Por EFE
Caracas, 15 jan – Grupos civis armados, considerados paramilitares pela oposição e por grupos de direitos humanos, impediram a entrada dos deputados da oposição nesta quarta-feira, quando se dirigiam à Assembleia Nacional para uma sessão convocada pelo líder oposicionista Juan Guaidó.
A Agência Efe observou que os civis atacaram com paus e pedras os veículos em que um grupo de legisladores estava, e a equipe de imprensa de Guaidó denunciou que alguns desses civis chegaram a disparar contra a comitiva.
Esses parlamentares fizeram parte de um comitê que foi até a assembleia para verificar a situação, antes que a maioria dos parlamentares tentasse acessá-la.
“Eles atiraram com armas, há vídeos, há as janelas de uma van blindada destruídas. Denunciamos perante o mundo o cerco do Parlamento”, declarou o deputado Carlos Prosperi à imprensa depois de escapar dos ataques.
Segundo Prosperi, o Legislativo tentará realizar a sessão convocada para hoje em um recinto diferente do Palácio Federal. “Continuaremos dando a cara pela Venezuela”, afirmou.
A congressista Delsa Solórzano, que fazia parte do comboio, também denunciou no Twitter que a caravana tinha sido alvejada. Enquanto isso, o segundo vice-presidente do Parlamento, Carlos Berrizbeitia, denunciou a cumplicidade das forças da lei e da ordem com os civis armados e pediu ao Ministro da Defesa, Vladimir Padrino, uma explicação para os acontecimentos.
“Padrino, esse uniforme que você veste pertence a todos os venezuelanos. Como você pode estar protegendo o fato de que no Palácio Legislativo Federal esses terroristas estão atirando com armas de fogo?”, questionou.
Segundo o opositor, integrantes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e da contraespionagem militar (DGCIM) testemunharam os ataques de grupos civis sem intervir. “Temos de agradecer a Deus que não houve morte ou ferimentos graves”, acrescentou Berrizbeitia.
Os opositores se concentraram novamente na sede do partido Acción Democrática, o partido tradicional da social-democracia na Venezuela, onde se espera que Guaidó, reconhecido por quase 60 países como presidente interino, decida um novo local para a sessão de hoje.
O Parlamento é o único poder controlado pela oposição no país, mas suas decisões não são respeitadas pelo Executivo desde a sentença de desacato da Suprema Corte, semanas depois que os opositores assumiram o controle da casa.
O Poder Legislativo também é tema de controvérsia desde o último dia 5, depois que o deputado Luis Parra disse ter sido eleito presidente do órgão em uma sessão acalorada, na qual Guaidó e mais de 100 congressistas não puderam entrar depois de serem retidos por horas pela GNB. Nesse mesmo dia, e em uma sessão improvisada na sede do jornal “El Nacional”, o líder oposicionista foi reeleito como chefe do Parlamento com 100 dos 167 votos em jogo.