Prezado presidente Trump, enquanto acompanhava o senhor sair dos Estados Unidos para sua histórica turnê asiática na sexta-feira, de alguma forma lembrei-me de as notícias em sua conta no Twitter terem ficado “desativadas” por 11 minutos na quinta-feira. Então, fui tocada por um pensamento: “Será que ele poderá usar suas contas do Twitter e do Facebook na China?”
Eu postei minha preocupação no Facebook; e foi dito que haveria uma função de ‘roaming’ para o senhor usar e que não seria um problema para o senhor. Enquanto me senti aliviada por você, ainda sentia simpatia pelas centenas de milhões de usuários de internet na China que não têm livre acesso a “sites sensíveis”, incluindo o Twitter e o Facebook, e que, portanto, não podem acompanhar o senhor como eu.
Neste momento, permita-me apresentar-me. Meu nome é Jennifer Zeng. Eu sou uma escritora e uma praticante do Falun Gong atualmente radicada em Nova York. Eu sou a autora de ‘Witnessing History: one women’s fight for freedom and Falun Gong’ (‘Testemunhando a História: a luta de uma mulher pela liberdade e Falun Gong’) e a personagem principal do premiado documentário ‘Free China: the courage to believe’ (‘China livre: a coragem de crer’).
Eu escapei da China em 2001 depois de ter sido detida e torturada severamente durante um ano no Campo de Trabalho de Mulheres de Pequim. A razão pela qual fui mandada para lá foi que a polícia chinesa da internet havia interceptado um e-mail ─ uma carta que escrevi aos meus sogros para explicar por que não queria desistir do Falun Gong mesmo após o Partido Comunista Chinês (PCC) declarar guerra contra ele.
Na verdade, eu queria escrever para o senhor desde que recebi uma mensagem de texto chocante da minha mãe na China no mês passado, antes do 19º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês.
Ela disse que as autoridades locais na cidade de Mianyang, na província de Sichuan, na China, pediram que ela me avisasse: “Não entre em contato com o presidente Donald J. Trump, não faça nada que prejudique o partido e a pátria e o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China para que o Congresso possa ser realizado e terminado sem problemas”.
Fiquei muito chocada, porque as autoridades chinesas presumiram que eu tentaria “entrar em contato” com você. No entanto, eu pude enxergar muito claramente a mentalidade por trás do aviso: embora você tenha sido convidado a visitar a China como um convidado “honorável” e será tratado como um, muitos funcionários do Partido Comunista ainda, consciente e subconscientemente, o consideram inimigo.
Então, mesmo que eles possam convidá-lo e se encontrar com você, eles absolutamente não querem que eu faça o mesmo. Eles acreditam que é perigoso para eles que um cidadão chinês comum, como eu, se encontre com o senhor.
Fiquei muito frustrada, porque, apesar de deixar a China há 16 anos e nunca ter conseguido retornar, o PCC continua a perseguir minha mãe (e meu pai até seu falecimento, em 2014) por coisas que eu fiz ou não fiz no exterior. Portato, eu escrevi um artigo para expor isso.
Então eu recebi um pedido de entrevista de uma repórter da NTD Television e ela me perguntou: “Por que o maior regime comunista do mundo está preocupado com a possibilidade de você, que é um ex-membro do Partido Comunista e praticante de uma simples meditação, poder se encontrar com o presidente americano?”
Eu pensei muito e dei-lhe a seguinte resposta:
“Desde que o comunismo surgiu, o mundo livre tem lutado contra ele. Em termos de pessoas mortas e os danos causados à humanidade, o comunismo tem sido o maior desastre e continua sendo a maior ameaça. No entanto, poucas pessoas realmente sabem o que está por trás disso.”
“Foi por isso que Chiang Kai-shek perdeu sua batalha contra o PCC e teve que se retirar para Taiwan; e também é por isso que, embora pensemos que o comunismo está morto em muitos países, ainda está “destruindo” a América e outros países, disfarçados sob outros nomes.”
“Pela primeira vez, ‘Os Nove Comentários do Partido Comunista Chinês’, publicado pelo Epoch Times em 2004, nos oferecem uma análise muito clara, completa e abrangente da natureza do comunismo, bem como a melhor solução para lidar com ele e desintegrá-lo.”
“Como resultado, até agora, mais de 288 milhões de chineses publicaram suas declarações para renunciar ao PCC e a suas organizações afiliadas. O que o PCC mais teme é que os chineses e o mundo o vejam pelo que ele é.”
“Desde a publicação de ‘Os Nove Comentários do Partido Comunista Chinês’, o tenho disseminado incansável e proativamente escrevendo artigos, dando discursos e divulgando a mensagem.”
“Se mais e mais pessoas se juntarem, especialmente se, como líder do mundo livre, o presidente Trump também perceber a natureza maligna e inalterável do Partido Comunista, reconhecer a importância do despertar espiritual do povo chinês e começar a apoiar esta causa, isto será algo que o PCC menos quer que aconteça. Eu acredito que esta é a principal razão pela qual o PCC não quer que eu tente entrar em contato e expressar meus pensamentos para o presidente Trump.”
