Quando a sequência dos acontecimentos não condiz com o discurso defendido pelo establishment, o bom senso nos traz aquela sensação de estranhamento, aquela pergunta sem resposta, nos levando a questionar a razão da perpetuação do problema apesar dos esforços para resolvê-lo.
Desde que a Coreia do Norte perdeu a proteção e o apoio financeiro que a União Soviética fornecia, os Estados Unidos pressionam para que Pyongyang encerre suas atividades de pesquisa e desenvolvimento de armas nucleares. Apesar de toda a energia dispendida desde então, a dinastia Kim conseguiu levar adiante o seu desejo de se tornar um país com armas de destruição em massa.
De acordo com Derek Bolton, escrevendo para o American Security Project, os esforços nucleares do país do Juche começaram na década de 1950, quando a URSS capacitou cientistas e engenheiros norte-coreanos e conduziu pesquisas geológicas ao norte de Panmunjom, para mapear os depósitos de urânio e grafite, matérias-primas de reatores e armas nucleares.
Com o apoio e subsídio dos soviéticos, a Coreia do Norte, em meados de 1980, já era considerada perigosa pelos países ocidentais, por conta do estágio avançado de seu programa nuclear.
Em 1991, após o colapso da URSS, o ex-presidente dos EUA George H. W. Bush retirou as armas nucleares norte-americanas que estavam estacionadas na Coreia do Sul. Com isso, ele visava a convencer Pyongyang a pôr fim ao seu programa bélico, já que o adversário, a Casa Branca e a Casa Azul, sinalizavam com intenções pacíficas.
A maneira de os Estados Unidos lidar com o problema Coreia do Norte tem sido ambígua e claramente ineficiente. Os ex-presidentes norte-americanos transferiram bilhões de dólares a Pyongyang, para que a dinastia abandonasse o programa de desenvolvimento de armas nucleares. Acordos estes que nunca foram honrados pelo país asiático.
No entanto, esta é apenas uma parte da história.
Cortina do mal
Devido às armas de destruição em massa, a Guerra Fria se caracterizou por escaramuças e conflitos indiretos entre o bloco comunista e o mundo capitalista. Os Estados Unidos e a União Soviética nunca guerrearam abertamente um contra o outro, no entanto, todo o período é marcado pelo apoio que ambos deram a outros países, em guerras regionais, e pela disputa por zonas de influência.
A divisão da península coreana entre norte e sul ocorreu quando, após o Japão Imperial recusar a se render em meados de 1945, a URSS invadiu a Manchúria, território japonês na Ásia Continental, preparando o terreno para a Operação Downfall — operação de invasão, pelos aliados, das ilhas nipônicas.
Com a derrota do Exército de Guangdong, tropa responsável pela defesa da Manchúria, o Exército Vermelho ocupou, entre outros lugares, o norte da China e o norte da Coreia. Após a movimentação soviética, os EUA ocuparam o sul da Coreia, conforme o acordo feito na Conferência de Yalta, dividindo a península no paralelo 38.
A criação de Estados satélites entre Moscou e o mundo ocidental fazia parte da estratégia de Stálin, para erigir barreiras entre a URSS e as nações capitalistas.
Contudo, o fim da União Soviética não deixou a dinastia Kim sem aliados. A China, que também saiu em defesa de Pyongyang na Guerra da Coreia, passou a apoiar o país econômica, científica e tecnologicamente após o descalabro soviete.
Como reportado pelo Epoch Times, de acordo com Richard Fisher, membro sênior do International Assessment and Strategy Center, o Partido Comunista Chinês tem sido o responsável por entregar certos componentes tecnológicos necessários ao avanço do programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
O produto mais visível deste intercâmbio são os lançadores móveis de mísseis balísticos, fornecidos pela China na segunda década do século XXI. Essa tecnologia, por conta de sua mobilidade, dá a Pyongyang a capacidade de realizar um ataque surpresa. Na prática, isto quer dizer que os lançadores móveis (transporter erector launcher, em inglês) dificultam muito a interceptação de um míssil balístico lançado de Pyongyang, antes de que atinja as camadas superiores da atmosfera.
