A coalizão de direita que governa a Itália questionou nesta sexta-feira (22) o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e proporá o caso para análise na semana que vem em uma cúpula do G7.
O grupo das sete democracias mais industrializadas do mundo – Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos – está sob a presidência italiana neste ano.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, não disse que cumprirá integralmente o mandado de prisão, mas afirmou que “analisará nestes dias os motivos da sentença”, que, segundo ela, “deve ser objetiva e não de natureza política”.
“Um ponto é indiscutível para este governo: a responsabilidade do Estado de Israel e da organização terrorista Hamas não pode ser equiparada”, afirmou Meloni.
Enquanto isso, a presidência rotativa da Itália no G7 proporá considerar a decisão em uma cúpula de ministros das Relações Exteriores nos dias 25 e 26 de novembro em Fiuggi, no centro do país.
O TPI emitiu mandados de prisão na quinta-feira para Nentayahu e seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant como os maiores responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza desde pelo menos 8 de outubro de 2023.
Mas também ordenou a prisão de Mohammed Deif, membro de alto escalão do Hamas, considerado o chefe de sua ala militar e que, de acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), morreu em junho, embora sua morte ainda não tenha sido confirmada oficialmente.
O cumprimento da decisão de Haia foi questionado, se não rejeitado, pelos parceiros de aliança do governo de Meloni e seus vice-presidentes Matteo Salvini, líder da direitista Liga, e Antonio Tajani, do conservador e liberal Força Itália.
Salvini, fiel ao seu tom provocativo, disse que se Netanyahu viajar para a Itália, em vez de ser preso por ordem do TPI, ele seria “bem-vindo” porque o mandado de prisão é “uma decisão política”.
“Pretendo me reunir em breve com representantes do governo israelense e, se Netanyahu fosse à Itália, ele seria bem-vindo. Os criminosos de guerra são outros”, declarou Salvini à imprensa local, à margem de um evento em Turim.
Ele acrescentou que “Israel vem sendo atacado há décadas, os cidadãos israelenses têm vivido com o pesadelo de mísseis e bunkers sob suas casas há décadas, e agora dizer que o criminoso de guerra a ser detido é o primeiro-ministro de uma das poucas democracias do Oriente Médio” e que para ele isso “parece ser desrespeitoso e perigoso”.
Salvini é membro do grupo Patriotas pela Europa, que reúne várias forças de direita europeias, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que convidou Netanyahu para visitar seu país.
Tajani, sempre mais diplomático como ministro das Relações Exteriores da Itália, afirmou que seu país “respeita e apoia” o TPI, mas ressaltou que “o que deve ser feito é ter um papel jurídico e não político”.
“Por esse motivo, as decisões serão tomadas com nossos aliados na próxima cúpula do G7”, acrescentou.
Já o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, um expoente da direita do partido Irmãos da Itália, de Meloni, considerou que, embora a sentença “esteja errada”, se Netanyahu e Gallant, fossem à Itália o país teria que prendê-los porque respeita o direito internacional.
Da oposição, a líder do Partido Democrático, Elly Schlein, advertiu que a decisão do TPI “é um mandado que todos os países são chamados a cumprir”.
“Esperamos que o governo italiano também seja coerente”, previu Schlein em declarações ao programa “Piazzapulita” do canal de TV La7.