Caravana de migrantes: uma ferramenta de instabilidade que continua a ser usada porque funciona

"É a versão americana do que aconteceu na Europa, com migrações maciças de pessoas do Oriente Médio. Eles descobriram que é uma fórmula de sucesso e têm aliados suficientes nos Estados Unidos que a facilitarão e farão tudo que puderem para impedir que Trump os detenha"

19/01/2019 17:15 Atualizado: 19/01/2019 17:15

Por Charlotte Cuthbertson, Epoch Times

Há poucas informações sobre a nova caravana de migrantes que partiu de Honduras em 15 de janeiro, mas um jornalista ativista que acompanha o grupo disse que cerca de 2.000 hondurenhos estão a caminho até agora — a maioria viaja para o norte de ônibus vindos de San Pedro Sula, grande cidade de Honduras. Espera-se que mais se juntem a eles. Além disso, outros deixaram El Salvador.

A caravana partiu justamente em meio à mais longa paralisação do governo dos Estados Unidos, que se originou de um conflito relacionado ao financiamento da segurança de fronteira, cujo principal ponto de atrito com os democratas é a aprovação de US$ 5,7 bilhões para cercar a fronteira sudoeste do país.

“Uma nova caravana está indo para a fronteira sul vinda de Honduras”, escreveu o presidente Donald Trump no Twitter em 15 de janeiro. “Diga a Nancy e Chuck que um drone voando não os deterá. Só um muro funcionará. Só um muro ou uma barreira de ferro manterão nosso país seguro! Deixem os jogos políticos e terminem com o fechamento!”

As negociações entre Trump, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi (Califórnia) e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer (Nova Iorque), se esgotaram depois que Pelosi disse que não concordaria com nenhum financiamento para o muro.

Pelosi e Schumer classificaram o muro da fronteira como dispendioso e ineficaz, enquanto Pelosi foi ainda mais longe chamando-o de “imoralidade”.

“Não tem nada a ver com política, tem a ver com o fato de que um muro é uma imoralidade entre países; é um modo antigo de pensar”, disse Pelosi em uma entrevista coletiva em 3 de janeiro.

Migrantes viajando para a fronteira dos EUA caminham ao longo de uma estrada em San Salvador, El Salvador, em 16 de janeiro de 2019 (Salvador Melendez/AP Photo)
Migrantes viajando para a fronteira dos EUA caminham ao longo de uma estrada em San Salvador, El Salvador, em 16 de janeiro de 2019 (Salvador Melendez/AP Photo)

O fenômeno das caravanas não é novo, e seu tamanho não é surpreendente — a Patrulha da Fronteira lida com cerca de 2.000 pessoas que atravessam ilegalmente todos os dias —, mas as caravanas tendem a atrair uma enorme quantidade de atenção da mídia. A maioria dos que cruzam a fronteira são da América Central e a grande maioria pede asilo.

Jim Simpson, autor de “O Eixo Vermelho-Verde: Refugiados, Imigração e a Agenda para Apagar a América”, disse que a última caravana provavelmente é o resultado do sucesso da anterior.

“Eles descobriram que usando o método das caravanas, conseguem inundar os Estados Unidos com problemas. E eu acho que realmente eles foram mais bem sucedidos do que imaginavam, porque foi tão permitido e defendido por decisões judiciais nos Estados Unidos”, disse Simpson.

“É a versão americana do que aconteceu na Europa, com migrações maciças de pessoas do Oriente Médio. Eles descobriram que é uma fórmula de sucesso e têm aliados suficientes nos Estados Unidos que a facilitarão e farão tudo que puderem para impedir que Trump os detenha.”

Esforços do governo

A administração Trump tentou vários métodos para restringir o fluxo de imigração ilegal, explicando que a maioria dos pedidos de asilo é falaciosa e que o sistema está sendo usado como uma forma eficaz de acessar os Estados Unidos e desaparecer, uma vez dentro do país.

Trump tentou evitar que os solicitantes de asilo da caravana do final de 2018 entrassem ilegalmente nos Estados Unidos e sobrecarregassem a Patrulha da Fronteira, então emitiu uma proclamação presidencial em 9 de novembro, notificando que aqueles que cruzam ilegalmente a fronteira não são elegíveis para asilo.

O juiz distrital Jon Tigar bloqueou a proclamação em 20 de novembro, e em 19 de dezembro a Suprema Corte se recusou a intervir até que o caso completasse seu curso nos tribunais inferiores.

Em maio, o governo reintroduziu a política de tolerância zero da era Bush, que implica que todos os adultos que cruzarem a fronteira ilegalmente serão processados. Essa postura causou revolta quando algumas crianças foram temporariamente separadas dos pais ou dos adultos que as acompanhavam, então Trump teve que recuar rapidamente.

Trump também pediu ao congresso para corrigir brechas no sistema de asilo que permitem que milhares de pessoas sem mérito inundem o sistema. Em junho, o então procurador-geral Jeff Sessions reajustou os critérios para asilo, como era antes de Obama, mas o juiz distrital Emmet Sullivan bloqueou essa disposição em 19 de dezembro.