Fisher também acusa o Partido Comunista Chinês de ser o responsável pela criação de uma liga informal de Estados hostis, ao compartilhar tecnologia com o Irã, Paquistão e Coreia do Norte e, por outro lado, permitir que esses países compartilhem essas tecnologias e pesquisas entre si.
De acordo com o Wikileaks, a Coreia do Norte enviou 19 mísseis balísticos para o Irã em 2005, tornando a nação islâmica capaz de atacar cidades da Europa ocidental.
Em 2004, o cientista paquistanês A. Q. Khan forneceu a Pyongyang centrífugas e projetos de armas nucleares em troca da ajuda dos cientistas norte-coreanos para que Islamabade miniaturizasse uma ogiva a ponto de ela caber em um míssil ‘Ghauri’ — míssil balístico de médio alcance usado pelo Exército paquistanês capaz de, em teoria, atingir qualquer ponto do território indiano.
Para Richard Fisher, a supracitada liga de Estados hostis é utilizada pela China, e, consequentemente, também pela Rússia, para indiretamente confrontar o Ocidente e outros países adversários, perpetuando a política de conflitos indiretos surgida durante a Guerra Fria. O objetivo, segundo Fisher, é manter intactas as zonas de influência conquistadas por ambos os governos.
Ele disse: “A China transformou o Paquistão num Estado nuclear, para ajudá-la a neutralizar a Índia, bem como transformou o Irã num país nuclear, para também se beneficiar dessa instabilidade. Além disso, a China se tornou o maior fornecedor de armas no Oriente Médio, porque os outros países desejam se proteger do Irã, que se tornou o que é hoje com a ajuda da China”.
O engodo
A primeira resolução que impôs embargos à Coreia do Norte foi aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em julho de 2006, após o teste de lançamento de sete mísseis no início do mesmo mês. A Resolução 1.695 do Conselho de Segurança proibiu todos os Estados-membros da ONU de vender a Pyongyang tecnologia que os ajudasse a desenvolver o seu programa de armas nucleares, além de proibir que os países-membros comprassem esse tipo de tecnologia da dinastia Kim.
Posteriormente foram aprovadas as Resoluções 1.718 (outubro de 2006), 1.874 (junho de 2009), 2.094 (março de 2013), 2.270 (março de 2016), 2.321 (novembro de 2016), 2.371 (agosto de 2017) e 2.375 (setembro de 2017). Todas aplicam algum tipo de sanção à Coreia do Norte.
Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, para ser aprovada, precisa, primeiramente, não ser vetada por nenhum dos cinco países-membros com assento permanente. Isso quer dizer que Rússia e China, países com assento permanente no conselho e aliados históricos de Pyongyang, não vetaram, de antemão, as resoluções. Na verdade, a maioria delas foram aprovadas por unanimidade.
No entanto, como o tempo nos revela, apesar de o bloco russo-chinês haver demonstrado apoio ao esforço para frear as pretensões norte-coreanas de se tornar um Estado nuclear, por outro lado, eles ajudaram o totalitarismo coreano a sobreviver e a desenvolver seus objetivos.
Além do apoio tecnológico fornecido pela China ao programa de desenvolvimento de armas de destruição em massa da Coreia do Norte, o Kremlin e Zhongnanhai ajudaram Pyongyang a burlar as sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança.
De acordo com um relatório da ONU publicado em setembro deste ano, o regime ditatorial coreano desenvolveu maneiras de escapar do bloqueio às transações financeiras e à importação e exportação dos mais variados produtos.
Por exemplo, em 2016, a companhia de desenvolvimento industrial Dandong Hongxiang, empresa chinesa de revenda de maquinário industrial, foi punida por auxiliar o banco norte-coreano a lavar dinheiro obtido através de transações proibidas pelas sanções existentes. Bancos em Macau, antiga colônia portuguesa e atual território chinês, também sofreram sanções, por auxiliarem Pyongyang a operar no mercado financeiro.
Mudar a bandeira sob a qual a embarcação navega e o porto de destino também são estratégias que têm sido utilizadas pela Coreia do Norte para conseguir comercializar produtos banidos pelas resoluções. Com frequência, os portos russos têm sido usados como base operacionais para tais manobras. Um exemplo recente desta tática de evasão é o barco chinês que foi apreendido no Egito este ano carregando armamento norte-coreano.