“Outra razão também pode ser que, como sobrevivente do sistema de campos de trabalho chinês, eu tenho uma história muito constrangedora e convincente para contar. Quase todos os que leram minhas memórias ‘Testemunhando a História: a luta de uma mulher pela liberdade e Falun Gong’ ou que assistiram ao ‘China livre: a coragem de crer’, ficou imediatamente convencido da crueldade da perseguição ao Falun Gong; e alguns ficaram tão emocionados e irritados que quiseram agir para ajudar.”
“A perseguição ao Falun Gong dura mais de 18 anos. Já se tornou a maior escala de desastre de direitos humanos e crime contra a humanidade neste século. No entanto, devido ao forte controle da mídia, o mundo ainda sabe muito pouco sobre isso.”
“O PCC sabe muito bem, se todos os fatos ocultos, desconhecidos e chocantes da perseguição dos últimos 18 anos se tornarem mundialmente conhecidos, isso seria a sua ruína final. É por isso que é tão importante para o PCC suprimir vozes de pessoas como eu.”
Prezado presidente Trump, se eu realmente tiver a oportunidade de encontrá-lo, além do exposto acima, eis o que eu também gostaria de lhe dizer:
Sua visita à China é, obviamente, muito importante, já que a relação entre os Estados Unidos e a China é a relação bilateral mais importante do mundo hoje. Se a China puder abandonar a ideologia e o sistema comunistas, puder permitir que as pessoas tenham liberdade de crer, falar, pensar, reunir e se associar, respeitar os direitos humanos e os valores universais e puder se tornar parte do mundo civilizado, acredito que então ambos os países irão desfrutar da paz e da prosperidade.
No entanto, se ainda possuímos ilusões cor de rosa de que o PCC pode ser mudado para melhor; e que precisamos apenas “engajá-lo” e esperar que coisas boas aconteçam, as consequências podem ser desastrosas, não só para a China, mas também para a América e para o mundo.
Então, se você tiver uma chance, incentive o presidente Xi Jinping a considerar abandonar o comunismo. Não é possível alcançar um ‘Sonho da China’ enquanto ainda se abraça a ideologia e o sistema comunistas.
O comunismo provou ser o maior desastre para a civilização humana e causou mais de 80 milhões de mortes não naturais na China. É tarde demais e é muito desnecessário tentar salvar o Partido. Seus crimes estão além da redenção.
Outro apontamento importante a ser feito é que a perseguição ao Falun Gong já se tornou o maior fardo moral, econômico e social para a China e o povo chinês. Um ‘Sonho da China’ é definitivamente impossível enquanto ela ainda estiver sobrecarregada com este crime sem precedentes contra a humanidade.
Xi tem uma ótima oportunidade para corrigir esta questão: desde maio de 2015, mais de 200 mil pessoas, inclusive eu, apresentaram denúncias criminais ao Supremo Tribunal Popular e à Suprema Procuradoria Popular da China contra Jiang Zemin, que iniciou a perseguição em 1999 apesar da oposição de outros então membros do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista da China.
Isso aconteceu depois de o regime de Xi ter anunciado uma política para garantir o protocolo e processamento de todas as queixas criminais e civis. Se Xi puder utilizar esta oportunidade para começar a investigar os crimes de Jiang Zemin; e, eventualmente, levar Jiang à Justiça, ele realmente estará fazendo algo muito significativo para a China e para o mundo. Tais enormes crimes não podem ser enterrados e ignorados para sempre. Se ele perder esta oportunidade histórica, como se posicionaria na história por vir?
Prezado presidente Trump, se você puder, também gostaria que você se lembre da Resolução da Câmara nº 343, aprovada por unanimidade pelo Congresso dos EUA expressando preocupação com a aquisição de órgãos na China de prisioneiros de consciência não consentidos, incluindo de “um grande número de praticantes do Falun Gong e membros de outros grupos de minorias étnicas e religiosas”. Espero que você explicite ao presidente Xi Jinping o ultrajante que é este crime; e que este deve parar AGORA.
Finalmente, se você puder, peça também ao presidente Xi Jinping para pedir às autoridades da cidade de Mianyang, na província de Sichuan, que parem de assediar minha mãe, uma juíza aposentada inocente de 75 anos, por qualquer coisa que eu tenha ou não tenha feito nos Estados Unidos.
Por favor, permita-me também dizer ‘obrigado’ pelo seu árduo trabalho para “fazer a América grande de novo”. Desejo à sua turnê asiática um grande sucesso!
Atenciosamente,
Jennifer Zeng
Jennifer Zeng é autora de ‘Testemunhando a História: a luta de uma mulher chinesa pela liberdade e Falun Gong’. Antes de ser perseguida na China por sua fé, ela foi pesquisadora e consultora no Centro de Pesquisa de Desenvolvimento do Conselho Estatal, o Gabinete do Estado. Sua história aparece no premiado documentário ‘China livre: a coragem de crer’, co-produzido pela New Tang Dynasty Television e World2Be Productions. Zeng tem um blog e publicações no Facebook
As opiniões expressas pela autora neste artigo não refletem necessariamente a visão do Epoch Times
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