Por Mamela Fiallo
A oposição se levantou contra a cumplicidade do Secretário General da OEA, Luis Almagro, com a candidatura à reeleição presidencial de Evo Morales, uma vez que a Constituição a proíbe e a maioria dos bolivianos votou contra.
O jornal PanAm Post entrevistou um deles, Óscar Ortiz Antelo, senador e candidato presidencial representando o Bolívia Diz Não, movimento político que surgiu como resultado do plebiscito, no qual a maioria dos bolivianos votou contra a ruptura democrática, republicana e constitucional que implica a candidatura de Evo.
Por que você se recusou a se reunir com o Secretário Geral da OEA durante sua visita à Bolívia?
Porque, minutos antes da reunião com o Secretário Geral, ele pronunciou um discurso justificando a reeleição de Evo Morales dizendo que seria”discriminatório” não permitir, apesar do fato de que o senhor Almagro está bem ciente de que a Constituição boliviana proíbe e que em 21 de fevereiro de 2016 houve um referendo em que o povo votou majoritariamente pelo NÃO, contra a proposta de modificar a Constituição para autorizar uma nova reeleição.
Por esta razão, dissemos ao senhor Almagro que rejeitamos sua mudança de posição, que o encontro com ele não fazia mais sentido porque perdemos a confiança em sua pessoa e que nos retiramos para expressar nosso protesto e nossa indignação por seu apoio ao golpe contra a democracia que Evo Morales está dando.
.@OscarOrtizA: "@Almagro_OEA2015 perdió la compostura; si él esperaba complacencia de parte de nosotros o medios términos luego de cambiar radicalmente su posición sobre la reelección de @evoespueblo, se equivocó" pic.twitter.com/DOWGFHVLt6
— Demócratas Bolivia (@DemocratasBo) May 20, 2019
Como senador, o que você pode dizer sobre a inconstitucionalidade da candidatura de Evo Morales?
Ela é uma candidatura inconstitucional e ilegítima que marca um processo de alteração da ordem constitucional que causará danos irreparáveis ao sistema democrático boliviano e que levará a Bolívia no caminho rumo ao autoritarismo que, infelizmente, Venezuela e Nicarágua já seguiram.
Seu partido se chama “Bolívia Diz Não”. Você quer ser a voz que não foi ouvida no plebiscito contra a reeleição de Evo?
É isso mesmo, nós somos parte do grupo daqueles que trabalham e nós fizemos campanha pelo triunfo do NÃO e daqueles que, desde janeiro de 2006, quando Evo Morales chegou ao poder, exercemos a oposição democrática, denunciamos abusos e violações deste governo contra os direitos humanos e a corrupção em que se afundou o Movimento ao Socialismo,partido do governo.
Quais são os princípios básicos do Bolívia Diz Não?
Nós defendemos o republicanismo democrático, a federalização das autonomias, a igualdade de oportunidades e a luta contra a corrupção como elementos centrais de nossa gestão pública para mudar e projetar a Bolívia no futuro.
Como você explica a política atual da Bolívia para o resto da América Latina e o que você propõe para remediar isso?
Na Bolívia, existe um processo de degradação da democracia, da qual restou apenas uma caricatura, sem justiça independente, sem Estado de Direito e sem respeito ao voto, para que os cidadãos vivam em um estado de desamparo.
Este artigo foi originalmente publicado no PanAm Post