O cantor Mehdi Yarrahi foi detido, nesta segunda-feira (28), em Teerã, dias após as autoridades judiciais do Irã terem apresentado uma denúncia contra ele por lançar uma música na qual apela às mulheres para que retirem o véu.
“Mehdi Yarrahi foi preso por ordem do Ministério Público de Teerã”, informou agência de notícias “Mizan”, do Poder Judiciário, na rede social X (ex-Twitter).
A agência não explicou o motivo da prisão, mas no fim de semana foi aberto um processo contra o músico pela “publicação de uma canção ilegal que desafia os costumes e a moral de uma sociedade islâmica”.
O popular músico pop lançou na última sexta-feira a canção “Rosarito”, que significa “seu véu” em persa, apelando às mulheres iranianas para que retirem os seus hijabs e mostrando apoio aos protestos que sacudiram o país no ano passado.
“O véu opcional é apenas uma das sérias exigências do povo oprimido do Irã, que sacrificou muitas vidas preciosas para alcançar a liberdade e a democracia”, lê-se antes do início do clipe musical de quase quatro minutos de duração.
No vídeo aparecem mulheres sem véu dançando e na música toca “mulher, vida, liberdade”, o lema dos protestos.
A publicação da canção ocorre pouco mais de duas semanas após o aniversário da morte de Mahsa Amini, após ter sido presa pela chamada Polícia da Moral do Irã por não usar o lenço islâmico de forma adequada.
Sua morte gerou fortes protestos aos gritos de “mulher, vida, liberdade”, que durante meses pediram ao fim da República Islâmica e que cessaram após uma forte repressão que causou 500 mortes, milhares de detenções e na qual sete manifestantes foram executados, um deles em público.
Yarrahi já publicou no ano passado uma música de apoio aos protestos e já entrou em conflito com a Justiça iraniana por seu ativismo.
No ano passado, o cantor Shervin Hajipour foi preso e acusado de propaganda contra o governo e de incitação à violência pela sua canção “Baraye” (“Por causa de”), que se tornou o hino dos protestos.
Hajipour recebeu um Grammy de Melhor Canção Sobre Mudança Social, em fevereiro, e foi libertado sob fiança no início de outubro do ano passado.
Organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch denunciaram que as autoridades iranianas estão prendendo ativistas e pressionando as famílias dos mortos nos protestos devido à proximidade do aniversário.
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