O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, entendeu errado nesta quinta-feira (15) uma pergunta sobre a realização de novas eleições na Venezuela, criando horas de confusão depois de dar a entender que apoiava a repetição do pleito.
A confusão ocorreu quando Biden falou brevemente com a imprensa antes de embarcar no helicóptero presidencial Marine One. Quando um jornalista perguntou se ele apoiava uma nova eleição na Venezuela, ele simplesmente respondeu: “Sim, apoio”, sem entrar em detalhes.
Horas depois, no entanto, um porta-voz da Casa Branca esclareceu que o presidente estava de fato se referindo ao “absurdo” de o governo da Venezuela não ter divulgado as atas de votação das eleições de 28 de julho, nas quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou a reeleição do ditador Nicolás Maduro, um resultado contestado dentro e fora do país sul-americano.
O porta-voz reiterou que Washington considera que o vencedor das eleições foi o opositor Edmundo González Urrutia, de acordo com as atas verificadas no dia da eleição por fiscais da maior coalizão de oposição a Maduro, e novamente pediu que a “vontade” do povo venezuelano seja respeitada para que haja uma “transição de volta às normas democráticas”.
O debate sobre a realização de novas eleições na Venezuela ocorreu depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma entrevista dada hoje à “Rádio T”, sugeriu duas possíveis saídas para a crise pós-eleitoral na Venezuela: a formação de um governo de coalizão composto por membros do chavismo e da oposição ou a realização de novas eleições.
As declarações de Lula provocaram imediatamente uma reação do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que disse não achar “prudente” convocar novas eleições na Venezuela neste momento.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sugeriu uma “frente nacional” para a Venezuela, como a que existiu na Colômbia no século XX, na qual liberais e conservadores se revezavam no poder como um passo “transitório” em direção a uma “solução definitiva” para a crise, uma ideia semelhante à sugestão de Lula de um governo de coalizão.
Após as eleições na Venezuela, os governos de Brasil, Colômbia e México iniciaram contatos para encontrar uma solução para a crise, um esforço de mediação que conta com o apoio dos EUA, entre outros países.