Por Nina Nguyen
O Comitê Olímpico Internacional (COI) apresentou na terça-feira uma nova estrutura para atletas transgêneros, permitindo que trangêneros que se identificam como mulheres participem em esportes femininos sem a necessidade de submeter-se a supressão de testosterona ou terapia hormonal, levantando preocupações de que alguns países possam “manipular o sistema”.
Em um documento de seis páginas, o COI delineou 10 princípios com o objetivo declarado de garantir que “atletas não sejam excluídos apenas com base em sua identidade transgênero ou variações de sexo”.
Ele observou que quaisquer restrições que impeçam as mulheres transgênero de participarem nas categorias femininas devem ser apoiadas por “pesquisa robusta e revisada em pares” demonstrando que uma “vantagem competitiva consistente, injusta e desproporcional” existe para o esporte, disciplina e evento em particular.
Até que as evidências comprovem o contrário, não se deve presumir que as atletas transgênero mulheres tenham vantagem automática sobre as mulheres biológicas, portanto, “devem ser autorizadas a competir na categoria que melhor se alinha com sua identidade de gênero autodeterminada”.
“É importante ampliarmos a base de evidências”, afirma Richard Budgett, diretor médico e científico do COI. “Há algumas pesquisas interessantes que precisam ser concluídas e que nos darão muitas informações sobre o desempenho, o qual é a questão realmente chave para determinar a elegibilidade”.
O órgão esportivo também descartou as diretrizes para transgêneros de 2015, afirmando que os homens transênero devem ter um ano de supressão de testosterona antes de serem autorizados a competir, o que foi sugerido por pesquisadores americanos no ano passado como um período “muito curto se o objetivo for um campo de jogo nivelado”.
Defensores do LGBTQI+ e atletas trans aplaudiram a mudança do COI, como o medalhista de ouro do futebol canadense Quinn, que em julho se tornou o primeiro atleta abertamente trans a participar das Olimpíadas, chamando a nova estrutura de “inovadora”.
“Esta nova estrutura do COI é inovadora na forma como reflete o que sabemos ser verdade – que atletas como eu e meus colegas participam de esportes sem nenhuma vantagem inerente e que nossa humanidade merece ser respeitada”, afirmou Quinn em um comunicado .
A nova orientação, que não é juridicamente vinculativa, veio três meses após as Olimpíadas de Tóquio, que viram os primeiros atletas nascidos do sexo masculino competirem no esporte feminino na história dos jogos.
A senadora liberal australiana, Claire Chandler, que anteriormente criticou a decisão do COI de incluir a halterofilista da Nova Zelândia, Laurel Hubbard, na categoria feminina, acreditava que substituir o sexo biológico pela identidade de gênero viria às custas da justiça.
“Isso significa que os contribuintes australianos correm o risco de despejar bilhões de dólares nos Jogos Olímpicos de 2032, o qual incentiva homens medíocres a competirem contra as melhores atletas do mundo”, declarou em um post do Facebook, em 17 de novembro.
Em outubro deste ano, o Grupo de Igualdade dos Conselhos Desportivos (SCEG) do Reino Unido divulgou uma investigação de 18 meses, concluindo que “para muitos esportes, a inclusão de pessoas trans, justiça e segurança não podem coexistir em um único modelo competitivo”.
“Isso se deve às diferenças retidas na força, resistência e físico entre a mulher média em comparação com a mulher transgênero média ou pessoa não binária designada do sexo masculino no nascimento, com ou sem supressão de testosterona”, afirmou.
“A categorização por sexo é legal e, portanto, a exigência de solicitar informações relacionadas ao sexo de nascimento é apropriada.”
O relatório também observou que um sistema de avaliação “caso a caso” não seria “prático nem verificável para o ingresso em esportes afetados pelo gênero”.
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