Há apenas alguns dias, os Estados Unidos convenceram a China a cortar a conexão que provia à Coreia do Norte com a rede mundial de computadores: no geral, os norte-coreanos usavam uma rota fornecida pela empresa chinesa Unicomun. Esta medida visava, principalmente, a minar a capacidade de ação da unidade de guerra cibernética de Pyongyang. No entanto, uma das maiores empresas de telecomunicação da Rússia, a TransTelecom, reestabeleceu o acesso da Coreia do Norte à internet.
Desta forma, apesar de Pyongyang ter sido punida internacionalmente repetidas vezes, o apoio de países aliados permitiu que esta ditadura asiática continuasse com suas pesquisas de desenvolvimento de armas de destruição em massa. Foi assim que chegamos ao atual estágio de confrontação entre a Coreia do Norte e os EUA.
Contudo, o mais impressionante é o apoio que uma parcela da elite política da Coreia do Sul dá à ditadura ao norte de Panmujon.
O Sol tem brilhado sobre a dinastia Kim
A Sunshine Policy foi uma diretriz do governo sul-coreano para lidar com a Coreia do Norte. Implementada em 1998 com a eleição de Kim Dae-jung para a presidência da República da Coreia, buscava remediar a agressividade de Pyongyang em relação a Seul. Ela durou até 2008, tendo chegado ao fim juntamente com o mandato de Roh Moo-hyun à Presidência.
Como resultado desta política pública, a Coreia do Norte recebeu milhões de dólares em ajuda humanitária e foi beneficiada com a construção do Parque Industrial Kaesong.
O parque foi erguido em território norte-coreano, próximo à fronteira entre o Norte e o Sul, a apenas uma hora de viagem de Seul. Mão de obra norte-coreana era contratada em Kaesong para trabalhar em empresas sul-coreanas.
O objetivo de Seul era usar o capitalismo para influenciar a população que vivia sob o jugo da ditadura coreana, e, desta forma, causar mudanças na economia e na política ao norte.
No entanto, como estudado por Nicholas Eberstadt, a Coreia do Norte sempre esteve atenta a qualquer tentativa de infiltração ideológica e cultural. Para garantir que as coisas não fugissem ao seu absoluto controle, Pyongyang impediu que os trabalhadores norte-coreanos tivessem contato direto com seus chefes sul-coreanos, além de designar monitores para vigiá-los.
Mas não foi somente por conta da completa ineficácia como fonte de soft power que Kaesong se tornou uma tragédia da diplomacia internacional. Como apontado por Marcus Noland, em um estudo sobre as condições de trabalho na zona industrial, boa parte do salário pago aos norte-coreanos ia direto para os cofres de Pyongyang.
Em Kaesong, as firmas sul-coreanas pagavam os salários, pelo trabalho de seus irmãos do norte, diretamente ao governo em Pyongyang. Por sua vez, Pyongyang deveria repassar a remuneração devida a seus cidadãos trabalhadores. Contudo, a ditadura socialista confiscava boa parte do soldo, por meio de taxas e impostos. Em 2016, Seul confirmou que a Coreia do Norte confiscava 70% do salário pago aos trabalhadores norte-coreanos. Esta informação levou, naquele ano, ao fechamento do complexo industrial no vizinho hostil.
Assim, a Sunshine Policy garantiu à ditadura comunista uma ajuda financeira de bilhões de dólares durante os quase 20 anos em que permaneceu vigente (desde a implementação da política pública e o fechamento da zona industrial). Estes dólares ajudaram a manter o regime de pé e a financiar as pesquisas de armas de destruição em massa.
Apesar do fracasso retumbante, o atual presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, manifestou seu desejo em reviver a Sunshine Policy.
No início de setembro, o Ministério da Unificação manifestou a intenção do governo sul-coreano de, em conjunto com Moscou, construir um corredor econômico entre os três países, para suscitar a mudança na Coreia do Norte.
Além disso, ao final de setembro, a Casa Azul aprovou o envio de US$ 8 milhões a Pyongyang, para ajuda humanitária. Segundo norte-coreanos que conseguiram fugir do país, em audiência pública no parlamento canadense, a ajuda humanitária enviada por outros países não é utilizada para aliviar o sofrimento dos norte-coreanos. As suspeitas são de que a ditadura comunista também direciona estes recursos para outros fins que não a ajuda humanitária.