“Muitos dos juízes que se opõem a todos os esforços de Trump para reduzir a imigração, especialmente a imigração ilegal, são juízes nomeados por Bill Clinton ou Barack Obama”, disse Simpson. “E essas pessoas são, quase sem exceção, da extrema esquerda.”

Acampamento de migrantes a 16 quilômetros da fronteira dos EUA, no bairro Mariano Matamoros de Tijuana, México, em 2 de dezembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Acampamento de migrantes a 16 quilômetros da fronteira dos EUA, no bairro Mariano Matamoros de Tijuana, México, em 2 de dezembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Nova caravana, velha caravana

A secretária do Departamento de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, disse que sua agência está monitorando de perto a nova caravana.

“Para ser clara, a participação na caravana não garante um status especial nem oferece tratamento especial”, escreveu ela no Twitter em 16 de janeiro.

No final de dezembro de 2018, surgiram relatos que previam uma caravana de 15 mil pessoas que partiria de Honduras em meados de janeiro.

Membro do grupo pró migrantes Reactive Tijuana Foundation, Irma Garrido declarou em 27 de dezembro: “Eles são ainda maiores e mais fortes do que os da última caravana”.

Ativistas pró migrantes disseram que o plano da caravana é permanecer nos estados de Chiapas e Oaxaca, no sul do México. Mas informações recentes sugerem que esta caravana está se dirigindo para os Estados Unidos, pela mesma rota que a anterior.

O governo mexicano ofereceu asilo temporário aos membros da caravana anterior, juntamente com educação, emprego e saúde, mas a maioria rejeitou a oferta e, desde então, muitos entraram ilegalmente nos Estados Unidos.

A última caravana tinha cerca de 6.400 membros em Tijuana, que fizeram duas grandes tentativas de entrar em massa nos Estados Unidos.

Migrantes abrem caminho à força pela fronteira dos EUA ao passar pela entrada leste para pedestres da junção San Ysidro em Tijuana, México, em 25 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Migrantes abrem caminho à força pela fronteira dos EUA ao passar pela entrada leste para pedestres da junção San Ysidro em Tijuana, México, em 25 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

A primeira tentativa foi em 25 de novembro, quando mais de mil migrantes empurraram e passaram pela polícia antidistúrbios, depois tentaram subir ou atravessar a cerca da fronteira para os Estados Unidos. A Patrulha da Fronteira usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e só algumas pessoas conseguiram entrar.

Outra tentativa realizada por cerca de 150 membros aconteceu na véspera de Ano Novo e também terminou com a Patrulha da Fronteira usando gás lacrimogêneo para repelir os migrantes que os apedrejavam, enquanto outros tentaram escalar a cerca da fronteira.

Muitos dos migrantes com quem o Epoch Times conversou em Tijuana disseram que queriam viver nos Estados Unidos para se encontrar com a família que tinham lá, ou por razões econômicas. A maioria disse que planejava cruzar para os Estados Unidos ilegalmente.

Karen Aviles no novo acampamento de migrantes a 16 quilômetros da fronteira dos EUA em Tijuana, México, em 2 de dezembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Karen Aviles no novo acampamento de migrantes a 16 quilômetros da fronteira dos EUA em Tijuana, México, em 2 de dezembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Karen Aviles disse em 2 de dezembro que ela conhecia muitos membros da caravana que já haviam atravessado ilegalmente, incluindo sua sobrinha e sobrinho e seus cônjuges.

A esposa de seu sobrinho tinha data prevista para dar à luz em 5 de dezembro.

“É por isso que eles se apressaram, para que o bebê pudesse nascer nos Estados Unidos”, disse Aviles. “O dia em que eles atravessaram, eu não estava lá; caso contrário, eu teria ido com eles”.

Ela contou que também planeja cruzar ilegalmente.

Depois de permanecer em Tijuana por cerca de duas semanas, o guatemalteco Luis Conde, de 48 anos, disse que não tem intenção de pedir asilo nos Estados Unidos, porque “eles não vão me dar”.

“Se eles não me derem os papéis, ao diabo tudo isso, eu vou pular — não tenha dúvida”, disse ele em 26 de novembro. “Se você é um oportunista, tem que saber como aproveitar as chances que surgem, quando elas vêm e você vê que não é perigoso, bam, você vai.”

Frank Martinez, que viajou com o pai vindo de Honduras, disse que pretende cruzar ilegalmente.

“Pessoalmente, conheço muitas pessoas que tentarão fazer o mesmo — cruzar ilegalmente. Eu vou entrar ilegalmente”, disse ele em 24 de novembro. “Porque quero uma vida melhor e tenho pressa.”

Soberania

Simpson disse que o objetivo final da esquerda é sobrecarregar os Estados Unidos com imigrantes ilegais que receberão anistia e direito a voto.

“Eles estão muito próximos de seu objetivo de atrair um número suficiente de pessoas, estão muito confiantes de que podem, por exemplo, transformar o Texas de vermelho em azul, e que podem ganhar maiorias permanentes para a esquerda no Congresso e na presidência”, disse Simpson. “Então nosso país mudará irremediavelmente para pior. Vai se tornar um país socialista, no pior sentido”.

