Os chanceleres dos países do G20 iniciaram nesta quinta-feira a segunda e última de suas sessões de trabalho na reunião convocada pelo Brasil no Rio de Janeiro, na qual se dedicarão a discutir possíveis reformas em organismos multilaterais, incluindo a ONU, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Depois de terem abordado na sessão de quarta-feira os atuais conflitos internacionais, principalmente os da Ucrânia e da Faixa de Gaza, os ministros das Relações Exteriores das maiores economias do mundo vão abordar hoje, novamente a portas fechadas, reformas que permitam às organizações multilaterais maior eficácia no enfrentamento da escalada de tensões.
A chamada reforma da governança global é uma das prioridades do G20 durante a presidência do Brasil, que assumiu a coordenação do fórum em novembro do ano passado e a exercerá até novembro deste ano, quando será realizada a cúpula dos chefes de Estado e de governo do grupo no Rio de Janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende reformas profundas nos órgãos multilaterais de resolução de conflitos, especialmente no Conselho de Segurança da ONU.
“As atuais instituições de governança global não estão equipadas para lidar com as tensões que enfrentamos atualmente, o que é demonstrado pela paralisia da ONU, e isso se reflete na perda de vidas inocentes”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em seu discurso de ontem na abertura da reunião ministerial.
Vieira destacou que o Brasil está muito preocupado com a atual situação de segurança no mundo e citou um estudo segundo o qual foram registrados pelo menos 170 conflitos entre Estados no ano passado, o maior número das últimas três décadas.
Segundo o chanceler, embora os gastos militares globais atinjam US$ 2 trilhões por ano, os programas de ajuda aos países pobres permanecem estagnados em US$ 60 bilhões por ano.
“Sem paz e cooperação será muito difícil conseguir a prometida mobilização de recursos necessários para enfrentar desafios como o combate à pobreza e à desigualdade e a proteção do ambiente”, afirmou.
A reunião do G20 no Rio contou com a presença de praticamente todos os chanceleres dos países-membros, com exceção da China e da Itália.
Também participam os chanceleres de alguns países convidados pelo Brasil, incluindo os de Bolívia, Paraguai e Uruguai, seus parceiros ao lado da Argentina no Mercosul.
A reunião colocou frente a frente o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pela primeira vez desde que o líder opositor russo Alexei Navalny morreu na prisão na semana passada, um evento que tensionou ainda mais as relações entre os dois países.