Por que Moon Jae-in quer reviver um plano que a história nos mostrou ser falho?
Coreia do Sul, a nova Troia
Moon Jae-in assumiu o cargo em 10 de maio de 2017, após o impeachment de sua antecessora, Park Geun-hye, deposta em meio a um escândalo de corrupção.
Antes de ser condenada, Park Geun-hye retirou o apoio financeiro a Pyongyang, fechando Kaesong, e alinhou a política externa de Seul às sanções internacionais à Coreia do Norte.
Moon começou sua carreira em uma associação de advogados, ideologicamente ligada à esquerda sul-coreana, chamada Minbyun (Advogados por uma Sociedade Democrática, em tradução livre). Criada em 1988, um ano após a queda do governo militar, tinha como objetivo fazer com que os autores de crimes cometidos durante o regime fossem punidos, defendendo igualmente ativistas pró-democracia e militantes de esquerda pró-Coreia do Norte.
No entanto, como relatado por Joshua Stanton, jurista e especialista em Coreia do Norte, atualmente a Minbyun tem, a pedido de Pyongyang, ajuizado ações contra refugiados norte-coreanos. O objetivo é conseguir expor os exilados, revelando sua identidade. Sabendo quem eles são, o governo comunista poderia ameaçá-los ou ameaçar seus familiares que permanecem acima do paralelo 38. Desta forma, desencorajaria outros compatriotas interessados em fazer o mesmo.
Por causa deste auxílio ao governo norte-coreano, Ha Tae-Kyung, ex-militante pró-Pyongyang e atualmente parlamentar defensor dos direitos humanos dos refugiados norte-coreanos, chamou a Minbyun de ‘jongbuk’ — termo usado para definir os militantes pró-Coreia do Norte, tendo uma conotação negativa na Coreia do Sul.
O comportamento da Minbyun já levou refugiados a escolher buscar asilo em outro país que não a Coreia do Sul.
O presidente Moon também foi conselheiro legal do Sindicato dos Professores e dos Trabalhadores da Educação da Coreia. Há bastante tempo, esse sindicato é acusado de fazer propaganda pró-Coreia do Norte para os estudantes, tendo chegado ao ponto de usar um livro de propaganda norte-coreano para ensinar História.
O Sindicato dos Professores foi criado em 1989, após a Associação Nacional dos Professores passar por uma reestruturação. Com a mudança, o sindicato foi banido, voltando para a legalidade apenas em 1999, com o governo de Kim Dae-jung, criador da Sunshine Policy.
Moon Jae-in ganhou proeminência enquanto chefe da campanha presidencial de Roh Moo-hyun, que se elegeu com um contundente discurso antiamericano, inflamando manifestações que culminaram em ataques a soldados estadunidenses. Eles se conheceram quando ambos trabalhavam na Minbyun.
Com o tempo, Moon Jae-in cresceu politicamente dentro do governo Roh. Primeiramente sendo nomeado como secretário presidencial de Assuntos Políticos, posteriormente como chefe da Casa Civil. Foi durante o seu mandato na Casa Civil sul-coreana que ele foi acusado de solicitar instruções a Pyongyang sobre como Seul deveria votar na Assembleia Geral da ONU a proposta de condenação aos abusos de direitos humanos na Coreia do Norte. Foi Song Min-soon, ministro das Relações Exteriores no governo de Roh Moo-hyun, quem revelou esta informação, numa autobiografia publicada em 2007.
Muitos dos ministros escolhidos pelo presidente Moon para compor o seu governo fizeram parte do governo de Roh Moo-hyun.
Para a chefia da Casa Civil, o presidente sul-coreano escolheu Im Jeong-seok, figura muito influente dentro da política em Seul.
O passado de Im é, no mínimo, controverso. Na década de 1980, ele esteve envolvido com um grupo de estudo da ideologia Juche, segundo o especialista em Coreia do Norte Benjamin Young. O Juche é a ideologia oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia (do Norte), sendo uma mistura de marxismo-leninismo com a visão pessoal de Kim Il-sung, avô do atual ditador Kim Jong-un.
