Celebridades e ONGs pedem boicote ao sultão de Brunei por país adotar sharia

Bolkiah, de 71 anos, é o segundo monarca de um país há mais tempo no trono (assumiu o poder aos 21 anos, em 1967), atrás apenas da rainha Elizabeth II, do Reino Unido

01/04/2019 21:38 Atualizado: 01/04/2019 21:38

Por Agência EFE

Integrantes de ONGs de direitos humanos, atores e cantores que se opõem à implantação da sharia (conjunto de leis islâmicas) em Brunei convocaram um boicote ao governo do sultão Hassanal Bolkiah.

O novo Código Penal, que entrará em vigor na quarta-feira (3), inclui o apedrejamento por crimes homossexuais e adultério, a amputação de mãos ou pés por roubo, a pena de morte por blasfêmia ou difamação do nome do profeta Maomé e a flagelação por aborto, entre outras medidas.

“O sigilo com o qual tentaram introduzir as leis é alarmante”, destacou Matthew Woolfe, da ONG The Brunei Project.

O escritório do primeiro-ministro, que é o sultão Hassanal Bolkiah, anunciou a medida no sábado com um breve comunicado no qual defende que a sharia ajudará a manter “a paz e a ordem” e tem como objetivo “educar, respeitar e proteger os direitos legítimos de todos os indivíduos de qualquer raça e fé”. O país, que possui enormes reservas de petróleo e gás, começou a introduzir os castigos baseados na lei islâmica em 2014, com uma primeira bateria de emendas para as penas mais brandas.

“Devemos usar qualquer poder e influência para pedir aos nossos governos que intercedam diante das autoridades de Brunei”, disse à Agência Efe Rachel Chhoa-Howard, pesquisadora de Sudeste Asiático na Anistia Internacional.

O ator americano George Clooney pediu, em um artigo publicado no portal “Deadline”, o boicote aos hotéis de propriedades do sultão, entre eles o Beverly Hills Hotel, em Los Angeles; Hotel Plaza Athenee, em Paris; e Hotel Eden, em Roma.

“Vamos ser claros, cada vez que nos hospedamos, jantamos ou fazemos reuniões em qualquer um desses nove hotéis, estamos colocando dinheiro diretamente no bolso de homens que escolhem apedrejar e matar seus próprios cidadãos por serem gays ou acusados de assassinato ou adultério”, escreveu Clooney.

O cantor britânico Elton John se uniu ao pedido. No Twitter, ele lembrou que “amor é amor” e disse que “poder amar como escolhemos é um direito humano básico”. O astro parabenizou o posicionamento do amigo” contra a discriminação e o fanatismo anti-gay que ocorrem em Brunei” e listou os hotéis que teriam que ser boicotados.

A nova legislação será aplicada principalmente aos cidadãos muçulmanos, que representam 70% da população do país (de cerca de 400 mil habitantes), mas em alguns casos também será utilizada com estrangeiros ou fiéis de outras crenças.

Bolkiah, de 71 anos, é o segundo monarca de um país há mais tempo no trono (assumiu o poder aos 21 anos, em 1967), atrás apenas da rainha Elizabeth II, do Reino Unido. Além disso, é um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 20 bilhões.