O Canadá anunciou na sexta-feira (28) que destinará US$ 146 milhões (cerca de R$ 730 milhões na cotação atual) para desenvolver laboratórios autônomos revolucionários controlados por inteligência artificial (IA), que aceleram e reduzem o custo da produção de novos materiais e moléculas, um projeto liderado pelo cientista de origem mexicana Alán Aspuru-Guzik.
O ministro de Inovação e Ciência do Canadá, François-Philippe Champagne, explicou que o financiamento, o maior subsídio federal da história do Canadá, será destinado ao Consórcio de Aceleração da Universidade de Toronto.
O consórcio é liderado pelo professor de química e ciência da computação da Universidade de Toronto, Alán Aspuru-Guzik, que desenvolveu o conceito de “self-driving laboratories” (SDLs, autônomos), laboratórios robóticos controlados por inteligência artificial.
Aspuru-Guzik é considerado uma das mentes mais brilhantes da química moderna e foi recrutado pela Universidade de Toronto em 2018 para preencher uma das vagas do Programa de Pesquisa Canadá 150, criado pelo governo do país para “melhorar a reputação do Canadá como um centro global de ciência”.
O cientista mexicano disse à Agência EFE que o projeto “tem o potencial de mudar a ciência como a conhecemos agora”.
“Este ano nos mostrou que rapidamente tem crescido o impacto da inteligência artificial no mundo desde o lançamento de plataformas populares como o ChatGPT. Da mesma forma, a robótica está avançando a passos largos”, disse ele.
“Combinar essas duas tecnologias para fazer descobertas na ciência é o objetivo desses laboratórios ‘sem operador’, cujas decisões são simplificadas por sistemas de inteligência artificial e executadas por robôs”, explicou Aspuru-Guzik.
“Junto com os seres humanos, esses sistemas prometem acelerar a descoberta científica e, assim, nos ajudar a descobrir novas moléculas e materiais para aplicações em energia limpa, medicina e outros campos”, acrescentou.
De acordo com a Universidade de Toronto, os laboratórios autônomos a serem desenvolvidos por Aspuru-Guzik acelerarão o desenvolvimento de novos medicamentos, plásticos biodegradáveis, cimento de baixo carbono e energia renovável, entre outros projetos.
Estima-se que os SDLs reduzirão o tempo e o custo de produção de novos materiais de 20 anos e US$ 100 milhões (R$ 500 milhões) para um ano e US$ 1 milhão (R$ 5 milhões).
No início deste ano, Aspuru-Guzik demonstrou as possibilidades de seu conceito ao descobrir um possível medicamento para combater o câncer de fígado em apenas um mês usando IA. Sem ela, esse tipo de trabalho normalmente leva de seis meses a um ano.
O cientista mexicano, que antes de chegar a Toronto era professor da Universidade de Harvard (EUA), confessou à EFE a importância pessoal da bolsa concedida pelo Canadá ao seu projeto.
“Este momento é muito importante porque confirma a decisão positiva que foi para mim emigrar pela segunda vez. Primeiro, fui do México para os EUA, depois dos EUA para o Canadá, onde estamos fazendo grandes coisas. Sinto-me como se estivesse na feira de ciências mais importante de minha vida”, disse ele.
O financiamento do Consórcio de Aceleração de Aspuru-Guzik faz parte de um investimento de US$ 1,026 bilhão (R$ 5,130 bilhões) anunciado nesta sexta-feira pelo governo canadense para apoiar 11 grandes iniciativas de pesquisa nas universidades do país.
Os projetos vão desde a navegação limpa no Ártico até o desenvolvimento de terapias gênicas e de processos de redução de emissões de carbono na atmosfera.
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