Ele também foi um dos líderes do Chondaehyop, grupo radical estudantil que aderiu à visão de ‘libertação nacional‘, política pró-Coreia do Norte. Por cometer uma série de atentados e atos de vandalismo, o grupo foi banido no início da década de 1990, mas ressurgiu sob o nome de Hanchongryon. Posteriormente, esta “nova” organização foi processada, acusada de estar sob o controle do Departamento da Frente Unida, agência norte-coreana responsável por coordenar as campanhas de manipulação da opinião pública na Coreia do Sul.
Para o cargo de conselheiro presidencial, foi escolhido o professor universitário de esquerda Moon Chung-in, que também serviu durante os mandatos presidenciais de Kim Dae-jung e Roh Moo-hyun. Ele é considerado um dos arquitetos da Sunshine Policy e, atualmente, defende a saída dos EUA da península coreana.
Para chefiar o Serviço Nacional de Inteligência, o escolhido foi Suh Hoon. Este se reuniu muitas vezes, pessoalmente, com Kim Jong-il, pai do atual ditador. De 1997 a 1999, durante o mandato de Kim Dae-jung, Hoon foi o diretor da KEDO, organismo multilateral responsável por guiar o fim do programa nuclear norte-coreano em troca de ajuda financeira.
Cho Myoung-gyon (Ministério da Unificação) e Song Young-moo (Ministério da Defesa) também serviram durante o mandato de Roh Moo-hyun.
A escolha desta velha guarda para integrar o Poder Executivo em Seul indica que Moon Jae-in pretende abandonar a postura de confrontação e voltar a dialogar com a Coreia do Norte — mesmo tendo tais diálogos, todas as vezes, terminado com vitória norte-coreana: ajuda financeira e avanço do programa nuclear.
Referida postura também sinaliza que o atual presidente dá menos importância ao apoio norte-americano, nutrindo mais interesse por se alinhar ao bloco russo-chinês. Se ele ainda não se afastou completamente dos Estados Unidos, isto provavelmente se deve a que o eleitorado sul-coreano, apesar de preferir uma solução do atrito com Pyongyang através do diálogo — talvez por medo das armas nucleares — não aprova a antiga política de ajuda financeira à ditadura ao norte.
O futuro
Dificilmente, o presidente Donald Trump conseguirá resolver o problema com a Coreia do Norte sem penalizar aqueles que guiam e ajudam a dinastia Kim.
As sanções econômicas não surtirão efeito enquanto for permitido à Rússia e à China fazer esse jogo duplo de, na Assembleia Geral da ONU, falar em diálogo, sensatez e paciência, mas, pelas costas, financiar e auxiliar o comunismo norte-coreano, posto que Pyongyang encontrará os meios para se manter de pé, não precisando recuar para sobreviver.
Desta maneira, o bloco russo-chinês impossibilita qualquer solução por vias pacíficas. Como já dito, para Moscou e Pequim, a retórica beligerante da Coreia do Norte é uma arma geopolítica, que existe para garantir a liderança de ambos na Ásia. Já para os EUA, a retórica e conduta agressivas da dinastia Kim e o seu programa de armas nucleares são uma ameaça.
Além disso, é essencial que a população sul-coreana perceba o jogo duplo que parte da elite política do país está fazendo em relação a Pyongyang. Contudo, enquanto permanecerem reféns do discurso antiamericano, permanecerão vítimas da engenhosa manipulação retórica engendrada por aqueles com fortes laços políticos com a China e a Coreia do Norte.
No entanto, o presidente Donald Trump se mantém em uma situação estrategicamente superior, apesar de perigosa: legitimado pelas sanções impostas pelas Nações Unidas e pelas constantes ameaças de Kim Jong-un e os recorrentes lançamentos de mísseis, os Estados Unidos podem, através de seu Departamento do Tesouro, causar sérias perdas econômicas aos apoiadores da Coreia do Norte, sem que isso possa ser considerado pela comunidade internacional como uma declaração de guerra.
Dito alcance mundial do braço do Departamento do Tesouro explica o porquê de o bloco russo-chinês defender tanto o fim da hegemonia do dólar como moeda global.
A questão que agora se coloca é: até que ponto o presidente Trump terá fibra para confrontar diretamente a Rússia e a China por seu auxílio à dinastia Kim a se evadir das sanções econômicas?
Na ausência de novos indícios, podemos apenas aguardar.
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