Por Cris Beloni, Golpel Prime
O cientista chinês He Jiankui, que afirmou ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados, informou na quarta-feira (28), que vai parar seus testes clínicos. Ele foi duramente criticado pela comunidade científica por questões éticas.
No último domingo (25) ele havia anunciado a modificação dos embriões de sete casais infectados pelo vírus HIV. Destes uma gravidez foi bem sucedida e ele afirmou que as gêmeas nasceram há algumas semanas, via fertilização in vitro.
Durante uma conferência em Hong Kong, o cientista reiterou que permitiu o nascimento das meninas “com o DNA alterado” e que seu objetivo era lhes dar a capacidade de resistir ao HIV através da imunização bacteriana realizada em laboratório.
“Peço desculpas porque o resultado vazou de maneira inesperada”, se referiu aos vídeos publicados no YouTube. O anúncio dos nascimentos recebeu críticas em todo o mundo. Pesquisadores consideraram “uma loucura” sua experiência, além de “ferir a ética, leis, segurança e ter consequências imprevisíveis”.
“Foi dada uma pausa nos testes clínicos devido à atual situação”, justificou. A técnica abre perspectivas no âmbito das doenças hereditárias. Mas é muito controversa porque as modificações realizadas seriam transmitidas às gerações futuras e poderiam afetar o conjunto do patrimônio genético.
O pesquisador americano de origem chinesa, Feng Zhang, que reivindica a paternidade da técnica CRISPR/Cas9 (utilizada no experimento), considerou a ação do cientista perigosa e desnecessária. “Essa experiência não deveria ter acontecido. O que ele fez não é científico”, declarou à imprensa.
Na opinião do padre Tadeusz Pacholczyk, doutor em neurociência e diretor de educação do Centro Nacional Católico de Bioética (NCBC), na Filadélfia, “os seres humanos têm direito a ser trazidos ao mundo, não no mundo frio e impessoal dos vidros do laboratório, mas exclusivamente no amoroso abraço corporal dos seus pais”, conclui.