China e Rússia uma ‘Aliança Profana’: Ministro da Defesa australiano

'A ameaça agora representada pela agressão do governo chinês é muito real e... está crescendo'

10/02/2022 15:45 Atualizado: 10/02/2022 15:45

Por Caden Pearson 

O Ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, alertou sobre uma “aliança profana” entre a China e a Rússia que ameaça a Austrália e o Indo-Pacífico com o tipo de catástrofe não vista desde a Segunda Guerra Mundial.

“Sabemos que nossa nação está enfrentando o ambiente de segurança regional mais complexo e potencialmente catastrófico desde a Segunda Guerra Mundial. A ameaça agora representada pela agressão do governo chinês é muito real e… está crescendo”, afirmou Dutton no plenário do parlamento federal, no dia 10 de fevereiro.

“Vimos uma aliança profana entre o governo chinês e o governo russo com o presidente Putin – e ambos os países têm sido muito abertos sobre esse relacionamento.”

“Isso deve, eu acho, causar grande preocupação em todo o mundo, mas em particular, em nossa própria região”, afirmou ele.

O presidente russo Vladimir Putin (E) e o líder chinês Xi Jinping posam para uma fotografia durante sua reunião em Pequim, no dia 4 de fevereiro de 2022 (Alexei Druzhinin/Sputnik/AFP via Getty Images)
O presidente russo Vladimir Putin (E) e o líder chinês Xi Jinping posam para uma fotografia durante sua reunião em Pequim, no dia 4 de fevereiro de 2022 (Alexei Druzhinin/Sputnik/AFP via Getty Images)

Os comentários vêm um dia após o chefe da ASIO, a agência de espionagem da Austrália, alertar que um país estrangeiro tentou interferir nas eleições federais da Austrália, que devem ocorrer em maio.

Em seu discurso anual de avaliação de ameaças, no dia 9 de fevereiro, o diretor-geral da ASIO, Mike Burgess, revelou que a agência de segurança havia interrompido uma operação de um governo estrangeiro não identificado para apoiar candidatos eleitorais considerados flexíveis ou que já poderiam apoiar o país interferente.

“Posso confirmar que a ASIO recentemente detectou e interrompeu um plano de interferência estrangeira no período que antecedeu uma eleição na Austrália”, afirmou Burgess.

Os candidatos políticos visados ​​no complô desconheciam o esquema, afirmou ele.

Diretor-geral da ASIO, Organização Australiana de Inteligência de Segurança, Mike Burgess, se preparando para seu discurso anual na sede da ASIO, em Canberra, na quarta-feira, dia 17 de março de 2021 (AAP Image/Mick Tsikas)
Diretor-geral da ASIO, Organização Australiana de Inteligência de Segurança, Mike Burgess, se preparando para seu discurso anual na sede da ASIO, em Canberra, na quarta-feira, dia 17 de março de 2021 (AAP Image/Mick Tsikas)

Burgess também revelou que a ASIO havia detectado outras tentativas de interferência estrangeira em todos os níveis do governo e em todos os estados e territórios da Austrália.

As revelações levaram Dutton a declarar, durante o período de perguntas no parlamento, na quinta-feira, que a potência estrangeira era o regime chinês e alegou que havia “escolhido” o líder nacional da oposição trabalhista, Anthony Albanese, como “seu candidato” a primeiro-ministro.

O gerente de negócios da oposição, Tony Burke, requisitou um ponto de ordem citando precedentes sobre oradores da casa utilizando linguagem não parlamentar referente a “qualquer coisa que se refira a se as pessoas são, de fato, culpadas de traição, sedição ou qualquer coisa contra a segurança nacional”.

Dutton afirmou que não realizou nenhuma acusação contra Albanese, mas estava refletindo sobre os comentários “publicamente divulgados” do chefe da ASIO, Burgess, e “as ações do governo chinês”.

“Esse é o contexto em que fiz o comentário, e está perfeitamente em ordem”, afirmou ele. “Pode ser desconfortável para os opostos”.

Horas após realizar essas observações, a Australian Broadcasting Corporation publicou um artigo citando “fontes de inteligência anônimas familiarizadas com o assunto”, que supostamente afirmam que a Rússia estava por trás da trama.

O gabinete de Dutton não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre se ele mantém sua afirmação de que a potência estrangeira era o regime chinês.

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O acalorado debate parlamentar eclodiu enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está na Austrália para se reunir com seus colegas australianos, indianos e japoneses no Diálogo de Segurança Quadrilateral, conhecido como Quad.

O Quad procurou combater a beligerância e as ambições da China na região do Indo-Pacífico e garantir uma ordem internacional livre e aberta baseada em regras com democracias liberais com ideias semelhantes.

Dutton destacou o Quad como um exemplo de como o governo de Morrison tem trabalhado “muito de perto com os parceiros”, observando que muitos países, inclusive na Europa e na América do Norte, estavam “preocupados com o que está acontecendo no Indo-Pacífico”.

 O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ouve ao ser apresentado para se pronunciar em uma missão na Austrália, em Melbourne, na Austrália, no dia 10 de fevereiro de 2022 (Kevin Lamarque/POOL/AFP via Getty Images)

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ouve ao ser apresentado para se pronunciar em uma missão na Austrália, em Melbourne, na Austrália, no dia 10 de fevereiro de 2022 (Kevin Lamarque/POOL/AFP via Getty Images)

“Este governo investiu mais em nossas defesas e para manter nosso país seguro no futuro. Fizemos isso com uma base incrivelmente baixa porque os trabalhistas, quando estiveram no governo pela última vez, cortaram o financiamento da Defesa até o osso. Essa é a realidade”, afirmou Dutton.

“Eles querem fingir agora que de alguma forma não há diferença entre os dois partidos quando se trata de defender nossa nação na próxima década e na década seguinte. Nada poderia estar mais longe da verdade.”

Dutton afirmou que não há ninguém “menos preparado” para se apresentar como um potencial primeiro-ministro “no que diz respeito à questão da segurança nacional” do que Albanese.

O gabinete do líder da oposição, Anthony Albanese, não respondeu a um pedido por comentários sobre assuntos relacionados à segurança nacional e tensões geopolíticas no Indo-Pacífico.

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