Fury: Inside the Trump White House“, parece seguir o mesmo padrão.
“Em alguns lugares, ele recria cenas inteiramente, incluindo diálogos, sem identificar explicitamente suas fontes”, observou The New Yorker numa revisão do livro.
Um dos personagens-chave de sua narrativa, Katie Walsh, uma ex-assistente da Casa Branca, inclusive já negou os comentários negativos sobre Trump que Wolff atribuiu a ela. Tom Barrack, um amigo de Trump, fez o mesmo.
Uma fonte que Wolff se baseia fortemente, Steve Bannon, o ex-estrategista-chefe de Trump, até agora negou apenas uma parte das reivindicações atribuídas a ele no livro, chamando-as de “notícias totalmente falsas e retiradas do contexto” numa mensagem de Twitter. Os advogados de Trump desde então enviaram a Bannon uma carta de cessar e desistir, acusando-o de violar um acordo de não divulgação, informou a ABC News.
A mídia Axios informou que Wolff gravou conversas com Bannon, fornecendo uma lista de notas digitadas que supostamente seria uma lista parcial de índices para as gravações. A Axios afirmou, sem mais provas, que Wolff também possui gravações de outras fontes, algumas das quais pensavam estar falando reservadamente.
Essa não seria uma nova tática para Wolff. “Ele tem uma reputação de revogar embargos e queimar fontes, tornando públicos comentários reservados”, disse o perfil da New Republic.
Trump emitiu uma declaração sobre Bannon na quarta-feira. “Steve Bannon não tem nada a ver comigo nem com a minha presidência”, diz a declaração. “Quando ele foi demitido, ele não só perdeu seu emprego, ele perdeu a cabeça.”
Trump referiu-se ao livro numa mensagem de Twitter na sexta-feira: “Eu autorizei acesso Zero à Casa Branca (na verdade o recusei várias vezes) como autor de livro falso! Eu nunca falei com ele para o livro. Cheio de mentiras, falsas declarações e fontes que não existem. Olhe para o passado desse cara e veja o que acontece com ele e o descuidado Steve!”
Os advogados de Trump também enviaram cartas de cessar e desistir a Wolff e a sua editora Henry Holt and Company.
Sarah Huckabee Sanders, a secretária de imprensa de Trump, chamou o livro de “fantasia completa e apenas cheio de fofocas de tabloides”. “Eu não passarei por cada página do livro, mas existem inúmeros exemplos de falsidades através do livro”, disse ela durante um informe de imprensa na quinta-feira na Casa Branca.
Ela deu um exemplo: o livro afirma que Trump não sabia quem era o ex-presidente da Câmara, John Boehner, o que Sanders chamou de “totalmente ridículo”. “Francamente, alguns de vocês até escreveram no Twitter que o presidente não só o conhece como já jogou golfe com ele e escreveu no Twitter sobre ele”, disse ela.
Wolff respondeu aos comentários de Trump na sexta-feira, com mais um ataque de reputação. “Minha credibilidade está sendo questionado por um homem que tem menos credibilidade do que qualquer um que já tenha andado na Terra”, disse ele ao programa Today da NBC.
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