Por Ivan Pentchoukov, Epoch Times
Washington e Moscou trocaram insultos nos dias 10 e 11 de dezembro, depois que uma frota de aviões russos, incluindo um par de bombardeiros com capacidade nuclear, aterrissaram na Venezuela.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que dois bombardeiros estratégicos Tu-160 aterrissaram no aeroporto de Maiquetía, na Venezuela, em 10 de dezembro. Os bombardeiros foram acompanhados por um avião de transporte e uma aeronave de longo alcance. As tripulações foram recebidas em terra com uma festa de boas-vindas.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, criticou a medida pouco depois, chamando-a de um desperdício de fundos públicos por “dois governos corruptos”. O porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, respondeu rapidamente, chamando a declaração de Pompeo de “anti-diplomática” e “totalmente inadequada”.
A guerra de palavras a respeito do envio dos bombardeiros é o mais recente evento na escalada das tensões entre a Rússia e os Estados Unidos, impulsionada em grande parte pelas provocações da Rússia perante o cenário mundial. Há menos de duas semanas, o presidente Donald Trump cancelou uma reunião marcada com Putin na cúpula do G20 na Argentina, citando o confisco feito pela Rússia de um navio ucraniano no Estreito de Kerch.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que o voo de 9.600 quilômetros atendeu aos padrões internacionais do espaço aéreo, acrescentando que os aviões F-16 Fighting Falcon acompanharam a frota russa em etapas distintas da viagem. O ministro da Defesa venezuelano, Padrino López, disse que os bombardeiros participarão de um exercício conjunto com aviões venezuelanos, segundo a agência estatal de notícias russa TASS.
Enquanto os bombardeiros russos se dirigiam para a Venezuela, uma autoridade do Departamento de Estado dos Estados Unidos disse a repórteres em entrevista por telefone que o mais recente ataque da Rússia a Kerch é um lembrete de que os aliados dos Estados Unidos na Europa devem tomar medidas para não mais depender da energia russa. Durante a entrevista, Francis Fannon, vice-secretário do Departamento de Recursos Energéticos do Departamento de Estado, referiu-se especificamente ao gasoduto Nordstream 2 proposto pela Rússia, dizendo que Washington está reunindo seus aliados para formar uma oposição ao projeto.
“Ao contrário dos Estados Unidos, as empresas russas de energia são uma extensão do Estado, e o Estado russo usa energia para fins políticos coercitivos. Com a Nordstream 2, a Rússia pretende aumentar sua influência no Ocidente enquanto isola a Ucrânia da Europa”, disse Fannon em 10 de dezembro.
O senador Marco Rubio parece ter previsto a jogada da Rússia em uma mensagem no Twitter em 13 de novembro. Rubio alertou na época que se o presidente venezuelano Nicolás Maduro aceitasse bombardeiros russos para a Venezuela, Putin faria com que os aviões voassem em patrulha pelo Caribe e pelo Golfo do México.
“Não só seria um ato altamente provocativo por parte da Rússia, mas também confirmaria que o regime de Maduro representa uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”, disse Rubio em 13 de novembro.
Com suas suspeitas confirmadas, Rubio disse em 11 de dezembro que a Rússia faria uma missão de patrulha já em 12 de dezembro para “provar que eles podem demonstrar seu poder no Hemisfério Ocidental através da Venezuela”.
“Em vez de enviar bombardeiros, por que Putin não envia alimentos e medicamentos para o povo sofrido da Venezuela?”, acrescentou Rubio.
O bombardeiro Tu-160 é o maior e mais pesado avião de combate atualmente usado, bem como o bombardeiro mais rápido do mundo. As asas da aeronave podem mudar de posição durante o voo, o que permite modificar a forma da aeronave. O Tu-160 também pode transportar até 12 mísseis com capacidade nuclear.
A última vez que a Rússia usou os bombardeiros Tu-160 foi em 2015 contra alvos na Síria. Durante a implantação na Venezuela em 2013, os bombardeiros violaram o espaço aéreo da Colômbia e foram escoltados por aviões de guerra colombianos.