Pouco antes de sua morte misteriosa, Barry Sherman, um bilionário de Toronto, no Canadá, estava trabalhando para encerrar uma investigação sobre um evento de arrecadação de fundos que ele organizou para o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o qual alegadamente violava as regras de lobby.
O jornal Toronto Star relatou que a comissária de lobby Karen Shepherd estava investigando Sherman desde 2016. Sherman, fundador da gigante farmacêutica Apotex Inc., e sua esposa Honey foram encontrados mortos em sua casa em 15 de dezembro.
Sherman enfrentava uma proibição de cinco anos para realizar arrecadações de fundos para Trudeau porque é ilegal no Canadá fazer lobby para candidatos que alguém ajudou a eleger. Sherman apresentou uma ação judicial em maio do ano passado para bloquear a investigação, dizendo que a sondagem foi “iniciada e perseguida de má fé e/ou por um propósito impróprio”.
“A investigação é uma expedição de pesca desancorada”, escreveu Sherman no processo e acrescentou que as intimações emitidas para os executivos da Apotex eram “inconstitucionais e, como resultado, inaplicáveis”.
O caso ainda está em andamento e os advogados de Sherman apresentaram documentos poucos dias antes de sua morte.
“Agora não é o momento de discutir litígios”, disse Jordan Berman, o porta-voz da Apotex, ao Toronto Star via e-mail. “Nossa atenção está focada em apoiar os nossos funcionários e a família Sherman após essa terrível tragédia.”
As reclamações de lobby contra Sherman foram peticionadas pela Democracy Watch, um grupo de responsabilidade governamental.
“As atividades de arrecadação de fundos do sr. Sherman para o primeiro-ministro Trudeau, o ministro das finanças Bill Morneau e o Partido Liberal criaram conflitos de interesse”, disse Duff Conacher, o cofundador da Democracy Watch, ao Toronto Star.
“As duas reclamações da Democracy Watch ainda devem ser julgadas pela comissária de lobby apesar da infeliz e triste morte do sr. e da sra. Sherman”, disse Conacher.
Divisão de homicídio assume o caso
No domingo, 17 de dezembro, os detetives canadenses de homicídios assumiram a liderança na investigação das mortes misteriosas do bilionário farmacêutico Barry Sherman e de sua esposa Honey, um dia depois que parentes queixaram-se da condução do caso.
Esse desenvolvimento não significa que as mortes estejam sendo tratadas como homicídios, disse Michelle Flannery, a porta-voz do Serviço de Polícia de Toronto.
O casal, que foi celebrado por sua filantropia e sucesso financeiro, foi encontrado pendurado ao lado de sua piscina na sexta-feira, 15 de dezembro, por um agente imobiliário envolvido na venda de sua casa em Toronto, informou a mídia canadense.
A polícia disse que não havia sinal de entrada forçada na casa, que está listada para venda por US$ 5,4 milhões.
As autópsias realizadas no sábado e domingo (16 e 17 de dezembro) determinaram que Barry Sherman, de 75 anos, e sua esposa, de 70 anos, morreram por compressão do pescoço, informou a polícia num comunicado. A polícia pediu que qualquer pessoa que tenha informações sobre o caso entrasse em contato com as autoridades.
Flannery não disse se a polícia estava à procura de um suspeito. A polícia disse no sábado, 16 de dezembro, que não tinha ninguém sob custódia e não estava em busca qualquer suspeito.
O caso dominou as notícias canadenses, com funcionários, amigos e líderes políticos expressando choque.
As mídias Globe and Mail, Toronto Sun e Toronto Star informaram no sábado (16 de dezembro) que a polícia estava trabalhando com base na teoria de que Barry Sherman teria matado sua esposa e então se enforcado.
Uma declaração emitida no final de sábado (16 de dezembro) em nome dos quatro filhos dos Sherman criticou essa ideia.
“Estamos chocados e pensamos que é irresponsável que as fontes policiais tenham sugerido à mídia uma teoria que nem sua família, seus amigos ou seus colegas acreditam ser verdade”, diz o comunicado.
“Instamos ao Serviço de Polícia de Toronto que realize uma investigação criminal completa, intensiva e objetiva”, afirmou.
Barry Sherman fundou a Apotex Inc. em 1974 e transformou-a num dos maiores fabricantes de medicamentos genéricos do mundo, tornando-o uma das pessoas mais ricas do Canadá.
Colaborou: Reuters