Coca Cola retira propagandas criticadas por homofóbicos na Hungria

País centro-europeu reconhece o registro de casais do mesmo sexo, mas não permite o casamento de ambos, já que a Constituição de 2011 define a relação como a união de um homem e uma mulher

07/08/2019 19:23 Atualizado: 07/08/2019 19:23

Por Agência EFE

A filial da Coca Cola na Hungria retirou das ruas da cidade propagandas com casais do mesmo sexo que nos últimos dias foram alvos de críticas homofóbicas de políticos e de veículos de imprensa de direita.

A empresa disse à Agência Efe nesta quarta-feira (7) que a mudança já estava prevista. Os cartazes da marca do mesmo traziam casais do mesmo sexo, acompanhados da mensagem: “Zero Açúcar, Zero Preconceitos”.

O grupo local ultraconservador “CitizenGo” iniciou um abaixo-assinado online para que esses cartazes fossem retirados das ruas do país, medida que até agora contou com o apoio de 35 mil pessoas.

Além disso, István Boldog, deputado do Fidesz, o partido do primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán, fez no Facebook uma convocação de boicote à bebida até que os cartazes fossem retirados.

“Rejeição à campanha da Coca Cola. Até que não retirem esses cartazes provocadores, não consumirei seus produtos. É o que peço a todos”, afirmou o deputado.

A empresa informou à Agência Efe que a mudança dos cartazes ocorreu devido a um calendário pré-determinado, que visava o início de um dos maiores e populares festivais da Europa, celebrado em Budapeste a partir desta quarta-feira, o Sziget.

“É o que planejamos originalmente. Na primeira semana da campanha, apareciam os casais. E na segunda semana, com o início do Sziget, apareceriam nossos produtos de meio litro Coca Cola e Coca Cola Zero especial e de série limitada, com um rótulo com as cores do arco íris, que só será vendido no festival”, assegura Coca Cola na Hungria.

Nos últimos anos, vários políticos governamentais lançaram mensagens homofóbicas, como por exemplo o presidente do parlamento, László Kövér, que equiparou os homossexuais que querem adotar crianças com pedófilos.

Apesar disso, diferentes pesquisas revelam que a tolerância perante a homossexualidade aumentou na Hungria nos últimos anos e em 6 de julho – pela primeira vez em décadas – a Marcha do Orgulho Gay de Budapeste pôde ser realizada sem cordões de segurança.

O país centro-europeu reconhece o registro de casais do mesmo sexo, mas não permite o casamento de ambos, já que a Constituição de 2011 define a relação como a união de um homem e uma mulher.

A legislação também exclui os casais homossexuais da adoção.

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