Ele disse que muitos americanos não enxergam a ameaça real. “Este é um desafio direto à soberania dos Estados Unidos e eles nos impuseram isso. As caravanas são instrumentos”, disse ele.

“Todas essas são facetas da mesma estratégia, que consiste em sobrecarregar nossa sociedade com problemas e se colocarem [a esquerda] em posição de fornecer a solução, que é sempre uma ótima solução estatal”, disse Simpson.

Trump fez comentários semelhantes sobre a soberania. “A fronteira sul dos Estados Unidos será militarizada e defendida ou os Estados Unidos, como o conhecemos, deixarão de existir”, escreveu ele no Twitter em 13 de janeiro.

Secretário de Segurança Pública de Tijuana, Marco Sotomayor, durante uma coletiva de imprensa em Tijuana, México, em 26 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Secretário de Segurança Pública de Tijuana, Marco Sotomayor, durante uma coletiva de imprensa em Tijuana, México, em 26 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Problemas em Tijuana

Em Tijuana, o secretário de Segurança Pública, Marco Antonio Sotomayor, disse que espera que o governo mexicano proteja sua fronteira sul com a Guatemala e não permita que migrantes ingressem no México em caravanas não registradas.

“Sabemos que dentro do grupo de migrantes há alguns criminosos da América Central escondidos, que têm processos recentes em seus países ou antecedentes criminais e, obviamente, não querem se registrar porque sabem que essa informação é compartilhada com os governos da América Central. Eles sabem que vamos descobrir que eles têm antecedentes criminais”, disse Sotomayor ao Epoch Times em 14 de janeiro. “Então, essa parte, do meu ponto de vista, é muito arriscada. Exigimos que o governo federal não permita o acesso ao nosso território nacional sem um processo legal e ordenado”.

Sotomayor disse que tem sido desafiador e dispendioso para a cidade lidar com os milhares de membros da caravana desde novembro.

“Se outro grupo vier… deve ser dividido por igual entre as cidades fronteiriças próximas a todos os portos de entrada ao longo de toda a fronteira entre o México e os Estados Unidos”, sugeriu. Existem vinte e seis portos de entrada ao longo dos 3.200 quilômetros da fronteira EUA-México.

Até o momento, a polícia local de Tijuana já prendeu 351 migrantes da caravana de novembro por vários delitos, a maioria deles relacionados a drogas.

Rodrigo Morgoza, morador de Tijuana, segura um cartaz que diz "Imigrantes sim, ilegais não" durante um protesto contra a caravana de migrantes da América Central em Tijuana, México, em 18 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Rodrigo Morgoza, morador de Tijuana, segura um cartaz que diz “Imigrantes sim, ilegais não” durante um protesto contra a caravana de migrantes da América Central em Tijuana, México, em 18 de novembro de 2018 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Os cidadãos de Tijuana organizaram um protesto contra a caravana em novembro, e muitos mexicanos disseram ao Epoch Times que a consideravam uma invasão.

Rodrigo Melgoza carregava um cartaz que dizia: “Imigrantes sim, ilegais não”.

“Porque eu acredito que todo mundo tem o direito de recomeçar a vida em um novo país, mas eles têm que fazer isso da maneira legal”, disse ele. “Eles não devem violar a soberania de todos os mexicanos e do México, como esses povos fizeram na fronteira”.

Elvia Villegas disse que admira Trump, “porque ele está defendendo suas fronteiras. Não como aqui no México, onde os políticos são corruptos e não defendem as suas próprias fronteiras”.

Acordo para permanecer no México

Nielsen anunciou em 20 de dezembro uma nova política para que os requerentes de asilo sejam devolvidos ao México durante o processo de imigração.

“Se um juiz dos Estados Unidos conceder-lhes asilo, eles serão bem-vindos aos Estados Unidos. Se não, serão transferidos para seus países de origem”, disse Nielsen. “Captura e libertação” será substituído por “captura e devolução”. Isso também nos permitirá dar mais atenção àqueles que realmente fogem da perseguição”.

Não foram revelados mais detalhes do plano “Ficar no México”; no entanto, Sotomayor disse que o governo mexicano não concorda com o plano.

“Eu entendo que a posição do governo é de não aceitá-los. Se eles [os Estados Unidos] quiserem devolvê-los ao México, eles não os receberão”, disse ele.

“Obviamente, nós condenamos que um estrangeiro que pede asilo para os Estados Unidos tenha que permanecer em território nacional em Tijuana. O que queremos é que, se alguém pedir asilo político e um processo for aberto nos Estados Unidos, então ele deverá ser recebido pelos Estados Unidos. Nós não queremos que Tijuana cuide disso.”

Mas, acrescentou, é uma questão federal entre os governos dos dois países.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou em 18 de dezembro um pacote de ajuda externa de 10,6 bilhões de dólares para o sul do México e a América Central.

Por que os progressistas querem mais imigração ilegal