A China fechou uma ponte fundamental para a Coreia do Norte dias depois que um enviado chinês retornou de Pyongyang sem ter se encontrado com o líder Kim Jong-un.
Um funcionário chinês disse que a ponte da cidade de Dandong estava sendo fechada temporariamente, enquanto a Coreia do Norte fazia reparos na estrada do seu lado da ponte.
“A Ponte da Amizade Sino-Norte-Coreana será fechada temporariamente e será reaberta ao trânsito após o término do trabalho de manutenção”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, a repórteres em 24 de novembro.
A ponte é uma via principal de comércio e pessoas entre Dandong, na China, e Sinuiju, na Coreia do Norte. Em Dandong, muitas empresas chinesas prosperaram devido ao comércio com o regime comunista norte-coreano.
Esse boom, no entanto, começou a enfrentar severas restrições. As empresas chinesas visadas por novas sanções unilaterais dos EUA são quase todas baseadas em Dandong.
O momento do fechamento é suspeito devido a outros desenvolvimentos recentes entre a Coreia do Norte e a China.
Na terça-feira, o enviado especial da China para a Coreia do Norte, Song Tao, chefe do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista Chinês (PCC), retornou de uma viagem de quatro dias a Pyongyang sem relatos de ter se encontrado com o ditador norte-coreano.
A companhia estatal chinesa suspendeu seus voos entre Pequim e a Coreia do Norte no mesmo dia, alegando que o cancelamento da rota era devido à falta de demanda.
Os fechamentos ocorrem quando a Coreia do Norte enfrenta sanções adicionais após o anúncio do presidente estadunidense Donald Trump que incluiu novamente o regime na lista de estados patrocinadores do terrorismo.
Após a designação, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou várias entidades chinesas e norte-coreanas em 21 de novembro por fazerem comércio com o regime de Kim Jong-un. Quatro empresas chinesas baseadas em Dandong estavam entre as sancionadas.
Algumas empresas norte-coreanas estavam tomando medidas inventivas para contornar as sanções internacionais mais abrangentes que têm limitado o comércio internacional com o regime.
Essas medidas incluem esconder bens proibidos embaixo ou dentro de carga permitida em navios e transferir carga de entre navios em alto-mar, num esforço para contornar os inspetores.
Os motoristas de caminhão norte-coreanos que atravessam a Ponte da Amizade em Dandong também bolaram uma maneira de obter mais combustível, uma mercadoria crítica na Coreia do Norte.
Os motoristas de caminhão norte-coreanos dirigem para a China com seus tanques vazios e reabastecem na China, e depois dirigem de volta e esvaziam o combustível, informou o Daily NK, um site de notícias especializado em informações sobre a Coreia do Norte.
Primeiramente, os caminhoneiros estavam dirigindo caminhões vazios para Dandong, mas, depois que os agentes da alfândega chinesa descobriram o que estava ocorrendo e começaram a restringir esses cruzamentos, os motoristas começaram a entregar pequenas quantidades de mercadorias.
“O esquema parece estar funcionando, já que os agentes de alfândega chineses não estão restringindo esses caminhões que transportam roupas e gêneros alimentícios”, informou o Daily NK.
As sanções começaram a mudar a natureza dos negócios entre a Coreia do Norte e as empresas chinesas, com as exportações norte-coreanas dependendo cada vez mais de pequenos comerciantes chineses, disse uma fonte na China ao Daily NK.
“Atualmente, as empresas comerciais norte-coreanas estão trabalhando menos em grandes operações com empresas comerciais chinesas e mais com comerciantes e financiadores conectados aos mercados.”
“Este ano, as empresas comerciais norte-coreanas não conseguiram exportar nem metade da quantidade projetada de carvão e minerais devido às sanções”, afirmou a fonte.