Ceticismo em relação à comunidade de inteligência dos EUA é uma coisa boa

Trump tem agido exatamente como Reagan em sua avaliação cautelosa dos relatórios de inteligência, e por isso os Estados Unidos podem se sentir seguros

31/01/2019 17:32 Atualizado: 17/02/2019 17:28

Por Steven Rogers

Os ocasionais questionamentos do presidente Donald Trump para a comunidade de inteligência dos Estados Unidos não são perigosos: é exatamente o tipo de liderança responsável que era praticada pelo presidente Ronald Reagan.

Muitos dos que criticam o presidente afirmam que ele não tem um bom relacionamento com as agências de inteligência norte-americanas ou não lhes dá apoio porque “mostrou que não confia nelas”. Esta narrativa é manifestamente falsa.

Não há nenhuma evidência de que o presidente não confie na CIA ou em outras agências de inteligência. E como ex-oficial militar de inteligência, posso afirmar inequivocamente que a esmagadora maioria dos especialistas em inteligência acredita que o presidente confia neles e os apoia. Eles entendem que é sua responsabilidade como presidente fazer todas as perguntas necessárias para garantir que as informações de inteligência recebidas sejam confiáveis, precisas e justificáveis.

O questionamento do presidente em relação à CIA e as avaliações de outras agências de inteligência é precisamente o que um líder prudente deve fazer antes de tomar decisões cruciais que afetem a segurança nacional.

Presidentes anteriores rotineiramente debatiam, criticavam e rejeitavam avaliações de inteligência por várias razões, tanto privada quanto publicamente. Como Reagan bem sabia, a comunidade de inteligência não é infalível.

Em seu livro, Um Papa e um Presidente, Paul Kengor escreveu que, em 1981, durante a investigação realizada pela CIA sobre o atentado contra o Papa João Paulo II, houve muita especulação de que a União Soviética estava de alguma forma envolvida na tentativa de homicídio.

No entanto, os investigadores de carreira da CIA avaliaram que a União Soviética não tinha motivos para se envolver em tal conspiração. A avaliação da CIA foi ainda mais longe, alegando que o governo soviético na realidade acolheu o papa como uma influência estabilizadora para os países do bloco soviético, especialmente para a Polônia.

É importante notar que tanto o diretor da CIA, William Casey, quanto Reagan não concordaram com as conclusões dessa agência. De fato, as agências de inteligência estrangeiras, especialmente a inteligência italiana, avaliaram que os soviéticos consideravam o papa João Paulo II um perigo muito claro para o bloco soviético, particularmente para a Polônia, o que contradizia diretamente a CIA.

Devido a preocupações com a segurança nacional, Reagan e Casey (com o apoio do Papa) não divulgaram publicamente suas avaliações. No entanto, Reagan teve que lidar com as severas críticas vindas da comunidade de inteligência, que estava chateada por ele ter confiado na avaliação de uma agência estrangeira sobre a CIA.

Agora que tanto tempo se passou e que muitos especialistas já analisaram o assunto completamente, chegaram à conclusão de que a CIA estava errada e que Reagan estava certo: a tentativa de matar João Paulo II foi realizada sob as ordens de Moscou.

Como Trump hoje em dia, Reagan também foi acusado sem fundamentos de minar a aliança da Otan — uma acusação que parece absolutamente ridícula, já que as políticas de Reagan puseram em marcha o colapso da União Soviética.

Em 1982, quando Reagan proibiu o uso de equipamentos norte-americanos para colocar um duto de gás natural da Sibéria para a Europa Ocidental devido à repressão soviética na Polônia, o jornal Christian Science Monitor informou que os críticos afirmavam que Reagan “desencadeou uma crise na aliança do Atlântica (OTAN), cujo resultado somente [poderia] servir aos propósitos da União Soviética”.

Da mesma forma, a exigência de Trump de que os países da OTAN paguem sua parcela justa de defesa provocou previsões alarmantes de que suas ações criariam problemas na aliança e trariam um resultado que serviria apenas aos interesses da Rússia.

Reagan chamou os países membros da OTAN para negociar e eles chegaram a um acordo para anular as sanções contra os Estados Unidos e empresas estrangeiras em troca de medidas mais fortes contra os soviéticos. Da mesma maneira, Trump convocou os países da Otan para negociar a fim de chegar a um acordo que garanta que cada parte pagará por sua parcela justa de defesa mútua.

Sem dúvida, depois de analisar as avaliações de inteligência sobre decisões que tinham o potencial de afetar nosso relacionamento com os países da OTAN, Reagan e Trump fizeram o que achavam melhor para os Estados Unidos — e eles estavam certos!

Presidente Donald Trump em um evento eleitoral da campanha Make America Great Again, em Houston, EUA, em 22 de outubro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Presidente Donald Trump em um evento eleitoral da campanha Make America Great Again, em Houston, EUA, em 22 de outubro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Trump enfrenta críticas injustificadas à sua chamada “falta de apoio e confiança nas agências de inteligência americanas”, mas, como Reagan gostava de dizer, é vital que o presidente “confie, mas verifique” — mesmo quando estiver revisando as avaliações de suas próprias agências de inteligência.

Nosso presidente devidamente eleito tem o direito de ser cético e de fazer julgamentos a fim de realizar seu trabalho. Isso é útil para neutralizar o viés institucional inerente à nossa coleção de informações — e é algo que está embutido na própria natureza de sua difícil função de governar.

Com efeito, Trump tem agido exatamente como Reagan em sua avaliação cautelosa dos relatórios de inteligência, e por isso os Estados Unidos podem se sentir seguros.

Steven Rogers é oficial de inteligência aposentado da Marinha dos EUA e ex-membro da Força-Tarefa Nacional Conjunta do FBI contra o Terrorismo. Atualmente é membro do Comitê Consultivo da Campanha Donald J. Trump para presidente 2020

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