Coalizão liderada pela Arábia Saudita dará US$ 1,5 bi para ajuda humanitária no Iêmen

23/01/2018 20:03 Atualizado: 23/01/2018 20:03

Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita disse na segunda-feira, 22 de janeiro, que dedicaria US$ 1,5 bilhão em nova ajuda humanitária ao Iêmen, onde apoiam o governo internacionalmente reconhecido numa guerra civil que já dura três anos contra os militantes houthis, que são alinhados com o Irã.

A aliança, apoiada pelos Estados Unidos, e que também inclui os Emirados Árabes Unidos, disse num comunicado que operaria uma ponte aérea para Marib, estabeleceria 17 corredores terrestres para entrega de ajuda e coordenaria a expansão de portos iemenitas adicionais para receber carregamentos humanitários e essenciais.

“Estamos apoiando uma missão humanitária profissionalmente planejada e detalhada com poder militar e precisão para garantir que a ajuda humanitária chegue às pessoas que precisam dela para superar seus sofrimentos”, disse o porta-voz e coronel Turki al-Maliki.

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O Iêmen enfrenta a pior crise humanitária do mundo, onde 8,3 milhões de pessoas são totalmente dependentes da ajuda alimentar externa e 400 mil crianças sofrem de desnutrição aguda grave, uma condição potencialmente letal, de acordo com as Nações Unidas (ONU).

A coalizão já injetou bilhões de dólares em ajuda ao país, no entanto, a guerra ainda reduziu as entregas de alimentos em mais da metade e colocou o país mais pobre da Península Arábica no limite da fome, além dos surtos de cólera e difteria.

O novo programa de ajuda busca aumentar as importações mensais para 1,4 milhão de toneladas métricas a partir de 1,1 milhão no ano passado, segundo o comunicado.

Um gráfico que acompanhou o comunicado sugere que as rotas de entrega terrestre se estenderiam ao território do norte ocupado pelo movimento armado dos houthis, que está lutando contra o governo do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, baseado no Sul do país.

Na semana passada, a Arábia Saudita depositou US$ 2 bilhões no banco central do Iêmen depois que o primeiro-ministro iemenita fez um pedido público de fundos para sustentar a moeda e ajudar a evitar a fome.

O anúncio de segunda-feira ocorre quando a Arábia Saudita e seus aliados enfrentam críticas crescentes, incluindo dos Estados Unidos e de parceiros europeus, sobre a mortandade civil no conflito, em que mais de 10 mil pessoas foram mortas por ataques aéreos da coalizão e devido a lutas no terreno.

A coalizão, sob pressão internacional, aliviou um bloqueio de três semanas imposto aos portos e aeroportos iemenitas em novembro em resposta a um míssil balístico disparado pelos houthis em direção à capital saudita de Riade.

O presidente norte-americano Donald Trump pediu no mês passado que a Arábia Saudita permitisse imediatamente que a ajuda humanitária chegasse ao povo iemenita, sugerindo que Washington estava no limite de sua paciência em relação ao bloqueio.

As pesadas consequências da guerra sobre a população civil têm sido um ponto doloroso para membros do Congresso dos EUA, provocando ameaças de bloquear a assistência dos EUA à coalizão, incluindo o reabastecimento de aviões de combate e apoio limitado de inteligência.

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