Por Joan Delaney, Epoch Times
Depois de ficar parado por várias semanas, a Cineplex anunciou que exibirá “Unplanned” (Não Planejado), um filme dos Estados Unidos que despertou hostilidade nos círculos liberais devido à sua postura pró-vida e foco na indústria do aborto.
No final de maio, um aviso postado no site do filme dizia que “Unplanned” não seria exibido no Canadá porque “os cinemas se recusaram a permitir que o filme fosse visto”.
Mas em 8 de julho, o CEO da Cineplex, Ellis Jacob, divulgou um comunicado dizendo que a maior cadeia de cinemas do Canadá exibirá o filme em 14 cinemas por uma semana, a partir de 12 de julho.
Jacob disse que, embora a decisão tenha sido “complicada e não tenha sido feita com facilidade ou leviandade”, ele está confiante de que é a decisão certa.
“O Canadá é um país que acredita e se apóia na liberdade de expressão, mas isso nem sempre é uma coisa fácil de fazer e certamente nem sempre o torna popular”, disse ele.
“Neste caso, muitos de nós terão que deixar de lado nossas crenças pessoais e lembrar que viver em um país que censura conteúdo, opiniões e pontos de vista, porque são diferentes dos nossos, não é um país que qualquer um de nós deseja morar.”
Lançado em março, “Unplanned” conta a história de Abby Johnson, diretora clínica da Planned Parenthood no Texas, que deixou seu trabalho depois de ver um aborto guiado por ultrassom de um feto com 13 semanas. Ela passou a se tornar uma ativista anti-aborto.
O filme, estrelado por Ashley Bratcher, já rendeu mais de US$ 18 milhões durante sua temporada nos Estados Unidos, de acordo com sua página no Facebook.
A oposição ao filme no Canadá veio de muitos quadrantes, incluindo a Abortion Rights Coalition of Canada, que o chamou de “uma perigosa propaganda anti-aborto”.
A própria chefe de gabinete do primeiro-ministro Justin Trudeau, Katie Telford, entrou em ação, atacando pelo Twitter membros conservadores do Parlamento durante a campanha canadense do filme, que é parcialmente devido a esforços de parlamentares conservadores.
“Isso está acontecendo, pelo menos em parte, graças ao apoio recebido pelos políticos conservadores federais”, escreveu ela. “Políticos conservadores federais não deveriam apoiar propaganda”.
Outros cinemas, além do Cineplex, também irão exibir o filme e seu distribuidor canadense está se preparando para protestos, segundo a The Canadian Press.
“Alguns grupos estão dizendo que vão protestar, e há muitas pessoas que vão apoiar”, disse BJ McKelvie, um pastor e presidente do Cinedicom, ao CP.
“Temos uma empresa que está sob intenso escrutínio, então ele vai ter segurança lá. É o The Movie Mill, em Lethbridge, Alberta. É lamentável que ele tenha recebido muitas ameaças, muitos e-mails. ”
“É uma pena que tenha chegado a isso”, acrescentou McKelvie. “É só um filme. O tópico é certamente um tema quente. No entanto, é apenas um filme. Eu acho irônico, eles falam sobre escolha, pró-escolha, pró-escolha, pró-escolha, mas eles não estão dando às pessoas a opção de ir ver o filme.”
O co-diretor e produtor Chuck Konzelman, disse ao LifeSite News que a polícia está investigando ameaças de morte enviadas a dois donos de cinemas independentes que estão exibindo o filme. Outro dono de cinema independente “foi assediado ao extremo”, disse ele.
“Unplanned” também se deparou com alguns obstáculos ao sul da fronteira, recebendo uma classificação “R” pela censura por retratar o aborto e algumas redes de TV se recusando a vender tempo de publicidade para o filme. O Google Ads também bloqueou comerciais para o filme, e um dia depois de sua estréia em 29 de março, sua conta no Twitter foi suspensa por um curto período de tempo, o que, segundo o Twitter, foi um erro.
No entanto, apesar de alguma oposição e hostilidade, não houve relatos de nenhum cinema recebendo ameaças de morte, disse Konzelman.
Jacob, do Cineplex, apontou que as pessoas que têm preocupações com o filme podem optar por não vê-lo. “No Canadá, temos essa opção e acho que é importante lembrar”, disse ele.
Johnson disse que os defensores pró-vida canadenses podem se sentir encorajados por seus esforços para trazer “Unplanned” para os cinemas, informou a Grandin Media.
“Eu acho que as pessoas no Canadá… suas vozes pró-vida estão sendo silenciadas. Trazer “Unplanned” para o Canadá foi uma forma de eles sentirem que estão recuperando o poder deles. Eles estão recebendo sua voz de volta”, disse ela durante um webinar com os apoiadores em 2 de julho.
Alguns anos depois de deixar a Planned Parenthood, Johnson começou a organização And Then There Were None, para ajudar outros trabalhadores da clínica de aborto a deixar o setor. De acordo com sua página no Facebook, a organização ajudou mais de 500 funcionários da indústria do aborto a sair. Ela anunciou recentemente que entrou com documentos para abrir uma seção canadense da organização.
Johnson disse que ver o aborto guiado por ultra-som em outubro de 2009, quando ela deixou de trabalhar na Planned Parenthood, a chocou. Foi sua primeira vez participando de um aborto.
“Vendo aquela criança brigar e lutar por sua vida contra o instrumento do aborto” fez perceber que “havia vida no útero, humanidade no útero”, disse ela, de acordo com Grandin Media.